𝖫𝖠𝖡𝖸𝖱𝖨𝖭𝖳𝖧.

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▬▬▬▬▬▬▬ 𝗨𝗬𝗔𝗥𝗔'𝗦 𝗣𝗢𝗩

Os raios solares atingiam minha pele rudemente, passando pelas janelas do museu britânico e mostrando a todos que o final de tarde estava próximo, próximo como o final da exposição e também, de quando eu veria Lewis pela última vez aqui. Durante os últimos dias, posso dizer que o vi pelo menos uma hora em todos, em meio as pessoas, as mãos no bolso e um sorriso no rosto enquanto parecia não enjoar de escutar minha voz falando da mesma coisa pela milésima vez. Eu ainda me sentia culpada pelo o que fiz, mesmo que isso já tivesse passado de talvez um mês. Ainda poderia sentir ele, me matando de saudades de uma forma que não imaginei que algum dia sentiria. Mas são as consequências de fechar os olhos para os próprios sentimentos, que é algo que infelizmente não posso controlar.

Se algum dia eu quis encontrar estabilidade, eu achei. A achei ficando longe daquele homem que eu preferia odiar a amar ou a ser apaixonada e não faço a menor ideia. Sou quase uma adolescente confusa descobrindo o primeiro amor em um jogo da garrafa. Intensa demais, confusa demais. São duas palavras que não combinam e que não deveriam estar juntas, mas estão, e me odeio por isso.

Aos poucos, o sol estava indo embora para dar espaço a neve, e por um momento, esqueci que estamos próximos do Natal. As ruas de Londres já estavam decoradas com luzes, laços vermelhos e árvores de pinheiro decoradas com a cor carmesim e dourado, as pessoas pareciam andar mais alegres nas lojas a comprar presentes e celebrando o feriado. No meio dessas pessoas, o espírito natalino ainda estava longe de bater na minha porta. Provavelmente não viajaria para o Brasil e passaria a festividade aqui, olhando para o Big Bang e esperando que ele badalasse no dia vinte e cinco de dezembro. Minha família estava dividida, separada, e meu pai? Ainda desacordado.

― Feliz dezembro. - escuto mais uma vez aquela voz familiar atrás de mim, olhando os flocos caindo do outro lado do vidro.

― Não existe feliz dezembro. - ri baixo, me virando e dando um pequeno sorriso para Hamilton. ― Mas, feliz dezembro.

Aqueles olhos ainda conseguiam me arrebatar da mesma maneira. Aquele sorriso que mostrava seus dentinhos separados e as linhas de expressão que ele carregava em volta dos olhos, haviam se tornado um lar.

― Você quer, sei lá... - pareceu se perder nas próprias palavras, nervoso talvez? ― Sair para ir tomar um café? Se você não quiser tudo bem mas assim, é...

E eu acho que a primeira vez que o vi nervoso conversando com uma mulher.

― Quer sair para ir tomar um ar? Me parece nervoso, tímido, talvez? Faz tanto tempo que não tem contato com o público feminino assim? - tombei minha cabeça em falsa confusão.

― Por Deus, você nunca muda. - deu um leve sorriso.

― Definitivamente não.

― Mas, sim, todos os dias eu estava passando aqui para te ver, então o único tempo que sobrava era para passar com meus pais ou resolver algumas coisas.

― Não estava se embebedando nos sábados dessa vez?

― Duas semanas. Duas semanas sem colocar uma gota de álcool na boca, ou seja, sem merdas aparentes.

― Estou orgulhosa. - sorri, oferecendo minha mão para batermos um high five.

― Eu descobri um restaurante brasileiro muito bom aqui, se algum dia você quiser companhia.

― Andou frequentando restaurantes brasileiros? Pelo visto, realmente é sua culinária favorita.

― Foi a maneira que achei de me lembrar de você, de me sentir próximo a  você, antes que eu soubesse que você estava aqui. - confessou.

BUTTERFLY EFFECT ⸻ LEWIS HAMILTON Onde histórias criam vida. Descubra agora