X. Quid pro Quo

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Emily:

A faísca das suas orbes verdes e profundas eram como combustível pra mim, apesar de assustada, estava tão envolvida que me cortaria prontamente com o estralar de seus dedos, somente para ceder todo o meu sangue pra ele.

Tudo ficou mais insano quando ele se adiantou para perto em um sobressalto, ajoelhando no carpete à minha frente, de forma que apoiou as mãos nos braços da minha poltrona. Um rubror intenso se espalhou pelas minhas bochechas ao me dar conta que estava "presa" e vulnerável. Afundei no encosto por inteiro e arregalei os olhos.

- Como está o seu corte de sexta? Aquele que fez pra mim. - perguntou me encarando, fazendo minhas emoções se dilatarem.

Tentei soltar a respiração que eu nem percebi que estava presa, e retirei devagar o curativo de cima da abertura feita há dias atrás. Mostrei pra ele a lesão que quase cicatrizava.

- A ferida tá fechando. - falei.

- Onde mais costuma se cortar? - questionou segurando com suavidade meu braço, analisando.

- Por que? Você não quer cortar meu braço?

- Não tem mais espaço pra tanta cicatriz. Você deve ter outro lugar que costuma fazer.

Hesitei com dificuldade. Então me lembrei que costumava ferir a perna. Como eu mostraria minha perna pra ele, naquela circunstância?? Usava um longo vestido preto, era decotado na parte superior, a parte inferior possuía a saia volumosa.

- Eu costumo... cortar minha coxa, as vezes. - expliquei com um sorrisinho sem esperanças, torcendo para que ele desistisse da ideia e voltássemos a recitar Byron como fazíamos antes.

William arqueou uma sobrancelha e deu um sorriso mínimo mas muito perceptível.

- Me mostra, Emily.

Que merda, só aquele sorriso me destruiu, e essa "ordem" no tom de sua voz e no seu sotaque, foi demais pra minha cabeça. Algo dentro de mim estremeceu inteiro, me ajeitei confusa e peguei a barra da saia, puxando devagar pra cima.

Não o fiz de maneira sedutora, mal conseguia encará-lo. Estava tensa e robótica. Quando a saia do vestido chegou ao quadril, me coloquei à beirada da poltrona e entreabri as coxas para que ele visse as  cicatrizes que ficavam próximos da virilha.

Como estava ajoelhado ao carpete, ficou entre meus joelhos e com certeza pôde ver minha calcinha, que era rendada e preta.

Nessa hora eu me perguntava se seria muito insensível empurrá-lo e sair correndo, no entanto, esse ato ficou no pensamento, jamais teria coragem ou atitude pra isso. Continuei estática com os dedos apertando o tecido.

William ficou com a respiração irregular, ansioso. Parecia uma fera observando sua presa. Estiquei o braço e coloquei a lâmina, que eu ainda segurava em mãos, adiante de seu rosto. Ele piscou e fez menção de pegá-la, mas depois mudou de ideia.

- Corta pra mim. Eu quero que você faça. - disse.

Eu desci o objeto metálico e afiado e toquei a pele branca e lisa, prestes a fazer. Porém, vacilei e não o fiz, me dando conta do absurdo.

Eu realmente ia me cortar assim, sem mais nem menos, só porque ele queria?? Franzi o cenho e parei tudo, muito séria e decidida dessa vez.

- Não.

Ele respirava pesado esperando. Quando recusei, levantou o olhar pra mim, confuso.

- O que?

- Me fala antes... Quantos anos você tem? Eu vim aqui pra gente conversar e eu conhecer sua história. Então, me diga sua idade, e se for um vampiro, quantas décadas ou séculos?

Obsessão de Sangue || Bill Skarsgård ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora