Capítulo 16 - Ninguém toca no meu pote!

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— Como é ? — Minha mãe grita ao telefone, acho que não devia ter contato por ligação que Ben havia voltado. — Eu e seu pai estamos indo para casa.

— Mãe, Gus está aqui, não precisa fechar a loja cedo.

— Eu não me importo em fechar cedo a loja, só fique ao lado do Augusto até quando chegarmos aí.

— Mas mãe...

A ligação se encerra antes que eu consiga contestar.

— Acho que ela não aceitou muito bem, né ?

Gus me pergunta mais já sabendo a resposta. Balanço a cabeça em negativo já imaginando o quanto vou escutar daqui a alguns minutos.

— Então para passar o tempo vamos ver televisão.

Gus aperta o controle e a televisão liga, Ben que ainda estava sentado na poltrona dá um pulo assustado quase deixando o pote cair no chão.

— Senhor, o que é isso ?

— Calma cara, é só uma televisão.

— Televisão ?

— Isso, nunca tinha visto ?

Ben nega com a cabeça e os olhos arregalados.

— Como pode tal coisa ?

— Não é nada demais, é um aparelho eletrônico que transmite imagem e som. Agora por exemplo está passando as notícias do país.

Tento explicar delicadamente apesar de nunca ter me imaginado explicando algo tão simples.

— O que acontece se eu tocar ?

— Nada, ela só funciona com o controle remoto. Olha só!

Gus aperta o controle que muda de canal e vai para um filme de ação, sons de tiros saem da TV e o pote antes nas mãos de Ben dessa vez vai ao chão e ele corre para se sentar ao meu lado.

Eu quase conseguia ouvir seu coração batendo de tão assustado que ele estava.

— Tá tudo bem. Isso é um filme não irá te acontecer nada.

— É cara, é só um filminho de guerra. Ele é até legalzinho.

— Filme sobre guerra ? Como pode algo ser legal sobre isso ? Pelo o que estudei guerras só trouxeram dor e demasiadas almas partiram. Sangue jorrava e pessoas sofriam.

Gus engole em seco sua saliva.

— Você tem razão, nunca mais vejo essa porcaria.

Ele muda de canal decidido e volta ao jornal de antes.
Ben agora já recomposto pega seu pote do chão e se senta novamente.

— Aqui me dê o pote que irei guardar!

Tento pegar o pote de suas mãos mas ele se encolhe me impedindo de pegar.

— Não, isso foi um presente da dona Ivana. Sou agradecido e irei cuidar dele.

— Mas e o bolo que estava dentro, você comeu ?

— Sim, estava delicioso.

— Então não tem mais porque ficar segurando já que está vazio.

— Devemos ser gratos pelos nobres gestos que nos são dados. Irei cuidar desse pote para sempre.

— Amiga, ele se apegou ao pote. Uma mistura de fofura e loucura, sua cara isso.

Um presente do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora