Poppy se esticou e pegou uma flor de cerejeira de um tom vivo de rosa. Ela a segurou em frente ao corpo, olhando para as pétalas nas palmas de suas mãos.
— Vovó também disse que as melhores coisas da vida morrem rápido, como a flor da cerejeira. Porque algo tão belo não pode durar para sempre, não deveria durar para sempre. Ela permanece por um breve momento no tempo para nos lembrar de como a vida é preciosa, antes de desaparecer tão rápido quanto chegou. Vovó disse que ela nos ensina mais em sua vida curta do que qualquer coisa que fique sempre ao nosso lado.
Minha garganta começou a se fechar quando ouvi a dor na voz dela. Ela me olhou.
— Porque nada tão perfeito pode durar uma eternidade. Como as estrelas cadentes. Vemos as estrelas comuns toda noite. A maioria das pessoas não dá valor, até esquece que estão ali. Mas, se uma pessoa vê uma estrela cadente, ela se lembra daquele momento para sempre, até faz um desejo na presença dela. — Ela respirou fundo. — Ela passa tão rápido que as pessoas saboreiam o tempo curto que têm com ela.
Senti uma lágrima cair em nossas mãos unidas. Eu estava confuso, sem ter certeza do motivo por que ela estava falando de coisas tão tristes.
— Porque algo tão perfeito e especial é destinado a desaparecer. Por fim, tem de ser levado pelo vento. — Poppy levantou a flor de cerejeira que ainda estava em sua mão. — Como esta flor.
Ela a jogou pelo ar, bem quando passou uma rajada de vento. O sopro forte levou as pétalas pelo céu, por cima das árvores.
Sumiu de vista.
— Poppy... — comecei a falar, mas ela me cortou.
— Talvez sejamos como a flor da cerejeira, Rune. Como estrelas cadentes. Talvez tenhamos amado muito e muito jovens, e a chama foi tão brilhante que tivemos que esmaecer. — Então ela apontou para trás de nós, para o bosque florido. — Beleza extrema, morte rápida. Tivemos esse amor o tempo suficiente para nos ensinar uma lição. Para nos mostrar o quanto somos verdadeiramente capazes de amar.
Meu coração afundou. Virei Poppy de frente para mim. O olhar devastado em seu belo rosto me cortou o coração ali onde estava.
— Escute — eu disse, sentindo pânico. Com as mãos no rosto de Poppy, prometi: — Eu vou voltar para você. Essa mudança para Oslo não vai ser para sempre. Vamos conversar todos os dias, vamos escrever um para o outro. Ainda seremos Poppy e Rune. Nada pode quebrar isso, Poppymin. Você sempre será minha, será sempre metade da minha alma. Isso não é o fim.Poppy fungou e piscou para se livrar das lágrimas. Meu pulso disparou de medo ao pensar nela desistindo de nós. Porque aquilo jamais havia passado na minha cabeça. Não estávamos terminando nada.
Cheguei mais perto.
— Não acaba aqui — eu disse energicamente. — Até o infinito, Poppymin. Para sempre e sempre. Jamais acaba. Você não pode pensar assim. Não com a gente.
Poppy se levantou na ponta dos pés, espelhando minha postura, colocando as mãos em meu rosto.
— Você me promete, Rune? Porque ainda tenho centenas de beijos de garoto para receber de você.
Sua voz estava tímida e envergonhada... estava atormentada de medo.
Eu ri, sentindo o pavor se esvaindo de meus ossos, o alívio tomando lugar. — Sempre. E vou te dar mais que mil. Darei dois, três, quatro mil.
O sorriso alegre de Poppy me confortou. Eu a beijei lenta e suavemente, abraçando-a o mais apertado possível. Quando nos soltamos, os olhos de Poppy se abriram e ela anunciou:
— Beijo número trezentos e cinquenta e quatro. Com meu Rune, no bosque florido... e meu coração quase explodiu. — Então ela prometeu: — Meus beijos são todos seus, Rune. Ninguém jamais beijará meus lábios além de você.
Rocei os lábios nos dela uma vez mais e ecoei suas palavras.
— Meus beijos são todos seus. Ninguém jamais beijará meus lábios além de você.
Peguei a mão dela e seguimos para casa. Todas as luzes da minha casa ainda estavam acesas. Quando chegamos à porta da frente de Poppy, eu me curvei e beijei-lhe a ponta do nariz. Levei minha boca ao seu ouvido e sussurrei:
— Me dê uma hora e voltarei para você.
— Certo — Poppy sussurrou de volta.
Então pulei quando a palma de sua mão pousou gentilmente em meu peito. Poppy chegou mais perto de mim. A expressão séria em seu rosto me deixou nervoso. Ela olhou para a própria mão, então correu os dedos lentamente sobre meu peito e meu estômago.
— Poppymin? — perguntei, sem saber o que estava acontecendo.
Sem dizer uma palavra, ela puxou a mão e foi em direção à sua porta. Esperei ela se virar e explicar, mas ela não se virou. Entrou pela porta aberta, deixando-me plantado na entrada de sua casa. Eu ainda podia sentir o calor desua mão em meu peito.
Quando as luzes da cozinha dos Litchfield se acenderam, eu me obriguei a voltar para casa. Assim que entrei pela porta, vi uma montanha de caixas no corredor da sala.
Elas devem ter sido guardadas para ficarem fora da minha vista.
Depois de passar por elas, vi minha mamma e meu pappa na sala. Meu pappa chamou meu nome, mas não parei. Entrei em meu quarto no momento em que ele veio atrás de mim.
Parei na frente da minha mesa de cabeceira e comecei a juntar tudo o que eu queria levar comigo, especialmente a foto com Poppy que eu havia tirado na noite anterior. Enquanto meus olhos analisavam a fotografia, meu estômago doía. Eu já sentia falta dela. Sentia falta da minha casa.
Sentia falta da minha garota.
Notando a presença de meu pappa ainda atrás de mim, eu disse baixinho: — Eu te odeio por fazer isso comigo.
Flagrei sua respiração rápida. Eu me virei e vi minha mamma ao lado dele. O rosto dela estava tão chocado quanto o do meu pappa. Eu nunca os havia tratado mal assim. Eu gostava dos meus pais. Eu nunca tinha entendido como os outros adolescentes não gostavam dos deles.
Mas agora eu entendia.
Eu os odiava.
Nunca tinha sentido tanto ódio por alguém antes.
— Rune... — minha mãe começou, mas eu a interrompi.
— Eu nunca vou perdoar vocês, nenhum de vocês, por fazerem isso comigo. Eu odeio tanto vocês dois neste minuto que não consigo ficar perto de vocês.
Fiquei surpreso com a dureza na minha voz. Era grossa e cheia de toda a raiva que estava crescendo dentro de mim. Uma raiva que eu não sabia que era possível sentir. Para a maioria das pessoas eu parecia genioso, emburrado, mas na verdade eu raramente sentia raiva. Agora eu era feito dela. Apenas ódio corria em minhas veias.
Ira.
Os olhos de minha mamma se encheram de lágrimas, mas pela primeira vez não me importei. Queria que eles se sentissem tão mal quanto eu me sentia naquele minuto.
— Rune... — meu pappa disse, e virei-lhe as costas.
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Mil beijos de garoto
Romance"Para os que acreditam no amor verdadeiro, épico e destruidor de almas. Este é para vocês." ⚠️essa história não é minha!!⚠️ decidi publicar para que vocês possam ler sem precisar pagar☺️