Cap-4

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Eu observei o pote e soltei o ar.
— Mil é um monte. É um monte de beijos, vovó!
Vovó riu.
— Não é tanto quanto você pensa, garotinha. Especialmente quando você encontrar sua alma gêmea. Você tem muitos anos pela frente.
Vovó respirou fundo e seu rosto se contraiu, como se ela estivesse sentindo dor.
— Vovó — chamei, sentindo-me muito assustada. A mão dela apertou a minha.
Vovó abriu os olhos, e dessa vez uma lágrima rolou por sua face pálida.
— Vovó? — eu disse, dessa vez mais baixo.
— Estou cansada, garotinha. Estou cansada, e está quase na minha hora de ir. Eu só queria te ver uma última vez, para te dar este pote. Para beijá-la, assim posso me lembrar de você todo dia no céu até vê-la novamente.
Meu lábio inferior começou a tremer de novo. Minha vovó balançou a cabeça.
— Sem lágrimas, garotinha. É só uma pequena pausa em nossas vidas. E estarei zelando por você, todos os dias. Estarei em seu coração. Estarei no bosque florido que amamos tanto, no sol e no vento.
Os olhos de vovó se apertaram, e as mãos de minha mãe pousaram em meus ombros.
— Poppy, dê um grande beijo na vovó. Ela está cansada agora. Ela precisa descansar.
Respirando fundo, eu me inclinei e dei um beijo no rosto de minha vovó.
— Eu te amo — sussurrei.
Ela acariciou meus cabelos.
— Eu também te amo, garotinha. Você é a luz da minha vida. Nunca se esqueça de que eu te amei tanto quanto uma avó pode amar sua netinha.
Segurei a mão dela e não queria soltar, mas meu pai me tirou da cama, e

minha mão por fim deixou a dela. Eu apertei bem forte meu pote, enquanto minhas lágrimas caíam. Meu pai me pôs no chão e, enquanto eu me virava para sair, vovó chamou meu nome: — Poppy?
Olhei para trás e minha vovó estava sorrindo.
— Lembre-se: corações de luar e sorrisos de raios de sol...
— Eu sempre vou me lembrar — eu disse, mas não me senti feliz. Tudo o que senti foi tristeza. Escutei minha mãe chorando atrás de mim. DeeDee passou por nós no corredor. Ela apertou meu ombro. O rosto dela também estava triste.
Eu não queria mais ficar ali. Não queria mais ficar naquela casa. Olhei para o meu pai e perguntei: — Papai, posso ir ao bosque florido?
Papai suspirou:
— Sim, querida. Eu vou dar uma olhada em você depois. Apenas tenha cuidado.
Vi meu pai pegar o telefone e ligar para alguém. Ele pediu para a pessoa ficar de olho em mim enquanto eu estivesse no bosque, mas corri antes de descobrir quem era. Segui para a porta da frente, apertando contra o peito meu pote de mil beijos de garoto em branco. Corri para fora da casa, depois da varanda. Corri, corri e não parei mais.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Ouvi chamarem meu nome.
— Poppy! Poppy, espere!
Olhei para trás e vi Rune me observando. Ele estava em sua varanda, mas começou a correr atrás de mim pela grama. Eu não parei, nem mesmo para Rune. Eu tinha que chegar às cerejeiras. Era o lugar favorito de minha vovó. Eu queria estar no lugar favorito dela. Porque eu estava triste por ela estar indo embora. Indo para o céu.
O lar de verdade dela.
— Poppy, espere! Vá mais devagar — gritou Rune, enquanto eu dobrava a esquina para o bosque no parque.
Atravessei correndo a entrada; as grandes cerejeiras, que estavam floridas, faziam um túnel sobre minha cabeça. A grama era verde sob meus pés, e o céu estava azul acima de mim. Pétalas brancas e cor-de-rosa cobriam as árvores. Então, bem no final do bosque, estava a maior árvore de todas. Seus galhos pendiam quase até o chão. O tronco era o mais grosso de todo o bosque.
Era a favorita absoluta minha e de Rune.
E da vovó também.
Eu estava sem fôlego. Quando cheguei debaixo da árvore favorita de vovó,

afundei no chão, apertando meu pote, enquanto lágrimas rolavam pelo meu rosto. Eu senti Rune parar ao meu lado, mas não olhei para cima.

*espero que gostem desse capítulo!!*

Mil beijos de garoto Onde histórias criam vida. Descubra agora