Capítulo 21 - Um abraço apertado!!

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Quando acordei já era outro dia, era por volta das 6 horas da manhã e todos estavam dormindo ainda. Levantar da cama foi uma tarefa difícil, meu corpo todo doía como se tivesse sido atropelada. Com muito esforço tomei banho e ao sair do banheiro encontro meus pais na cozinha preparando o café da manhã.

Minha mãe vem até mim e me dá um beijo na testa, meu pai faz o mesmo mas me dá um abraço apertado.

— Como está se sentindo Moranguinha ?

— Todo meu corpo dói. Mas estou bem.

— Fizemos panquecas, quer algumas filha ?

— Agora não mãe, mas tarde eu como.

— Precisa se alimentar Morg, está desde ontem sem comer.

— Eu sei mãe, só quero ficar deitada mais um pouco e quem sabe meu corpo melhora.

Dou um singelo sorriso e volto para meu quarto. Sei que não é a resposta que eles queriam, mas é o que eu preciso.

Pego meu fone de ouvido e ponho uma música no último volume. Acabo pegando no sono novamente. Acordo escutando batidas na minha porta, mesmo estando de fone eu escutei, pareciam incessantes.

— Pode entrar!

Me surpreendi ao ver Ben na porta meio sem jeito.

— Você está bem ?

—Estou, meu corpo já não dói tanto.

— Isso é ótimo. Seus pais já foram e me pediram para ficar de olho em você.

Olho a hora do celular e já são 10 horas da manhã.

— Acho que perdi a noção da hora.

— O que é isso em seus ouvidos ?

— Isso ? É um fone de ouvido. Uso para ouvir música.

— Música ? Eu amo música!

Ben parecia empolgado mas ainda estava parado na porta meio esquisito.

— Sério ? Eu também amo. Sente aqui para ouvir um pouco.
Ben me olha preocupado.

— O senhor Aldo disse que não posso.

Ele parecia um animalzinho fofo que queria fazer bagunça mas foi repreendido.

— Eu não vou contar a ele. E é por um bom motivo, você vai ouvir música.

Parece que o convenci já que ele entrou e se sentou delicadamente em minha cama.

— Então é só colocar no ouvido e o som sai ?

— Isso mesmo. Aqui!

Coloco um lado no seu ouvido e ele ouve atentamente.

— Isso é incrível. — Um largo sorriso aparece em seu rosto. — Qual o nome dessa música ?

— I Have a Dream do Abba!

Ben escuta mais um pouco da letra.

— E você acredita ?

— Em que ?

— Em anjos ?

Ben agora olha diretamente em meus olhos.

— Acredito! Quer dizer... Tem muita coisa que não sabemos sobre nossa existência e nossa vida aqui na terra, então eu acho que acredito sim.

Alguns segundos se passam e estamos nos olhando nos olhos. Ben parecia me analisar, pensando se gostava ou não da minha resposta.

Eu não sei dizer, mas ali naquele instante com Abba tocando no fundo eu podia dizer que existia uma energia quase palpável no ar.

O primeiro a desviar o olhar foi ele, seus olhos agora miravam em minha boca e ele parecia mais próximo do que nunca.

Somos despertados do transe quando escuto a campainha de casa tocar e Scooby latir. Percebo que estava prendendo a respiração e engulo em seco.

Levanto rapidamente da minha cama e saio do quarto deixando Ben lá sentado feito uma estátua.

— Quem é ?

Digo atendendo o interfone.

— Sou eu Morg!

Era a voz de Augusto, droga Gus eu te amo mas precisa aparecer logo agora.

Abro o portão e logo vejo meu amigo que vem correndo me dar um abraço.

— Como você está ? Fiquei sabendo da crise de ontem. O que aconteceu?

— Minha mãe te contou ? Ela não precisava te incomodar com isso.

— Precisava sim, na verdade quem tinha que ter em contado era você, garota. Me diga se está bem ?

— Ela está bem! — Dou um pulo me assustando com Ben ao meu lado, ele havia chegado e eu nem percebi. — Estou tomando conta dela como Dona Ivana me pediu.

Ben sorria, como se o fato de eu estar bem fosse graças a ele (e talvez realmente fosse).

— Ok...

Gus me olha e eu apenas ergui os ombros sem saber o que dizer.

— Vai me dizer o que houve ?

Acenei que sim com a cabeça. E todos nós sentamos. Ben se sentou ao meu lado fazendo com que Gus tivesse que se sentar na poltrona.

— Fui levar alguns currículos no centro da cidade e encontrei alguns adolescentes no caminho.

Paro de falar ao sentir meus olhos arderem novamente. Não quero lembrar disso.

— Já posso imaginar o que houve. Eu juro Morg que se eu pudesse te botava em um potinho para te livrar de todos esses monstros.

— Monstros ?

Ben pergunta curioso.

— Sim, alguns chamam de adolescentes, outros chamam de jovens, eu prefiro a primeira opção: monstros.

— São tão ruins assim ?

Ben pergunta dessa vez olhando para mim.

— Nem todos, mas a maioria são seres cruéis e sem compaixão.

— Senhor. Espero nunca encontrar um.

— Eu também.

Eu e Gus dissemos em uníssono.

– Podia ter me chamado para ir junto Morg.

— Eu sei Gus, mas queria tentar ir sozinha e não queria te incomodar.

— Você sabe que não me incomoda, você é minha irmãzinha. Chata e bobinha.

Augusto se levanta e vem me dá um abraço apertado, sinto o abraço ficar mais apertado ainda e vejo que Ben está junto. Eu e Gus nós olhamos e sorrimos apreciando nosso abraço em trio.

Um presente do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora