— Vou revelar essas fotos e depois vou para a cama.
Enquanto eu me virava para sair, meu pai disse:
— Vamos sair em um passeio em família amanhã, Rune.
Parei de repente.
— Não posso ir. Combinei de passar o dia com a Poppy.
Meu pai balançou a cabeça.
— Amanhã não, Rune.
— Mas... — tentei argumentar, porém meu pai me cortou, com a voz dura.
— Eu disse não. Você vem com a gente, ponto-final. Poppy pode ver você quando voltarmos. Não vamos ficar fora o dia todo.
— O que está acontecendo?
Meu pai caminhou até parar na minha frente. Ele botou a mão no meu ombro.
— Nada, Rune. Apenas que eu nunca vejo você por causa do trabalho. Quero mudar isso, então vamos passar o dia na praia.
— A Poppy pode ir com a gente? Ela adora a praia. É o segundo lugar favorito dela.
— Amanhã não, filho.
Fiquei em silêncio. Eu estava ficando nervoso, mas sabia que ele não ia ceder. Papai suspirou.
— Vá revelar suas fotos, Rune, e pare de se preocupar.
Fazendo o que ele sugeriu, desci para o porão e entrei no quartinho que papai tinha transformado em uma câmara escura para mim. Eu ainda revelava o filme da maneira antiga. O resultado era melhor do que com uma câmera digital.
Depois de vinte minutos, dei um passo para trás, afastando-me do meu varal de novas fotos. Também tinha feito uma cópia da foto do meu celular, minha e de Poppy no campo. Eu a peguei e a levei para o meu quarto. Enfiei a cabeça no quarto de Alton ao passar, para ver se meu irmão de dois anos estava dormindo. Ele estava, abraçando forte seu ursinho de pelúcia marrom, o cabelo loiro bagunçado espalhado sobre o travesseiro.
Empurrei minha porta e acendi a luminária. Olhei para o relógio; era quase meia-noite. Correndo a mão pelo cabelo, fui para a janela e sorri quando vi a casa dos Litchfield no escuro, a não ser pelo brilho esmaecido da luz noturna dePoppy – o sinal de que o terreno estava livre para que eu entrasse sorrateiramente.
Tranquei a porta do meu quarto e desliguei a luminária. O quarto foi engolido pela escuridão. Vesti minha calça e minha camiseta de dormir. Procurando não fazer barulho, levantei a janela e pulei. Corri pela grama entre nossas casas e me arrastei para dentro do quarto de Poppy, fechando a janela o mais silenciosamente que podia.
Poppy estava na cama, enfiada embaixo das cobertas. Seus olhos estavam fechados, e sua respiração era suave e constante. Sorrindo ao ver como ela ficava bonitinha com o rosto repousando na mão, andei cuidadosamente até ela, coloquei seu presente na mesinha de cabeceira e subi na cama.
Eu me deitei ao lado dela, baixando a cabeça para dividir seu travesseiro.
Fazíamos isso havia anos. Na primeira vez em que eu tinha passado a noite, tinha sido um engano; tínhamos doze anos e entrei em seu quarto para conversar, mas peguei no sono. Por sorte, na manhã seguinte acordei cedo o suficiente para me esgueirar de volta ao meu quarto sem ser notado. Mas então, na noite seguinte, eu fiquei de propósito, e na noite depois daquela, e quase todas as noites desde então. Felizmente nunca fomos pegos. Eu não tinha certeza de que o sr. Litchfield ia gostar de mim do mesmo jeito se soubesse que eu dormia na cama da filha dele.
Mas ficar ao lado de Poppy na cama se tornava cada vez mais difícil. Agora eu tinha quinze anos e me sentia diferente ao lado dela. Eu a via de um outro jeito. E sabia que ela também me via assim. Nós nos beijávamos cada vez mais. Os beijos estavam ficando mais profundos, nossas mãos começando a explorar lugares que não deviam. Estava ficando cada vez mais difícil parar. Eu queria mais. Queria minha garota de todas as maneiras possíveis.
Mas éramos jovens. Eu sabia disso.
Isso, no entanto, não deixava as coisas menos difíceis. Poppy se agitou ao meu lado.
— Estava me perguntando se você viria esta noite. Eu te esperei, mas você não estava em seu quarto — ela disse, sonolenta, enquanto tirava meu cabelo do meu rosto.
Peguei sua mão e a beijei na palma.
— Eu tive que revelar meu filme, e meus pais estavam esquisitos.
— Esquisitos? Como? — perguntou ela, chegando mais perto e beijando meu rosto.
Balancei a cabeça.— Só... esquisitos. Acho que está acontecendo alguma coisa, mas eles me disseram para eu não me preocupar.
Mesmo na luz fraca eu podia ver que as sobrancelhas de Poppy estavam franzidas de preocupação. Eu apertei sua mão, para reconfortá-la.
Quando me lembrei do presente que eu havia trazido para ela, me estiquei para pegar a foto da mesa de cabeceira. Eu a tinha colocado em uma moldura prateada simples. Apertei o ícone da lanterna no meu celular e o segurei para que Poppy pudesse ver melhor.
Ela deu um pequeno suspiro, e observei um sorriso iluminar seu rosto todo. Ela pegou a moldura e passou o dedo pelo vidro.
— Eu amo esta foto, Rune — ela sussurrou, colocando-a na mesa de cabeceira. Ela olhou para a foto por uns momentos, então se virou para mim.
Poppy levantou as cobertas e as segurou para cima, para que eu pudesse me enfiar debaixo delas. Coloquei o braço sobre a cintura de Poppy e cheguei mais perto de seu rosto, sapecando beijos suaves em seu pescoço e em suas bochechas.
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Mil beijos de garoto
Romantik"Para os que acreditam no amor verdadeiro, épico e destruidor de almas. Este é para vocês." ⚠️essa história não é minha!!⚠️ decidi publicar para que vocês possam ler sem precisar pagar☺️