Um presente do céu

Capítulo 17 - Será que preciso de um advogado ?

Após alguns minutos estamos eu, Gus e Ben estados no sofá enquanto meu pai e minha mãe estavam em pé em nossa frente nós encarando em silêncio. Eles não estavam nada felizes.

— Então mãe...

Ela apenas botou o dedo indicador entre os lábios insinuando que eu ficasse quieta. Fiquei em silêncio e lá estávamos nós, 3 meliantes de cabeça baixa completamente indefesos sendo devorados pelo olhar feroz de minha mãe.

— Como ?

— O que ?

— Como ele voltou para cá Morgana ?

Ok, aparentemente meu pai também está bravo já que não me chamou pelo meu apelido.

— Encontrei ele quase desmaiado no meio fo. Estava com insolação,

apenas o alimentei e dei suco a ele. Ah e dei as roupas que usou pela manhã. Ele estava com muito calor por causa do suéter.

— E ?

— E eu deixei que ele entrasse para não morrer torricado.
Ben levanta sua mãe.

— Você não está na escola, pode falar!

Minha mãe está feroz.

— Senhores, peço encarecidamente que não briguem com sua filha. Ela foi generosa e me ajudou. Fizeram um bom trabalho a criando, ela é gentil e caridosa como os senhores. Nosso Pai Celestial está contente com essa bela família.

Percebo na hora o semblante de meus pais mudarem. A carranca de antes deu espaço à curiosidade.

— Você é religioso ?

Minha mãe pergunta só que dessa vez mais delicadamente.

— Sim senhora. Servir ao nosso Pai maior é algo gratifcante.

Meus pais se olham e percebo a deixa perfeita.

— Eu disse que ele não era perigoso. Né Gus ?

Dou um cutucão no meu amigo que logo percebeu minhas intenções.

— Com certeza. Pelo o que entendi ele veio de outra cidade e acabou se perdendo aqui. Tadinho!

Balanço a cabeça afirmando compulsivamente.

— O que acha de ficarmos com ele mãe ?

— Ele não é um bichinho de rua que podemos adotar Moranguinha.

— Onde estão seus pais Ben ?

—Eu não tenho pais de sangue, tudo o que sei foram bondosas senhoras que me ensinaram.

Meus pais se olham novamente e minha mãe diz ao meu pai.

— Ele foi criado por freiras.

— Talvez o convento tenha fechado e ele teve que sair.

Bingo! Coração acertado com sucesso.

— Isso pai, foi exatamente o que aconteceu! — Ben abre a boca mas eu não deixei que falasse. — O que acha de deixá-lo aqui até que ele consiga um emprego e se estabilize ?

Dou outro cutucão em Gus.

— Isso tia, às vezes Deus bota pessoas em nossos caminhos para que os ajudemos e assim nos aproximamos mais Dele. A senhora sabe que minha família é muito religiosa, já vi coisas assim acontecerem várias vezes.

Minha mãe suspira e eu sinto que a vitória é certa.

— Você quer ficar aqui conosco Ben ?

O rapaz pensa um pouco, sua mente parecia longe. Ele olha para mim por um instante e então responde.

— Eu adoraria senhora! São pessoas do bem que me trataram com afeto e … aqui tem achocolatado também.

Ben me olha novamente e dá um pequeno sorriso.

— Ok! Você fica conosco até conseguir um trabalho fixo. Ficará no quarto de visita e ajudará Morgana nas tarefas de casa. É claro que teremos algumas regras. Como hora para chegar em casa, não poderá trazer estranhos para cá e nada de drogas ou álcool.

Conseguimos!! Sinto alívio ao saber que agora ele estará em segurança.

— Vou trazer algumas peças de roupa e por favor seja legal com nossa filha.

Minha mãe me olha e algo está no seu olhar mas não sei decifrar. Talvez esperança ou fé. Eu não sei, mas tinha algo a mais.

— Voltaremos à loja e chegaremos mais tarde hoje, já que precisamos comprar algumas coisas para Ben. Se comporte filha e qualquer coisa me liga.

Com um beijo na testa minha mãe pega sua bolsa e sai.

— É isso aí. Apesar de não ter sido pedido minha opinião eu concordo com tudo. — Meu pai estufa o peito e olha Ben no olho. — Saiba que estarei de olho em você rapaz. — Ben apenas assente com a cabeça apertando um pouco mais seu pote com as mãos. Meu pai sai da sala mas volta em uma pequena corrida. — Última mas não menos importante regra: Não chegue nem perto do quarto da minha Moranguinha. — Ele olha o rapaz de cima para baixo e saí, dessa vez pra valer.