Capítulo 3 - A chuva te trouxe!

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Ele era pesado, um homem de quase 1,80 de altura encharcado de chuva não era fácil de carregar. Minha mãe afastou as almofadas e então deitamos ele no sofá. Enquanto recuperava o fôlego meu pai me olha estranho.

— Quem é ele ?

—Eu juro que não sei, levantei para tomar meu remédio de enxaqueca e escutei o Scooby latindo, quando saí para ver ele estava caído lá.

Ao lembrar do remédio percebo que a dor havia passado e estranhamente junto com ela a chuva também havia cessado.

— E da onde ele veio ?

—Eu não sei mãe, eu só achei ele caído.

—Tá vivo pelo menos ? Parece pálido.

Meu pai o analisava em modo alerta assim como Scooby estava antes.

—Ele abriu os olhos rapidamente, mas não sei se está machucado.
Devemos chamar a ambulância ?

—Vamos aguardar para ver se ele acorda, vá trocar de roupa, você está encharcada e eu vou trazer umas cobertas para aquecê-lo.

Obedeci minha mãe e o fiz.
Quando voltei a sala o rapaz estava empacotado de cobertas, só sua cabeça estava à mostra.

Meus pais estavam no quintal olhando milimetricamente cada lugar, tentando achar de onde ele havia vindo.

Parei para olhá-lo com cuidado.

Suéter de lã branco (o que não fazia sentido já que estávamos no verão),
calças brancas e pés descalços. O cabelo negro e liso estava encharcado.
Seus olhos eram puxados e sua pele apesar de agora meio pálida tinha uma melanina bonita.
Ele era bonito, tão bonito que acho que nunca tinha visto tanta beleza de perto.

Sem perceber cheguei mais perto dele e vi que seu rosto continha algumas pintas assim como o meu.

Eram menos que as minhas mas estavam lá, inclusive havia uma perto de sua boca que me chamava atenção mais do que as outras.

Quando me dou conta estou ajoelhada em seu lado encarando seu rosto.
Ele é lindo, quase hipnotizante, algo nele emana uma energia estranha e me fazem ficar confusa.

— O que está fazendo ?

Minha mãe chega de supetão e me assusta.

— Toalha! — Ela me olha estranha. — Preciso de uma toalha para secar o cabelo dele, se não ele vai ficar resfriado.

Corro até o quarto tentando me despertar do sei lá o que havia acontecido comigo.

Pego a primeira que vejo e vou até ele, me ajoelhando e secando seu cabelo.

Não consigo evitar e percebo que seu cabelo é macio e sedoso, muitas mulheres morreriam de inveja querendo ter um cabelo assim. Enquanto seco suas madeixas me perco em pensamentos: Será que ele é um doido que fugiu do hospício ou um marginal que tava fugindo da polícia ?

Enquanto secava seu hidratado cabelo, o rapaz suspirou parecendo estar gostando do cafuné "bem ele não parece maluco e muito menos bandido". Pelo contrário, parecia uma pessoa boa avaliando pelo modo como dormia tranquilamente. Quase como um sono dos anjos.

Um presente do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora