Daegu Quinta-feira 13:00PM
Algumas horas mais tarde acordo com enxaqueca. Levanto da cama meio atordoado e pego o celular para ver que horas são. Respiro fundo e sento em uma das cadeiras confortáveis do meu quarto.
Enquanto tento me distrair daquela dor e do turbilhão de pensamentos que afloram a minha mente, ouço soluços abafados do outro lado da parede. Aproximo o meu rosto e consigo ouvir o Jungkook chorar.
—Eu sinto tanta falta, mãe — sussurra em meio aos soluços. — Por que a senhora não volta pra mim? Aqui está tão difícil… me leva pra perto de você…
Sinto um aperto no coração ao ouvir aquilo, mas ainda não esqueci o que ele falou sobre a minha mãe. Por mais torturante que seja ouvir isso, não é justo ele descontar toda a sua raiva e frustração na gente.
Pensamentos são traiçoeiros e dolorosos. Percebi isso quando me encontrei perdido em tudo o que havia acontecido. A escola toda presenciou a briga e descobriu que estamos morando juntos, estou machucado fisicamente e mentalmente, minha mãe está se sentindo mal por tudo isso e o Jungkook odeia estar aqui. Minha cabeça está prestes a explodir com tanta coisa acontecendo em tão pouco tempo.
Enquanto pensava naquilo, um barulho percorreu o quarto e me tirou daquele transe sufocante. A porta foi aberta lentamente e revelou o senhor Jyun. Ele me procurou pelo quarto com o olhar até me encontrar sentado no puf. Fiz um sinal para que ele entrasse e assim o fez.
Fechou a porta devagar e caminhou até mim.
—Oi. Desculpa entrar sem bater na porta, eu precisava ver como você está e me desculpar pelo meu filho, achei que pudesse estar dormindo — o seu tom de voz é caloroso. É um homem gentil, não preciso mais desconfiar.
—Tudo bem. Eu estou bem — faço um sinal para ele sentar na cadeira próxima a escrivaninha. — Como minha mãe está?
—Meio mal pelo que o Jungkook falou sobre ela, mas está mais calma — suspira. — Eu sinto muito pelo Jungkook. Depois que a minha esposa morreu, ele ficou rebelde e eu não soube o educar direito. Por ele ter crescido com tudo o que sempre quis, ele ficou mimado e eu nunca tive tempo na empresa pra cuidar dele. Eu realmente sinto muito e sinto mais ainda por ele não pedir desculpa pra vocês. Você é um rapaz tão gentil e sua mãe, ela... ela é um doce, Kim. Eu sou tão apaixonado por essa mulher — deixo escapar um pequeno sorriso pela última frase.
—Eu entendo, Jyun. Sei que é difícil perder uma mãe ou um pai — meu sorriso some. — Eu só não acho certo ele descontar as mágoas dele na gente. Minha mãe é tão quebrada pelo meu pai e agora que ela finalmente está bem por estar com você, ele faz isso. E eu lhe garanto com todas as minhas palavras que ela não está interessada no seu dinheiro.
—Eu sei que não está, Taehyung. Já fazem alguns anos que conheço a sua mãe. Sempre fomos bons amigos e depois nos apaixonamos, mas nesses anos em que fomos apenas amigos, o Jungkook confundiu tudo e achou que eu já sentia algo por ela, por isso ele diz que traí minha ex mulher.
—Eu sei que não traiu ela, eu confio em você, mas eu não me controlei quando ouvi o Jungkook chamar ela de...— respiro fundo novamente. — Deixa pra lá, é besteira — minto novamente. Por mais que eu odeie o Jungkook com todas as minhas forças, lembrei do que ouvi enquanto ele chorava. Ele não merece chorar ainda mais.
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Maldito Babaca
RomanceEu moro em Daegu desde que o meu pai foi embora. A única coisa que aquele maldito deixou antes de fugir foi uma doença que me degenera cada dia mais: a depressão. Pra piorar as coisas, o playboy mimadinho da escola cismou comigo e todos os dias faz...