𝖯𝖫𝖤𝖠𝖲𝖤 𝖯𝖫𝖤𝖠𝖲𝖤 𝖯𝖫𝖤𝖠𝖲𝖤.

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▬▬▬▬▬▬▬ 𝗨𝗬𝗔𝗥𝗔'𝗦 𝗣𝗢𝗩

A parede branca do quarto de hospital não me trazia boas memórias, eu observava meu pai deitado na maca, com diversos fios espalhados em seu corpo agora magro, meus braços cruzados e meu corpo sentado em uma cadeira extremamente confortável ao seu lado. Lágrimas solitárias ameaçavam nascer sob minhas pálpebras, a vontade de simplesmente chorar se tornando maior que um avalanche. Eu só queria poder estar aqui antes, eu só queria estar com ele antes que isso tudo acontecesse. Eu sou uma idiota, uma idiota que viajou para perder momentos com sua família e se magoar com alguém que as vezes parecia não se importar com o que sinto.

A estabilidade que eu tanto almejava parecia cada dia mais longe do meu alcance. Aquilo que eu realmente queria, parar no tempo para respirar e deixar todos os problemas que estou tendo de lado e apenas ser eu mesma por dois segundos. Meus lábios pressionados um ao outro com força quando a primeira lágrima caiu contra minha vontade. Já era a terceira vez na semana que eu estava me odiando.

Quando olhei para o lado e vi o sol batendo contra a janela daquele confinamento, os raios tão bonitos e lúcidos, tão precisos e gentis, eu senti inveja de cada partícula de seu brilho e de sua vida.

Quando olhei para o lado e vi o sol batendo contra a janela daquele confinamento, os raios tão bonitos e lúcidos, tão precisos e gentis, eu senti inveja de cada partícula de seu brilho e de sua vida

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― Você parece que acabou de levar um murro na cara. - minha irmã disse, tomando um gole do seu suco de mangaba. ― Ele vai ficar bem, você sabe, vaso ruim não quebra.

― Não é nem por isso... na verdade também, mas tem muita coisa acontecendo e elas vão se amontoando e no final eu me perco e não sei lidar com tudo. - confessei.

Eu e Nicole estávamos em um bar perto do hospital, comendo pastel as onze horas da manhã enquanto na televisão falhada do local passava a corrida. Já estava quase no final, e quem estava vencendo não era surpresa, Hamilton.

― Você... quer conversar? Sei lá, eu posso falar com uns contatos do hospital psiquiátrico e te interno, se quiser.

― Por enquanto não precisa, mas eu agradeço. - respondo com uma voz séria recheada de sarcasmo, escutando sua risada e a minha em uníssono. ― Não é nada demais, juro. O que mais me deixa apreensiva é porque daqui a um mês vou ter que voltar para Londres. Exposições, galerias, leilões... - suspiro, cansada apenas de imaginar. ― Não quero ficar longe de vocês por muito tempo.

― Você... vai ficar muito tempo lá? Que nem da outra vez, que foi tipo um ano.

― Eu espero que não, quero estar presente na recuperação do nosso pai. Além de quê... - paro de falar quando a corrida acaba e começam as entrevistas com os vencedores.

― Falando em Londres...

Meus olhos se encheram de nostalgia quando olhei para os olhos de Lewis atrás da tela, seu sorriso para o repórter sendo brilhante enquanto ele respondia acerca do resultado ótimo e esperado da corrida.

BUTTERFLY EFFECT ⸻ LEWIS HAMILTON Onde histórias criam vida. Descubra agora