XXII. Sequestradas

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Emily:

Meus pensamentos nebulosos não permitiam chegar a uma conclusão de qual atitude tomar. Eu desejava fugir, sair correndo daquela casa no estado que estava (doente e fraca) pra procurar ajuda por mim e por minha irmã. E ao mesmo tempo, queria ficar, porque sentia que me afastar de William simbolizava o fim definitivo. A parte que almejava ficar era potencialmente maior. Mas, eu estava decepcionada... ao conhecer Marília, me dei conta que ele mentiu, me enganou, inventou uma imagem que não correspondia. Foi como despertar pra realidade.

- O que é isso? - perguntou ao me ver segurando a mochila contra o peito. Terminava de cobrir a sepultura. Enfiou a pá contra a terra e se aproximou limpando as palmas na calça.

Fiquei alguns segundos pensando no que responder. Olhei para ele, confusa.

- Eu... Eu achei essa mochila na terra... - expliquei e entreguei. - É sua?

William a pegou e abriu, analisando de cenhos franzidos. Esperei para ver o que ele diria, se mentiria novamente.

- Não é minha. Tsc... - pressionou a testa com a ponta dos dedos, como se lembrasse de algo desagradável. - É da menina que a Marília pegou.

- Como assim "pegou"?

- Vou explicar... Desde que te conheci, o sangue de Marília começou a ficar desagradável pra mim, não sei o porquê. Até o momento que se tornou insuportável.

- Onde a menina entra nisso?

- Ela sequestrou uma garota pra mim.

- Como?? - indaguei incrédula. - Espera... a Marília sequestrou uma pessoa pra você? Pra que, exatamente?

- Pra eu me alimentar, beber o sangue, já que o dela não prestava mais. - disse e me devolveu a mochila. - Ela estava com ódio, ciúmes de você, não sei. Ela encontrou essa menina e trouxe pra cá, achando que poderia te substituir.

Eu não podia acreditar... Havia enviado minha irmã para uma dupla de malucos, como não compreendia o risco que William representava??

- E você bebeu o sangue dessa menina??

- Sim. Não é como o seu, mas...

- William! - exclamei agoniada. - Meu deus... Ela tá aqui ainda??

- Está sim, por que? - perguntou meio assustado com minha reação.

Era como se toda a negligência e ofensas que causei contra Lola voltassem numa avalanche sobre mim, em sinal de culpa.  Irritada com a maneira como ele falava, quase desdenhoso a respeito da vida de Lola, joguei a mochila contra o seu peito. Ao ser atingido, William arregalou os olhos e deu dois passos pra trás, sem entender nada.

- É a minha irmã! - gritei.

- Que??

- Ela veio aqui, porque eu pedi! Eu tava no hospital, preocupada com você porque a polícia me interrogava toda hora, tava com medo, implorei pra Lola vim aqui até a sua casa te alertar, já que eu não podia sair de lá sem levar alta!

- Emily... eu... - ficou sem fala, encaixando os fatos. - Eu não sabia. Juro que se eu soubesse que era sua irmã, eu não teria encostado nela.

- O que você fez com ela??

- Eu não fiz nada! - respondeu rápido antes que eu pensasse algo. - Eu não queria nada! A Marília  me provocou, eu estava faminto e...

- Eu fui tão cega! - exclamei interrompendo. Segurei minha cabeça, enfiando os dedos entre os fios de cabelo, quase puxando com raiva de mim mesma. - Eu me apaixonei por você, perdidamente... e não enxerguei quem você era... William, você é um monstro!

Obsessão de Sangue || Bill Skarsgård ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora