Capítulo 34 - Um beijo com sabor de chuva!

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O casamento foi lindo, nossa prima estava incrível com seu vestido sereia. Quando a marcha nupcial começou e ela entrou foi emocionante demais, não vou negar que chorei um pouco mas graças a minha mãe que usou produtos à prova d 'água eu ainda estava impecável.

A cerimônia já havia se encerrado e já estávamos no salão de festas sentados em nossas mesas comendo aperitivos. Tudo ia tranquilamente, a comida estava gostosa e as músicas eram boas.

Foi quando uma tia de minha mãe se aproximou de nós. Fazia anos que não a víamos, então minha mãe ficou muito contente ao reencontrá-la. Elas se abraçaram e começaram a conversar.

— Essa moça e sua filha Ivana ?

— Sim, tia, é minha filha Morgana.

— Olá lindinha, quase não te reconheci. Da última vez você era apenas um neném rechonchudo.

Ela me abraça apertado e me deixa um pouco sufocada.

— É um prazer conhecer a senhora.

A noiva nesse momento chama meu pai e minha mãe para tirar foto com eles.

— Já voltamos.

Fico sozinha à mesa com Ben e a tia de minha mãe em pé ao meu lado.

— Quem é o rapaz ?

— Um amigo meu.

— Pensei que fosse seu namorado.

Sorri sem graça já sabendo onde esse assunto irá nos levar.

— Sabe que os homens sempre são muito exigentes, por isso nós mulheres sempre temos que estar perfeitas. Cabelo bem penteado, sempre perfumada e sem dúvidas ter cuidado com nosso corpo.

Bingo!

— Vi na internet essa semana um suco detox que promete te fazer perder dez quilos em uma semana. Talvez você deva tentar meu anjo. Você é muito jovem para estar assim. Precisa perder muito peso para assim conseguir um namorado. Se não, ficará para a titia.

Lágrimas aparecem deixando minha visão turva. Respiro fundo, tento contar até 10 mentalmente mas não consigo passar do 5.

Pensamentos intrusivos aparecem ao monte. "Será que mesmo estando arrumada e impecável como hoje o meu peso continua tão evidente?". Estou hiper ventilando.

Sinto uma mão suave no meu braço e ouço a voz de Ben.

— Eu estou aqui! Está tudo bem.

Olho para ele e as lágrimas rolam.
Não quero chorar na frente dele hoje, na verdade eu não quero chorar hoje.

Seco as lágrimas com minhas mãos e me levanto ficando mais alta que a senhora, ela dá um passo para trás.

— Eu posso não ser perfeita, posso não ter o cabelo mais bonito e nem o corpo mais escultural. Mas eu me conheço, eu sei o meu valor. E por mais que me digam coisas ruins eu sei que valho mais que qualquer aparência perfeita. A senhora com essa idade toda já devia saber por experiência própria que aparência não é o mais importante. E sim como um grande amigo me disse outra vez, quem somos e o que carregamos em nosso coração é o que realmente importa. Pode parecer clichê mas eu não quero e não preciso que alguém tão mal amada venha dar palpites em minha vida. Eu tenho a vida toda pela frente e não vou me prender a mais nada do que me dizem.

A mulher me olhava com uma carranca daquelas. Meu rosto queimava dessa vez não de vergonha mas de raiva.

Decido sair dali, preciso respirar ar puro.

Saio sem pensar exatamente onde estou indo, escuto minha mãe chamar meu nome mas não dou atenção. Apenas sigo andando entre tropeços, chego aos fundos do local e encontro um jardim todo iluminado por pequenas luzes. Era lindo demais, arranco as sandálias e as jogo no chão.

Olho atentamente cada pedaço daquele lindo jardim. Porque não havia mais ninguém ali, aquele local é perfeito.

— Está tudo bem ?

Olho para trás e vejo Ben, ele está ofegante e me olha preocupado.

— Porque está cansado ?

— Você andou rápido demais. Está bem ?

— Estou. Olha que lugar lindo.

Ben tira os olhos de mim e aprecia o lugar também.

— Uau, incrível.

— Eu sei!

— Você também foi incrível! Lá dentro, eu ia te defender mas você nem precisou. Foi muito corajosa.

— Obrigada! Mas você nem imagina como eu estava tremendo.

Estávamos rindo quando sinto algo cair no meu rosto.

— Chuva ? Está chovendo!

— Quer entrar ?

— Pelo contrário!

Logo as gotas aumentam e a chuva cai para valer. Abro os braços e sinto como está gelada. Perfeita!

Eu realmente amo a chuva.

Deixei ela cair em mim, molhando meu cabelo e todo meu corpo.

— Isso é libertador.

Diz Ben que também estava com os braços abertos. Sua blusa antes branca agora está transparente e grudada à sua pele. Mostrando o tanquinho que ele escondia ali embaixo.

Escuto uma música que vinha lá de dentro do salão, estava começando a tocar A Thousand Years da Christina Perri, tema de Crepúsculo. Outro filme que eu amava e passará a adolescência toda assistindo com Gus.

— Quer dançar comigo ?

Pergunto a Ben.

Ele sorri e afirma com a cabeça.

Dou minha mão direita a ele que a pega e beija delicadamente. Suas mãos vão na minha cintura e eu passo os braços pelo seu pescoço.

— Isso é uma vibe tão Edward e Bella.

— Quem são ?

— O casal de um filme que gosto. Vamos assistir qualquer dia desses.

— Tem uma cena assim ?

— Quase!

— E o que acontece ?

— Ela pede para ele morder o pescoço dela.

Ben para e me olha engraçado.

— É uma longa história. Mas você não precisa morder o meu... Se não quiser.

— Talvez eu queira.

Estávamos encharcados de chuva, dançando lentamente e o calor apareceu. Dessa vez não tentei apagá- lo. Deito minha cabeça sobre seu ombro.

— Obrigada por ter aparecido na minha vida Ben. Você praticamente caiu de paraquedas para mim. —Ben dá uma risadinha. Paro de dançar. — Tá rindo de mim ?

— Se você soubesse de tudo, entenderia. Mas você tem razão, era para isso acontecer, era para estarmos aqui e era para ter conhecido você. Sem dúvidas não é uma punição e sim uma linda benção.

A chuva engrossa ainda mais, quase não consigo mais ouvir a música que vinha lá de dentro. Parecíamos isolados no nosso mundo, nós dois no paraíso.

Me perdi em seus olhos que estão fixos nos meus e sem perceber vamos nos aproximando. Consigo sentir sua respiração, meu coração está muito acelerado, nossos rostos estão próximos demais, tanto que bastou apenas um pequeno movimento e então nossos lábios se tocaram.

Suave, delicado e amoroso. Logo que nós acostumamos com o toque conseguimos fazer alguns movimentos mas sempre com muita sutileza.

Obviamente eu não sabia como fazer e pelo o que conhecia Ben também não. Mas mesmo assim foi perfeito. Nós nos afastamos ao mesmo tempo completamente ofegantes.

— Aparentemente não dá pra respirar enquanto beija.

Digo sem nem pensar muito. Sério Morgana, piada de tiozão a essa hora.

Ben sorri e encosta sua testa na minha. Conseguia sentir o calor de sua pele, mesmo estando encharcados pela chuva estávamos quentes.

Ficamos ali por mais algum tempo, entre beijos e pingos de chuva nos sentimos completamente completos.

Um presente do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora