Visita inconveniente (parte 2)

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O corpo de Mikhail ficou completamente paralisado ao ouvir a ameaça vinda de sua irmã mais velha. Não importava qual desculpa ele pudesse inventar, tudo parecia ser inútil contra a astúcia e percepção de Valentina. Mas apesar de não ter esperanças em suas mentiras, o garoto não possuía outra opção além de tentar. Os lábios de Mikhail começaram a tremer segundos antes de falar qualquer coisa, mas apesar disso, Mika conseguiu engolir o medo e pronunciar algumas palavras.

— E-Eu acidentalmente rasguei a calça quando passei perto de um pedaços de ferro solto. Eu fiquei com vergonha, então não contei... Desculpe... — Mikhail conseguiu dizer isso de forma instintiva, e logo esperou pela ira de sua irmã.

— ... Só isso? — Valentina pergunta com seu tom ameaçador.

— Sim... Só isso... — Mikhail responde, ainda nervoso.

Ao responder a pergunta, Mikhail recebe um enorme tapa em sua cabeça, mas não foi um tapa de ódio, ou sequer ameaça, mas sim de repreensão e frustração. Valentina solta o pulso de Mika, e logo começa a puxar a orelha do garoto, pois havia ficado muito estressada com tudo isso.

— Seu animal, sabe que era só falar com a mãe e o pai! — Valentina continua puxando a orelha de Mikhail, mas após alguns segundos, solta o garoto — E para de ficar escondendo coisas, se não eu vou te dar uma surra!

— T-Tá bom! Eu vou indo agora! — Mikhail rapidamente abre a porta, mas antes de fechar e sair, ele olha mais uma  vez para sua irmã — Tchau, eu te amo — Mikhail fecha a porta antes que pudesse receber uma resposta.

— ... Eu também te amo, seu mentiroso... — Valentina observou pela janela Yuri e Mikhail se reunirem no lado de fora da casa.

Valentina ficou esperando por alguns instantes até os dois saírem do seu campo de visão, e logo após isso, se virou para trás, observando o sofá da sala. Apesar do sol já ter começado a emergir, a sala ainda estava escura, e era difícil de enxergar qualquer coisa ali. Valentina então apenas ligou o interruptor que ascendia as luzes, e viu seu pai e sua mãe ali, ambos haviam ouvido tudo, e estavam bem interessados nessa situação.

O pai estava exclusivamente calmo, como se já esperasse que algo assim pudesse acontecer. Em contrapartida, a mãe estava completando surpresa e empolgada, um brilho intenso era perceptível em seu olhar, junto com um sorriso bobo em seu rosto. Valentina se sentou na poltrona da sala, e cruzou as pernas, como se realmente quisesse discutir sobre isso.

— Vocês deviam falar com ele sobre, bom, "aquilo" — Valentina sugere, mas o pai logo discorda.

— Precisamos observar um pouco melhor a situação, infelizmente, não podemos expor nosso conhecimento para o Mikhail... — O pai fala de forma ligeiramente frustrada, como se isso não o agradasse.

— Nikolai, querido, você tem que se acalmar. Talvez não seja bom que a gente se envolva, afinal, nosso filho está crescendo sozinho... — A mãe fala de forma calma, tentando esconder sua empolgação.

— Yelena, amor, você é a pessoa que está mais animada com isso tudo — O pai comenta enquanto observa o sorriso besta de empolgação voltar ao rosto de sua esposa.

— Ele tá certo, mãe. Mas acho que eu concordo com a ideia de não contar nada a ele ainda. Digo, ele parece estar lidando bem com tudo... — Um sorriso de felicidade surge no rosto de Valentina — Ele... Ele está crescendo, eu nem percebi isso! Haha — A mulher começa a rir de forma intensa, uma risada cheia de orgulho e alegria.

— Mas me responde uma coisa, filha, aquele amiguinho do Mikhail, ele é um..? — A mãe pergunta com um olhar mais sério.

— Um geteilt? Sim, ele é, e eu ainda não descobri os objetivos daquela garota... Digo, garoto — Valentina comenta com um pouco de receio em dar detalhes.

Shizhen: Convivendo com um espírito Onde histórias criam vida. Descubra agora