Capítulo 22

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                             Na rodoviária deixei o ônibus partir sem mim, com as malas no chão eu chamei um táxi que me levou de volta para casa de minha mãe.

Ela achou estranho, tomou um susto ao me ver de volta, eu disse a ela que não consegui partir, já estava dentro do ônibus mas desci.

Eu não poderia deixar o Pedro daquele jeito, naquelas condições, meu coração não aguentaria deixá-lo para trás e ir viver minha vida no Rio apesar de tudo que ele fez.

João Batista e José Maria não conseguiriam cuidar dele, dona Alice a mãe dele faleceu, Pedro não podia esperar nada de seus irmãos, um estava preso e a outra nem da própria mãe cuidou direito, foi omissa com a mãe, quem diria com o irmão.

Ele estava sozinho, precisando de alguém que tivesse compaixão por ele, somente alguém que tivesse amor por ele, poderia estar prestes a cuidar dele.

                             No caminho mandei o motorista parar nos correios e mandei um telegrama para Mariano.

                                          Minha mãe me repreendia a todo momento, dizendo que eu não devia ter feito o que fiz, eu estava com alguém que me amava, vivendo feliz, eu tinha minha casa no Rio de Janeiro...

Eu estava dividida e toda vez que eu lembrava a hora que entrei na casa do Pedro e vi aquele caos, eu me sentia menos arrependida.

                      Um mês depois eu ainda estava em Belo Horizonte, morando com a minha mãe, mas todo dia ia á casa de Pedro.

Aquela casinha apesar de feia voltou a ser uma casa limpa e cheirosa, as coisas estavam em seu devido lugar, ela voltou a ser um lugar em condições de uma pessoa morar.

Eu acompanhava Pedro nas consultas na Santa Casa, tinha um amigo dele o Antônio, que trabalhava de chofer também e os dois ficavam sempre conversando no ponto de parada, ele que levava e buscava a gente para essas consultas, senão seria bem mais difícil, era necessário alguém forte para carregar Pedro.

                    Um dia enquanto varria a casa perto da cama, Pedro me segurou pelo braço e disse:

-Eu sei por que está aqui, sei por que está cuidando de mim, mesmo sem que eu mereça!

Você me ama Geórgia!

-Solte meu braço, me deixe em paz!

Ficarei aqui só até você melhorar, pelo menos até que você volte a andar sozinho, ou tenha condições de preparar sua comida.

-Diz para mim, se ainda me ama.

-Pare com isso!

-Olhe para mim, olhe fundo nos meus olhos e diga o que sente por mim.

-Digo sim, o que sinto é dó, o que sinto é compaixão.

As 4 paredesOnde histórias criam vida. Descubra agora