Já fazem alguns dias que recebi alta do hospital, ainda tinha algumas dificuldades como o fato do meu braço estar engessado. Mas para minha sorte o inverno havia chegado, então podia passar o dia todo debaixo da coberta.
Talvez fosse por causa do clima mas eu não tinha ânimo nenhum, as vezes me batia uma tristeza enorme. Eu ficava tentando entender de onde ela vinha mas não achava o motivo.
Minha mãe vinha na porta do meu quarto várias vezes ao dia. Ela agora ficava em casa cuidando de mim enquanto meu pai ia para a loja. Eu não queria deixá-la preocupada, mas eu não estava me sentindo bem. Às vezes a tristeza era tão forte que eu chorava sem motivo.
— Filha, está tudo bem ?
Minha mãe aparece e trato de secar as lágrimas.
— Quer que eu pegue seu remédio para dor ?
— Não mãe, não estou sentindo dor.
— Então porque chora meu anjo ?
Ela faz carinho no meu cabelo e não consigo segurar as lágrimas.
— Mãe, você acha que eu fiquei com sequela ?
— Como assim Morgana ?
— Na minha cabeça mãe. Por causa da pancada eu posso ter ficado com sequela, né ?
— Não filha, o médico disse que você está ótima. Que você é um milagre.
— Então por que mãe ? Será que não tiraram por acidente um pedaço do meu cérebro ? Porque eu fico sentindo essas coisas ? Por que ?
Nesse ponto eu poderia facilmente me afogar nas lágrimas.
— Oh filha. Você passou por muita coisa desde o acidente. Talvez esteja com estresse pós-traumático. O que acha de marcamos com seu psicólogo ?
Paro de chorar um pouco. Estresse pós traumático podia realmente ser o motivo. Me acalmo e respiro fundo.
— Tudo bem, mas não quero sair assim.
— Assim como querida ?
— Meu cabelo tá estranho.
— Quer que eu corte para você ? Como nos tempos em que você era criança e tinha medo da cabeleira.
Consigo dar um sorriso fraco.
— Sim, corte a cima do ombro. E quem sabe assim consigo tirar de dentro de mim toda essa melancolia torturante.
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Um presente do céu
FantasyMorgana é uma jovem tranquila, sua vida se baseia em ficar em casa com seu cachorro Scooby e fazer macarrão com carne moída. Tudo estava tranquilo, ela cumpria suas tarefas de casa e evitava ao máximo contato com estranhos. Uma verdadeira vida pacat...