— Como é ? — Minha mãe grita ao telefone, acho que não devia ter contato por ligação que Ben havia voltado. — Eu e seu pai estamos indo para casa.
— Mãe, Gus está aqui, não precisa fechar a loja cedo.
— Eu não me importo em fechar cedo a loja, só fique ao lado do Augusto até quando chegarmos aí.
— Mas mãe...
A ligação se encerra antes que eu consiga contestar.
— Acho que ela não aceitou muito bem, né ?
Gus me pergunta mais já sabendo a resposta. Balanço a cabeça em negativo já imaginando o quanto vou escutar daqui a alguns minutos.
— Então para passar o tempo vamos ver televisão.
Gus aperta o controle e a televisão liga, Ben que ainda estava sentado na poltrona dá um pulo assustado quase deixando o pote cair no chão.
— Senhor, o que é isso ?
— Calma cara, é só uma televisão.
— Televisão ?
— Isso, nunca tinha visto ?
Ben nega com a cabeça e os olhos arregalados.
— Como pode tal coisa ?
— Não é nada demais, é um aparelho eletrônico que transmite imagem e som. Agora por exemplo está passando as notícias do país.
Tento explicar delicadamente apesar de nunca ter me imaginado explicando algo tão simples.
— O que acontece se eu tocar ?
— Nada, ela só funciona com o controle remoto. Olha só!
Gus aperta o controle que muda de canal e vai para um filme de ação, sons de tiros saem da TV e o pote antes nas mãos de Ben dessa vez vai ao chão e ele corre para se sentar ao meu lado.
Eu quase conseguia ouvir seu coração batendo de tão assustado que ele estava.
— Tá tudo bem. Isso é um filme não irá te acontecer nada.
— É cara, é só um filminho de guerra. Ele é até legalzinho.
— Filme sobre guerra ? Como pode algo ser legal sobre isso ? Pelo o que estudei guerras só trouxeram dor e demasiadas almas partiram. Sangue jorrava e pessoas sofriam.
Gus engole em seco sua saliva.
— Você tem razão, nunca mais vejo essa porcaria.
Ele muda de canal decidido e volta ao jornal de antes.
Ben agora já recomposto pega seu pote do chão e se senta novamente.— Aqui me dê o pote que irei guardar!
Tento pegar o pote de suas mãos mas ele se encolhe me impedindo de pegar.
— Não, isso foi um presente da dona Ivana. Sou agradecido e irei cuidar dele.
— Mas e o bolo que estava dentro, você comeu ?
— Sim, estava delicioso.
— Então não tem mais porque ficar segurando já que está vazio.
— Devemos ser gratos pelos nobres gestos que nos são dados. Irei cuidar desse pote para sempre.
— Amiga, ele se apegou ao pote. Uma mistura de fofura e loucura, sua cara isso.
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Um presente do céu
FantasiMorgana é uma jovem tranquila, sua vida se baseia em ficar em casa com seu cachorro Scooby e fazer macarrão com carne moída. Tudo estava tranquilo, ela cumpria suas tarefas de casa e evitava ao máximo contato com estranhos. Uma verdadeira vida pacat...