Capítulo 10

45 3 0
                                    


X. E tenho procurado por algo

Tirado da minha alma

Algo que eu nunca perderia

Algo que alguém roubou




Harry vestiu o resto de suas roupas. Desta vez ele não andou, mas aparatou no gramado bem cuidado de Hermione. Ele sabia que era cedo, mas foi até a varanda e bateu na porta da frente. Ninguém apareceu, então ele levantou o punho para bater novamente quando a porta se abriu. Ron ficou ali de jeans e sem camisa, parecendo descontente e cansado. Ele olhou para Harry e se afastou da porta, deixando-a aberta para Harry segui-lo para dentro de casa.

"Você passa a noite?" Harry perguntou, enfiando as mãos nos bolsos.

Ron grunhiu. "Sim. Eu passo muito a noite." Ele entrou na cozinha.

"Certo", disse Harry, sentindo-se estúpido.

Ron afundou em uma cadeira e conjurou uma cafeteira fumegante. "Não se preocupe com isso; ela me faz dormir no sofá. Quer um pouco?"

"Claro." Harry ergueu a mão para receber a caneca que Ron lhe enviou. Ele o segurou entre as mãos, tentando descobrir como fazer as perguntas que enchiam sua mente, mas foi distraído por Hermione, que entrou na cozinha naquele exato momento, ajustando uma pulseira no pulso. Ela estava com um belo roupão de trabalho e seu cabelo ainda estava úmido do banho. Harry olhou entre ela e Ron e se sentiu como um intruso. Esta era a casa deles, ele não tinha nada que vir tão cedo. Ron nem estava acordado.

"Ah, olá, Harry!" - disse Hermione, olhando surpresa. "Ron, você poderia fazer esse fecho para mim?" Ela estendeu o braço e Ron cutucou a pulseira com a varinha, fazendo com que ela se fechasse perfeitamente. "O que você está fazendo aqui tão cedo?"

"Sinto muito", disse Harry sem jeito, olhando para seus pés. "Acho que incomodei você."

"Não seja bobo," Hermione disse severamente. Ron bufou e Harry imaginou que seu café ainda não tinha feito efeito. "Eu só queria saber se havia algum motivo para você ter saído da cama tão cedo, considerando o quão tarde todos nós acordamos ontem à noite."

Harry suspirou. Ele veio até aqui sem pensar, mas achou melhor contar a eles o que aconteceu e pedir as respostas de que precisava. "Sim, existe", disse ele. "Ginny bateu na minha porta cerca de meia hora atrás."

Ron bufou novamente. Hermione suspirou enquanto convocava algumas torradas e frutas para seu lugar à mesa. "Como foi?" Hermione perguntou.

"Terrível", Harry encolheu os ombros. "Ela começou a me atacar antes mesmo de eu vestir meu jeans." Ron cuspiu o café e teve um ataque de tosse. Harry fez uma careta para ele. "Não é minha culpa, eu estava dormindo. Ela magicamente abriu a porta. Ela teve sorte de não ter sido amaldiçoada.

Hermione parecia preocupada. "Lamento que não tenha corrido bem, Harry. Acho que ela só precisa de um tempo. Acho que foi mais difícil para ela do que para qualquer pessoa quando você partiu.

Harry suspirou e se inclinou, cruzando as mãos na nuca. Ele fechou os olhos com força. Ron e Hermione continuaram sentados em silêncio enquanto Harry lutava com a dor que queimava dentro dele. Respirando ofegante, como se estivesse saindo debaixo d'água, ele se sentou novamente.

"Não foi por isso que vim", disse ele. Ron e Hermione esperaram. "Ginny disse-" ele parou e engoliu em seco. "Ela disse que seus pais já haviam perdido Bill e não me deixaria machucá-los mais."

Os olhos de Hermione se arregalaram e então ela suspirou profundamente. "Oh, Harry", disse ela, com a voz embargada. "Há tanta coisa que você não sabe. Eu gostaria... Ela parou e balançou a cabeça. "Eu tenho que ir trabalhar. Venha jantar novamente esta noite, certo? Nós lhe diremos o que pudermos."

Harry assentiu, sentindo-se infeliz. Hermione beijou Ron calorosamente e desejou um bom dia a Harry, então desaparatou da cozinha, deixando Ron e Harry sentados em silêncio. Os dois homens continuaram a beber café, até que Harry esticou as pernas e disse: "Pelo menos me conte sobre Bill."

Harry viu a dor passar pelo rosto de Ron antes que Ron passasse a mão pelos cabelos. Ele cruzou os braços sobre o peito musculoso e olhou para sua caneca de café. Finalmente ele disse: "Bill foi morto na última batalha em Hogwarts. Muitas pessoas estavam. Mas Bill foi o mais difícil, junto com você."

Harry jurou suavemente. "Sabe o que aconteceu?"

"Na verdade não," Ron disse cansado. "Alguém deve ter acertado ele nas costas com algum feitiço das Trevas. Encontramos ele e alguns outros perto dos degraus do castelo, e suas costas estavam ensanguentadas. Foi realmente horrível." Ele estremeceu.

"Você o encontrou-" Harry murmurou. A lembrança daquela noite era tão clara que ele podia sentir o cheiro da fumaça. Sua respiração acelerou e ele colocou a cabeça nas mãos até que a memória passou. Ele balançou a cabeça com firmeza, precisando fazer a próxima pergunta. "Quem mais você encontrou com ele, Ron?"

"Susan Bones e Professora McGonagall," Ron disse. "Eles estavam todos deitados lá juntos." Harry levantou-se, incapaz de se sentar sob a pressão dos terrores daquela noite. Ele enfiou as mãos nas vestes novamente e andou de um lado para o outro pela pequena cozinha. Ron também se levantou da cadeira e atravessou a sala até a lareira. Nenhum dos dois falou por vários momentos.

"Um deles teve a garganta cortada?" Harry perguntou trêmulo, olhando pela janela.

"Sim," disse Ron, franzindo a testa. "Susan fez. Deus, foi tão ruim. Houve um momento de silêncio tenso. As mãos de Ron cerraram-se em punhos onde ele se apoiou na lareira.

"Oh, Deus", disse Harry. "Ron, foi quem eu vi. Foi quem pensei que fosse você, foi Bill. Ele o fez parecer com você. Fechei seus olhos. Eu pensei que eles eram seus. E de Susan e de McGonagall. Achei que ele tinha cortado a garganta de Ginny...

Ron ainda estava encostado na lareira. Harry estava olhando pela janela, sem ver a manhã de verão. Tudo o que ele conseguia ver eram corpos, fumaça e fogo. Ele suspeitava que era isso que Ron estava vendo também. Eles ficaram quietos por muito tempo. A inquietação tomou conta de Harry e ele teve um forte desejo de sair pela porta da frente e começar a andar novamente, até ficar cansado demais para sentir mais dor. Mas não havia como caminhar agora. Ele estava em casa.

E então, como se tivesse lido sua mente, Rony disse do outro lado da cozinha: "Escute, hoje tem quadribol. Vamos cedo e você e eu podemos jogar a goles, certo?

Harry respirou fundo e continuou a olhar pela janela. "Tudo bem. Quadribol parece ótimo.



*


Enquanto A Noite é uma Criança [HINNY/ TRADUÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora