ꜱᴇɢʀᴇᴅᴏꜱ ¹⁹

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Emilia Sales

Duas semanas… Duas longas semanas sem ter o mínimo contato com meu irmão desnaturado, vou processar ele por abandono de incapaz.

Sou incapaz de viver bem sem o meu irmão, os meus cabelos desgrenhados e minhas roupas velhas, folgadas e amassadas deixavam bem claro o tamanho da minha dependência, dos cafés matinais dele, do tormento que ele me causava antes de dormir e principalmente da presença insuportável dele.

Estávamos todos sentados na mesa, e quando digo todos são todos mesmo.
Meu pai, Cassia, James, Evelyn e eu.
Todos me olham de esguelha, quando encaro de volta, eles desviam o olhar, acho que perceberam que meu humor não anda dos melhores.

Creio que minha aparência me delatou!

— Irmão desnaturado. - peguei um pão e cortei. — Que tipo de pessoa abandona seu próprio sangue? - passei a manteiga e mordi brutalmente.

— O pão não tem culpa de nada, querida. -  meu pai disse e eu o olhei.

— Prefere que eu corra pelada na rua e espanque alguém pra extravasar minha frustração? 

Todos pararam de comer e me olharam abismados!

— Não. Prefiro que você volte para o box para extravasar todos esses sentimentos reprimidos.

— Papai. - chamei e ele me olhou. — Se eu voltar para o box pra extravasar esses sentimentos, provavelmente vou acabar matando o meu treinador.

— Então nada de box. Não é Leonardo? - Cassia perguntou e meu pai concordou rapidamente.

— Podemos fazer compras, filha. - minha mãe disse e eu fiz uma careta em negação. — Tudo bem, nada de compras.

— Pode ir comigo ao trabalho, as crianças ajudam muito com isso, elas são amorosas e compreensivas. Provavelmente te darão os brinquedos conforto deles. 

— Obrigada, James. Mas tenho uma pesquisa para entregar na faculdade e preciso começar hoje.

— Vocês dois deveriam sair para jantar. - Evelyn disse e todos na mesa a encararam. — Tem muitos dias que ela está trancada em casa, achei que o James poderia levá-la para sair um pouco.

— Eu não sei se é uma boa ideia. 

— Acho que é uma ótima ideia, conheço um restaurante ótimo. - tomou um gole do café enquanto me olhava por cima da xícara.

— Não custa nada, filha. Você precisa sair um pouco e arejar a cabeça.

— Tudo bem, eu vou, mas não acho que vou ser uma boa companhia. - falei levantando da mesa.

— Não se preocupe, tenho bom humor por nós dois. - sorriu e eu comecei a me afastar da mesa.

— Por favor, vá ao menos apresentável e tire essas roupas, está parecendo um espantalho. - meu pai disse e eu bufei subindo as escadas.

Amor e CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora