XVII. Estou Sangrando pra Você

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Emily:

Comecei a entrar na banheira permitindo que a água quente e agradável tocasse e envolvesse minha pele, aquecesse meu corpo e relaxasse os músculos. Sentei e recostei a nuca na beirada. Fechei os olhos e dei um demorado suspiro sobrecarregado de comoções, havia um pranto encarcerado em meu âmago.

Mergulhei a cabeça por alguns instantes buscando em mim a razão dessa profunda tristeza, era William.

Ele estava estranho. Me perguntava o que acontecia? O que eu fiz? Mal me olhou desde que cheguei, me evitou, fugiu de mim. Esse comportamento fazia eu me sentir um lixo, fazia eu perceber que incomodava, que não era bem-vinda, e o meu maior temor veio à tona: o pavor de ser abandonada.

Aparentemente, ele só queria transar comigo. Sugar meu sangue e se aproveitar de mim. Feito isso, restou me "aturar", por educação. Voltei a cabeça para acima do nível da água e as inevitáveis lágrimas surgiram. Era o que mais me torturava... ser rejeitada. E era exatamente isso o que ele estava fazendo. Doía tanto!!

O choro surgiu pesado, árduo, excruciante, interrompendo minha respiração com soluços, e eu chorei como uma criança, desamparada. Queria ir embora, e ao mesmo tempo, queria ficar. Queria que fosse diferente... Por que fui tão burra?? Por que me permiti apaixonar, desse jeito?? Agora era tarde... não conseguia me imaginar sem ele, e a tristeza que isso trazia era tanta que eu tive vontade de rasgar meu peito e arrancar o coração fora.

Quando percebi que estava limpa o suficiente, após lavar os arranhões e a sujeira de terra, me levantei e deixei a água escorrer. Torci com suavidade meu cabelo. Apanhei uma toalha que estava pendurada e me enxuguei, ainda sem parar de chorar. Coloquei um absorvente limpo na calcinha e fiquei sem saber o que fazer. Como colocaria o vestido sujo e rasgado?

Pensei que era melhor falar com ele. Cobri o corpo com a toalha à altura do busto e me retirei do banheiro, com os cabelos úmidos às costas. Encontrei William sentado na cama, tenso com os cotovelos apoiados na coxa, batendo com o pé no chão, impaciente. Quando me viu, endireitou a postura e me olhou com certo tormento. Me aproximei devagar e com receio, percebendo que a sua pele branca reluzia à iluminação, ele transpirava.

- William... eu... - a voz saiu amolecida, engoli saliva e me concentrei para não parecer dramática. - Sinto muito, mesmo. Eu sou uma idiota. Vou embora, tá bom? - merda, doía demais, as lágrimas desciam sem meu controle. Levei os dedos à bochecha e enxuguei com pressa e raiva por transparecer fraqueza. - Só me empresta uma roupa sua, depois te devolvo. Não quero recolocar o vestido sujo.

Enquanto eu falava, William se levantou e me encarou, analisou atentamente meu rosto.

- Você está chorando?

- N-não.

- Está sim. O que foi?

- Bobagem minha, esquece.

- Emily... Você quer mesmo ir embora?

- Não quero ir embora. - o choro desandou, era mais difícil e humilhante diante dele. Ver seus traços impecáveis e seus olhos indecifráveis me observando, me transformava em algo tão pequeno, tão necessitado. - Não quero, William! Você não sabe como eu tava péssima no hospital! Desculpa... Nem era pra eu ter recebido alta, eu recebi porque insisti muito com o doutor, e ele me liberou, porque eu precisava... precisava te ver! Mas eu sou burra! Uma burra porque você me odeia!

Obsessão de Sangue || Bill Skarsgård ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora