Emily:
Sabia que Alfred estava à espreita, minha terapeuta havia me alertado que ele não desistiria tão fácil levando em consideração seu temperamento ridículo de homem que sente prazer em caçar e perseguir. Eu não estava mais aguentando, desde que nos divorciamos, Alfred tem transformado a minha vida em um inferno. Isto é, desde que eu pedi o divórcio, porque esse idiota ignorou e não assinou, dessa forma continuávamos casados, e eu continuava fugindo dele.
Era obrigada a sempre mudar os horários das minhas consultas na terapeuta, para assim despistar Alfred. Era a única maneira que encontrava para seguir com meus afazeres sem as suas perturbações constantes.
Naquela terça-feira, agendei a consulta para às sete da noite. Cheguei adiantada, ofegante com a sensação paranoica incômoda que meu ex estava me perseguindo, como sempre. E então eu me deparei com a sala da recepção do consultório em breu completo.
- Olá??
Por um instante, imaginei que os doutores haviam partido e esqueceram o local aberto.
Procurei pelo interruptor, tateando as paredes brevemente, não achei e acabei tropeçando em um pedaço do tapete. Resmunguei um xingamento e optei por abrir as pesadas cortinas, talvez a iluminação do Sol poente entrasse na sala.
Bastou abrir uma pequena fresta, os fachos alaranjados se alongaram através da recepção. A escuridão foi quebrada e nesse instante eu o vi. Não estava sozinha... Havia um homem sentado à uma poltrona ao canto, usando fones de ouvido estilo anos 90 e concentrado com a leitura de um livro em mãos. Espera, como ele enxergava o livro naquela penumbra??
Assim que a iluminação o atingiu, o homem fechou o livro, tirou o fone da cabeça e me fitou com seus enormes olhos, tão profundos que pareceu arrancar minha alma em um único instante. Isso tudo aconteceu rápido e me fez paralisar.
- Fecha!
Mesmo sem conhecê-lo, eu o obedeci de prontidão. Não entendia o porquê, a maneira como mandou eu fechar a cortina exerceu um estranho comando em mim. E novamente a sala mergulhou na escuridão.
- Desculpa, eu... eu não tinha te visto. - expliquei confusa.
Passado o susto, tentei me aproximar com cautela.
Estiquei os braços e apalpei os sofás aos arredores. Sentei-me e esperei que a vista se acostumasse. Eu e ele nos mantivemos em silêncio. O desconhecido estava ali, perto de mim, e pouco a pouco a sua silhueta ganhava formas adiante de minha visão.
Distinguia os traços de seu rosto e uma anormal curiosidade me afetou, eu precisava entender. Como ele enxergava o livro no escuro? Por que estava no escuro? Por que usava fones de modelo antigo? Ele ia passar no terapeuta também?
No breve segundo que o vislumbrei ao abrir a cortina, tive a certeza de que era o rapaz mais lindo e excêntrico que já vi em toda a minha vida.
- Não queria me meter, mas já me metendo... - comecei e me arrependi, minha voz pareceu outra no silêncio. Pigarreei sem jeito. - Eu também prefiro o escuro... Você tem algum problema com a luz?
Ele demorou um pouco pra responder.
- Tenho heliofobia e alguns outros problemas. - disse e eu identifiquei um sotaque exótico, que endurecia nas sílabas.
- Heliofobia?
- Medo da luz do Sol... - explicou.
- Ah, por isso tá aqui, para o tratamento...
- Porém, acredito não ter solução.
- Você deve ter uma grande falta de vitamina D. - comentei, aliviada que a conversa fluiu apesar das circunstâncias.
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Obsessão de Sangue || Bill Skarsgård ✓
UpířiDARK ROMANCE+18 William acredita ser um vampiro, essa condição se chama Síndrome de Renfield. Desde que foi diagnosticado, tem vivido uma constante ambiguidade entre a realidade e fantasia. Ao conhecer Emily, uma mulher intensa e sensível, cheia d...