Cap-9

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— Eu ignoro, Rune. Elas não me incomodam.
Pendi a cabeça para o lado e levantei as sobrancelhas. Poppy balançou a cabeça.
— Não me incomodam, juro — ela tentou mentir.
Poppy olhou por cima de meu ombro e encolheu os dela. Quando seus olhos encontraram os meus, ela disse:
— Mas eu entendo. Quer dizer, olha pra você, Rune. Você é maravilhoso. Alto, misterioso, exótico... Norueguês! — Ela riu e colocou a palma da mão em meu peito. — Você tem todo esse lance de bad boy estilo indie. As meninas não conseguem deixar de te desejar. Você é você. Você é perfeito.
Cheguei mais perto e vi os olhos verdes de Poppy se arregalarem.
— E todo seu — completei. A tensão se esvaiu dos ombros dela.
Escorreguei minha mão até a mão dela, ainda em meu peito.
— E eu não sou misterioso, Poppymin. Você sabe tudo sobre mim: sem segredos, sem mistérios.
— Para mim — ela argumentou, olhando-me nos olhos mais uma vez. — Você não é um mistério para mim, mas é para todas as garotas da escola. E todas querem você.
Eu suspirei, começando a ficar irritado.
— E tudo o que eu quero é você. — Poppy me observou como se tentasse descobrir algo em minha expressão. Isso só me irritou mais. Juntei nossos dedos e sussurrei: — Até o infinito.
Com isso, um sorriso genuíno surgiu nos lábios de Poppy.
— Para sempre e sempre — ela, por fim, sussurrou de volta.
Encostei minha testa na dela. Minhas mãos contornaram seu rosto, e afirmei:
— Eu quero você e só você. Desde que eu tinha cinco anos e você apertou minha mão. Nenhuma garota vai mudar isso.
— É? — perguntou Poppy, mas eu podia ouvir o humor de volta em sua voz doce.
— Ja — respondi em norueguês, ouvindo o doce som do riso dela em meus ouvidos. Poppy amava quando eu falava em minha língua nativa com ela. Eu beijei sua testa, então dei um passo para trás para pegar em suas mãos. — Sua mãe e seu pai levaram as meninas para casa; eles me pediram para te avisar.
Ela concordou com a cabeça e então me olhou nervosa.

— O que você achou da noite de hoje?
Virei os olhos para cima e torci o nariz.
— Horrível, como sempre — eu disse de modo seco.
Poppy riu e bateu no meu braço.
— Rune Kristiansen! Não seja tão malvado! — ela me repreendeu.
— Certo — eu disse, fingindo estar irritado. E a puxei para o meu peito, envolvendo suas costas com os braços e prendendo-a contra mim. Ela soltou uns gritinhos quando comecei a beijar seu rosto de cima a baixo, mantendo seus braços presos do lado. Desci os lábios por seu pescoço e senti sua respiração, todos os risos esquecidos.
Movi a boca para cima até puxar seu lóbulo com os dentes.
— Você estava incrível — sussurrei. — Como sempre. Você é sempre perfeita lá em cima. Você dominou aquele palco. E ganhou cada um naquele auditório.
— Rune — ela murmurou. Ouvi o tom feliz em sua voz.
Fui para trás, ainda sem soltar seus braços.
— Tenho o maior orgulho quando te vejo naquele palco — confessei.
Poppy corou.
— Rune — ela disse timidamente, mas baixei a cabeça para manter o contato visual quando ela tentou se afastar.
— Carnegie Hall, lembre-se. Um dia vou ver você se apresentando no Carnegie Hall.
Poppy conseguiu soltar uma das mãos e bateu de leve em meu braço. — Você está me bajulando.
Abanei a cabeça.
— Nunca. Eu sempre falei somente a verdade.
Poppy pousou os lábios nos meus e senti seu beijo até os dedos dos pés. Quando ela se afastou, eu a soltei e lhe dei a mão.
— Estamos indo para o campo? — perguntou Poppy, quando comecei a conduzi-la pelo estacionamento, segurando-a um pouco mais perto ao passarmos pelo grupo de calouras.
— Eu preferiria ficar sozinho com você — falei.
— Jorie perguntou se íamos. Todo mundo está lá. — Poppy me olhou. Pela contração dos lábios dela eu sabia que estava de cara fechada. — Hoje é sexta à

noite, Rune. Nós temos quinze anos, e você acabou de passar a maior parte da noite assistindo à minha apresentação de violoncelo. Temos noventa minutos até voltar para casa; deveríamos ver nossos amigos, como adolescentes normais.
— Certo. — Eu me rendi e envolvi os ombros dela com o braço. Então me abaixei, encostei a boca em seu ouvido e disse: — Mas amanhã eu vou ter você só pra mim.
Poppy colocou o braço em torno de minha cintura e me apertou forte.
— Está bem. Eu prometo.
Ouvimos as garotas atrás de nós mencionarem meu nome. Bufei de frustração quando Poppy se retesou brevemente.
— É porque você é diferente, Rune — disse Poppy, sem olhar para cima. — Você é artístico, gosta de fotografia, usa roupas escuras. — Ela riu e balançou a cabeça. Afastei o cabelo do rosto. Poppy apontou. — Mas principalmente por causa disso.
Franzi o cenho.
— Por causa do quê?
Ela puxou uma mecha do meu cabelo.
— Quando você faz isso. Quando puxa o cabelo para trás.
Levantei uma sobrancelha, confuso.
— Ja? — perguntei, antes de parar na frente de Poppy, puxando os cabelos para trás com exagero até que ela risse. — Irresistível, hein? Pra você também?
Poppy riu e tirou a minha mão do meu cabelo para envolver a sua nela. Enquanto seguíamos pelo caminho para o campo – um pedaço do parque onde os garotos da escola ficavam à noite –, Poppy disse:
— Realmente não me incomodo que as outras garotas olhem para você, Rune. Eu sei o que sente por mim, porque é exatamente a mesma coisa que sinto por você.
Poppy mordeu o lábio inferior. Eu sabia que isso significava que ela estava nervosa, mas não sabia por quê, até que ela disse:
— A única garota que me incomoda é a Avery. Porque ela gosta de você há muito tempo e porque tenho certeza de que ela faria qualquer coisa para conseguir você.
Balancei a cabeça. Eu nem gostava de Avery, mas ela fazia parte de nosso grupo de amigos e estava sempre por perto. Todos os meus amigos gostavam dela; todos a achavam a menina mais bonita de todas. Mas eu nunca tinha achado isso e odiava a maneira como ela se comportava comigo. Eu odiava que

ela fizesse Poppy se sentir daquela maneira.

*desculpem por não ter postado ontem, aproveitei o dia das mães com a minha família 🫶🏼*

Mil beijos de garoto Onde histórias criam vida. Descubra agora