Capítulo 5

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                     Desde aquele dia comecei a tratar Pedro com frieza, foi muito difícil para mim porque o amor que eu sentia por ele era muito grande e tratar quem se ama com desprezo é uma tarefa muito árdua.

Mas era só me lembrar daquela mulher da foto, que eu conseguia.

Quando trazia a imagem daquela mulher em minha mente, chegava até mim todos os sentimentos ruins que alguém poderia sentir, raiva, vontade de morrer, tinha vontade de gritar.

Naquela foto 3x4 em preto e branco havia uma mulher loira de cabelos ruins, pintados, rosto sofrido, sem refinamento, com uma maquiagem barata e mal feita, uma mulher feia, isso mesmo uma mulher feia.

Feia, mas que exerceu encantos sobre alguém que me pertencia, talvez porque ela era uma mulher que satisfazia a muitos homens, era uma especialista na área sexual e isso era o que importava para o Pedro, talvez só isso.

                     Eu não contei ao Pedro que sabia de tudo, que sabia que ele mentia quando dizia que estava trabalhando de dia e de noite sem parar naquele carro, principalmente nos finais de semana. Não contei que sabia que ele mentia quando dizia que estava depositando o dinheiro no banco para comprar um terreno e construir uma casa e por isso não me dava tudo para pagar as despesas, me dava somente o necessário para a gente não passar fome, isso quando dava o dinheiro.

                     Depois de um tempo descobri que Pedro havia comprado um pequeno terreno no morro que se chamava Pedreira Prado Lopes, uma pequena favela não muito longe do centro de Belo Horizonte no Bairro Lagoinha.

Eu como era de costume, para descobrir suas mentiras mexia em seus bolsos e carteira e dessa vez achei uns recibos, neles havia o endereço desse lugar. Fui até lá e estava sendo construído um pequeno barraco nesse terreno, faltava pouco para terminar a obra, mas já dava para se morar, quando vejo ao longe a loira do cabelo ruim vindo com umas sacolas com frutas.

Ela não sabia quem eu era, então me aproximei dela e perguntei se ela sabia de mais alguma casa que estava a venda e fui fazendo mais perguntas bobas, até chegar onde eu queria, quando ela disse que naquele barraco iria morar ela e seu companheiro.

Fui puxando mais conversa deixando ela bem à vontade, como quem quisesse uma amizade e ela me contou que ia sair do emprego, por causa de seu companheiro deixaria de trabalhar no salão de beleza no centro da cidade por causa dele e que em breve ele iria deixar a casa da mãe e morar com ela.

Ela ia sair do salão de beleza na cidade, eu bem sabia que salão que era! "Biscateira"!

Deixei que ela conversasse bastante, se chamava Débora, ela era uma mulher muito falante, muito simples, falava errado demonstrando que não teve acesso nenhum à escola.

Por fim perguntei o nome do tal companheiro dela, eu sabia, mas precisava me certificar, então ela disse: Pedro.

O meu companheiro se chama Pedro.

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