Como se sentisse meu olhar pesado, Poppy lentamente abriu os olhos. Percebi as lembranças da noite anterior reluzirem em seu rosto. Seus olhos se arregalaram enquanto ela mirava nossos corpos, nossas mãos. Meu coração parou por um instante em trepidação, mas então um belo sorriso se espalhou por seu rosto. Ao ver isso, cheguei mais perto. Poppy enterrou a cabeça em meu pescoço enquanto eu a envolvia nos braços. Eu a abracei forte o tempo máximo que pude.
Quando finalmente levantei a cabeça e olhei para o relógio, a raiva do dia anterior voltou com tudo.
— Poppymin — sussurrei, ouvindo a raiva tensa em minha voz britada. — Eu... eu tenho que ir.
Poppy endureceu em meus braços. Quando ela se virou, suas bochechas estavam molhadas.
— Eu sei.
Senti lágrimas atingindo as minhas bochechas também. Poppy as enxugou delicadamente. Peguei sua mão e deitei um único beijo no centro da palma. Fiquei por mais uns minutos, absorvendo cada centímetro do rosto de Poppy, antes de me forçar a sair da cama e me vestir. Sem olhar para trás, deslizei pela janela e corri através do gramado, sentindo meu coração despedaçar a cada passo.
Entrei pela janela. A porta do meu quarto havia sido destrancada por fora. Meu pappa estava ao lado da cama. Por um breve instante, meu estômago revirou com o fato de que eu havia sido flagrado. Mas então a fúria se acendeu em mim e levantei o queixo, desafiando-o a dizer alguma coisa, qualquer coisa.
Eu receberia com prazer uma briga.
Eu não deixaria que ele me envergonhasse por ter passado a noite com a garota que eu amava. Aquela da qual ele estava me arrancando.
Ele se virou e foi embora sem dizer uma única palavra.
Trinta minutos se passaram em um momento. Olhei para o meu quarto pela última vez. Joguei minha mochila sobre o ombro e saí, com a câmera pendendo no pescoço.
O sr. e a sra. Litchfield já estavam na entrada de nossa casa, ao lado de Ida e Savannah, abraçando meus pais com suas despedidas. Ao me verem sair pela porta, eles me encontraram no fim da escada e também me abraçaram em despedida.Ida e Savannah correram para mim e se agarraram na minha cintura. Eu baguncei o cabelo delas. Quando se afastaram, ouvi a porta se abrindo, levantei os olhos e vi Poppy. Ela tinha o cabelo molhado, claramente havia acabado de sair do banho, e estava mais linda que nunca quando correu para onde nós todos estávamos, olhando apenas para mim.
Quando ela chegou até nossa entrada, parou para abraçar meus pais e se despedir de Alton com um beijo. Ela então virou o rosto para mim. Meus pais entraram no carro e os pais e as irmãs de Poppy voltaram para a casa deles, nos dando um pouco de espaço. Não perdi tempo para segurá-la em meus braços, e Poppy se jogou em meu peito. Eu a apertei forte, aspirando o doce perfume de seu cabelo.
Botei meu dedo sob seu queixo e levantei sua cabeça, e então a beijei pela última vez. Eu a beijei com todo o amor que pude encontrar em meu coração.
Quando nos largamos, Poppy falou entre fios de lágrimas:
— Beijo número trezentos e cinquenta e seis. Com meu Rune na entrada de sua casa... quando ele me deixou.
Fechei os olhos. Eu não podia suportar a dor que ela sentia – que eu sentia também.
— Filho? — meu pappa chamou, e olhei para ele por cima dos ombros de Poppy. — Temos que ir — ele disse em tom de desculpa.
As mãos de Poppy apertaram minha camisa. Seus grandes olhos verdes estavam brilhando de lágrimas, e parecia que ela tentava memorizar cada parte de meu rosto. Por fim a soltei, levantei a câmera e pressionei o botão.
Capturei este raro momento: o instante exato em que o coração de alguém se parte.
Caminhei até o carro, sentindo meus pés pesando toneladas. Ao subir no banco de trás, nem tentei parar minhas lágrimas. Observei Poppy ao lado do nosso carro, seu cabelo molhado voando com a brisa, olhando-me partir, dando adeus.
Meu pappa ligou o motor. Abri minha janela. Estendi a mão para fora e Poppy a pegou. Enquanto olhava para seu rosto uma última vez, ela disse:
— Verei você em meus sonhos.
— Verei você em meus sonhos — respondi em um sussurro e relutantemente larguei a mão dela, enquanto meu pappa saía com o carro. Olhei para Poppy pela janela traseira, observando-a acenar, até que ela estivesse fora de vista.
Eu retive na memória aquele aceno de adeus.Jurei guardar aquela lembrança até que aquele aceno me desse as boas- vindas novamente.
Até que ele mais uma vez significasse "olá".
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Mil beijos de garoto
Romance"Para os que acreditam no amor verdadeiro, épico e destruidor de almas. Este é para vocês." ⚠️essa história não é minha!!⚠️ decidi publicar para que vocês possam ler sem precisar pagar☺️