Cap-20

439 9 1
                                    

Eu

percebia em seu rosto o quanto ela me desejava, tanto quanto eu a desejava. Mantive os olhos presos nos dela e não desviei o olhar nem uma vez.
Nem por um segundo...
Depois de tudo, eu a segurei em meus braços. Ficamos de frente um para o outro, deitados debaixo das cobertas. A pele de Poppy estava morna ao toque, e sua respiração desacelerava de volta ao ritmo normal. Nossos dedos estavam enlaçados sobre o travesseiro que agora dividíamos, em um aperto forte, e nossas mãos tremiam levemente.
Nenhum dos dois havia falado ainda. Enquanto eu olhava Poppy, prestando atenção em cada movimento meu, rezei para que ela não se arrependesse do que havíamos feito.
Eu a vi engolir em seco e então respirar fundo. Quando ela expirou o ar, baixou os olhos para nossas mãos unidas. Tão lentamente quanto possível, ela correu os lábios sobre nossos dedos entrelaçados.
Fiquei paralisado.
— Poppymin — eu disse, e seus olhos se levantaram.
Uma longa mecha de seu cabelo havia caído sobre seu rosto, e eu gentilmente a puxei para trás, colocando-a atrás de sua orelha. Ela ainda não havia dito nada. Precisando que ela soubesse o quanto aquilo que dividimos significava para mim, sussurrei:
— Eu te amo tanto. O que nós fizemos agora... estar com você dessa maneira...
Eu perdi as palavras, sem ter certeza de como expressar o que eu queria dizer.
Ela não respondeu, e meu estômago revirou com o medo de que eu tivesse feito algo errado. Ao fechar os olhos, frustrado, senti a testa de Poppy contra a minha e seus lábios soprando beijos sobre minha boca. Eu me mexi até que ficássemos o mais perto possível.
— Eu vou me lembrar desta noite para o resto da minha vida — ela confidenciou, e o medo que senti foi expulso da minha mente.
Abri os olhos e apertei o abraço em torno de sua cintura.
— Foi... foi especial para você, Poppymin? Assim como foi especial para mim?
Poppy deu um sorriso tão largo que a simples visão dele me tirou o fôlego.
— Tão especial quanto é possível ser especial — ela respondeu suavemente, ecoando as palavras que havia me dito quando tínhamos oito anos e a beijei pela primeira vez. Incapaz de fazer qualquer outra coisa, eu a beijei

com tudo, derramando todo o meu amor naquele momento.
Quando nos soltamos, Poppy apertou minha mão, e lágrimas se formaram em seus olhos.
— Beijo trezentos e cinquenta e cinco, com meu Rune, no meu quarto... depois que fizemos amor pela primeira vez.
Tomando minha mão, ela a colocou em seu peito, diretamente sobre o coração. Eu podia sentir as batidas fortes sob a palma da minha mão. Sorri. Eu sabia que suas lágrimas eram de felicidade, não de tristeza.
— Foi tão especial que meu coração quase explodiu — ela completou, com um sorriso.
— Poppy — sussurrei, sentindo meu peito apertar.
O sorriso de Poppy se foi, e observei quando suas lágrimas começaram a cair sobre o travesseiro.
— Eu não quero que você me deixe — ela disse com a voz entrecortada.
Eu não podia suportar a dor em sua voz. Ou o fato de que as lágrimas agora eram de tristeza.
— Eu não quero ir — respondi, com honestidade.
Não dissemos mais nada. Porque não havia mais nada a dizer. Penteei os cabelos de Poppy com os dedos, enquanto ela corria a ponta dos dedos pelo meu peito. Não demorou muito até que a respiração de Poppy se regularizasse e sua mão ficasse imóvel sobre a minha pele.
O ritmo regular de sua respiração acalentou meus olhos até que eles se fechassem. Tentei ficar acordado o máximo possível, para saborear o tempo que me restava. Mas não demorou muito até que eu caísse no sono, uma mistura agridoce de felicidade e tristeza correndo em minhas veias.
Parecia que eu tinha acabado de fechar os olhos quando senti o calor do sol que se levantava beijando meu rosto. Pisquei até abrir os olhos, vendo um novo dia entrando pela janela de Poppy.
O dia em que eu iria embora.
Senti um aperto na barriga quando vi o horário. Eu partiria em uma hora.
Quando olhei para Poppy, dormindo sobre meu peito, achei que ela nunca tinha estado mais bonita. Sua pele estava corada com o calor de nossos corpos, e sorri ao ver nossas mãos ainda juntas sobre meu estômago.
O nervosismo então correu por mim quando pensei na noite anterior.
Ela parecia tão contente enquanto dormia. Meu maior medo era que ela acordasse e se arrependesse do que tínhamos feito. Eu queria tanto que ela

amasse o que tínhamos feito do mesmo jeito que eu tinha amado. Queria que a imagem de nós dois juntos ficasse arraigada em sua mente como ficaria na minha.

Mil beijos de garoto Onde histórias criam vida. Descubra agora