Capítulo 15

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                Já fazia três meses que eu e Mariano estávamos juntos e eu não tinha coragem de contar isso nas cartas para meus pais e muito menos para meus filhos.

Nas cartas dizia somente que o Rio de Janeiro era um lugar muito bom, que eu estava ganhando bem, agora eu estava trabalhando bem menos, umas duas vezes na semana, eu estava feliz, cheia de expectativas, mas nunca falava o motivo.

As vezes escrevia sobre tudo com detalhes, mas depois arrancava a folha do caderno e jogava fora, escrevia de novo e faltava coragem, por fim olhava as muitas bolas de papel no chão e nada de coragem pra confessar.

                          A vida com Mariano era bem diferente da vida que eu levava com Pedro, era somente nós dois ali naquele apartamento e sem ninguém para me perturbar, me roubar...

Era tudo bem tranquilo, eu estava bem.

Mas ainda tinha dentro de mim o sentimento "infernal" do Pedro.

Eu não queria amar, não queria lembrar, não queria sentir saudades.

Meu Deus! Eu não queria! Eu não devia!

Deve ser porque tudo foi tão rápido, estava tudo tão recente, quem sabe com o tempo aquela coisa sairia do meu coração.

Isso! O que eu sentia pelo Pedro era tratado como coisa, ou doença, um troço, algo ruim.

                Eu estava "forçando a barra" tratava Mariano como o melhor homem do mundo, o mais lindo, o mais rico...

Eu tinha que amar ele, eu tinha que apaixonar por ele, eu devia, eu precisava.

Mas...

Não conseguia!

Então eu fingia.

E dizia eu te amo, eu te adoro, você é tudo para mim, todos os dias.

E ele acreditava e retribuía. Retribuía e eu ficava com a consciência pesada.

Ordinária, mentirosa, sórdida!

Eu me xingava em frente ao espelho, eu me condenava, eu me julgava.

Eu tinha esse segredo comigo mesmo, ninguém sabia, ninguém podia saber, era um segredo só meu.

Eu amava o Pedro.

As 4 paredesOnde histórias criam vida. Descubra agora