Capítulo 19 - Dias de luta!!

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Depois de minha conversa com Ben me senti mais confiante.

Acordei cedo no dia seguinte imprimi alguns currículos e decidi ir ao centro da cidade entregar em algumas lojas. Pensei em chamar Ben para ir comigo mas ele ainda não tinha currículo pronto então decidi ir sozinha. Fazia tempo que não saia só e achei ser uma boa ideia.

Quando sai de casa Ben ainda estava dormindo, então deixei um bilhete na porta da geladeira e sai.

Meus pais me deram carona até o centro da cidade e depois foram para sua loja. Eles tinham uma papelaria mas não estava indo muito bem, por isso eu achei melhor procurar um emprego em um local diferente para poder ajudá- los com as contas de casa.

Me arrependi um pouco quando saí do carro e percebi que estava muito calor nesse dia. Mas estava determinada e não ia deixar isso me incomodar.

Passei em algumas lojas ambas disseram que não estavam contratando mas que eu poderia deixar meu currículo para se caso eventualmente eles fossem contratar.

Passei perto de uma perfumaria que tinha um cartaz grande na porta dizendo que estavam contratando, ao entrar na loja que era um tanto quanto sofisticada percebi alguns olhares das funcionárias mas ignoro e vou direto a moça que está no balcão.

Abro um largo sorriso e digo.

— Olá! Posso deixar meu currículo com você ?

A moça levanta a cabeça do computador e me olha nada animada.

— Está com foto ?

—Oi ?

—Seu currículo está com foto ? Nós só aceitamos currículos que estão com foto.

— Ah não! Meu currículo é simples.

— Então não posso aceitar. Normas da casa.

Ela me deu um sorriso forçado assim voltando sua atenção ao computador.

Agradeci e me retirei da loja ainda sentindo olhares sobre mim.
É uma loja muito bonita, logo já devia imaginar que existe um padrão para trabalhar aqui mas tudo bem, não vou deixar isso me abalar.

Sigo por mais algumas lojas e algumas delas realmente estavam contratando, com um sorriso e simpatia deixei meu currículo em todas elas.

Minha cabeça já começa a doer pois o sol estava ainda mais quente.

Restava apenas um currículo para ser entregue e vi que uma loja de roupas continha uma placa informando que também estava contratando.

Coloco confiança em meus passos e sigo determinada para a loja, mas percebo uma movimentação estranha na praça que fica em frente a ela.

Ao chegar mais perto percebo que são adolescentes rindo e brincando, já passa do meio dia então eles provavelmente acabaram de sair da escola.

Meu coração acelera e tento passar rápido por eles, tentando ao máximo ser invisível, mas não funciona. Um garoto que estava fumando me nota e grita.

—Ei gordinha, para onde vai com tanta pressa ?

—Pelo jeito que está correndo deve tá indo comer um hamburgão de almoço.

Diz um outro rapaz todos caem na gargalhada, principalmente as meninas.

—Ei bujãozinho responde para onde está indo ?

Dessa vez foi uma das meninas que disse em meio a risadas . Tento me manter calma, mas meu rosto queima e meus olhos enchem de água.

Não consigo enxergar direito a acabo tropeçando no ladrilho da rua.

Obviamente eles perceberam e riram ainda mais alto, como hienas extremamente escandalosas.

—Cai não fofnha, se você cair vai fazer um terremoto daqueles.

Passo direto pela loja com o som das risadas pelos meus ouvidos. O currículo na minha mão está amassado, então apenas o jogo no chão e sigo meu caminho. Entre lágrimas e as batidas do meu coração no meu ouvido, sigo o caminho de casa.

Não me pergunte como mas eu cheguei. Nesse momento estava presa dentro de minha mente.

Escuto Ben falar comigo mas não compreendo o que ele fala. Entro no meu quarto e tranco a porta.

Não consigo respirar direito, uma mão parece apertar minha garganta impossibilitando o ar de entrar em meus pulmões.

Crise, estou tendo uma crise.

Fico tonta com a sensação de desmaio, sento na cama ligo o ventilador em frente ao meu rosto, com minhas mãos tremendo ligo para minha mãe. Ela não atende. Sinto meu corpo adormecer e o ar fica cada vez mais difícil.

Escuto Ben do outro lado da porta mas ainda não compreendo o que ele diz. Teclo o número de minha mãe novamente, mas antes dela atender eu caio no chão.

Acordo alguns minutos depois com Ben no meu quarto, não sei como ele conseguiu entrar, ele está agachado ao meu lado falando comigo, é difícil manter meus olhos abertos, meu coração continua acelerado e minha cabeça lateja.

Apago novamente.

Acordo dessa vez com minha mãe ao meu lado, seu olhar preocupado não desgrudava de mim então ela soube exatamente o que fazer.

Ela me abraçou e eu chorei, chorei alto e desesperado. Foram alguns minutos de muitas lágrimas e aos poucos eu me acalmei, logo meu pai também entrou no meu quarto trazendo um copo de água e meu remédio, o meu SOS.

Depois de tomá- lo, minha mãe me ajudou a deitar na cama, ela se sentou do meu lado e vi meu pai e Ben na porta ambos me olhando com olhos preocupados. Poderia dizer que meu pai chorava também.

Com o vento do ventilador me refrescando e o cafuné de minha mãe o sono vem e acabo dormindo. Obrigada SOS.

Um presente do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora