𝖲𝖮 𝖠𝖬𝖤𝖱𝖨𝖢𝖠𝖭.

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O aguardado vinte e quatro de dezembro havia chegado, de maneira esperada e talvez não tão alegre. Meus passos faziam um som suave sobre a neve macia e gelada, meus olhos prestando atenção nos flocos que caiam sobre meu rosto, sobre minhas mãos e sobre as diversas roupas que me protegiam do frio intenso que era Londres. Passando entre famílias recheadas de felicidade e risadas, observando luzes e piscas-piscas e laços vermelhos, eu sorria sozinha, para mim mesma, tentando me fazer mais feliz enquanto passava na loja da Louis Vuitton, respirando fundo para decidir o que iria comprar. Havia uma foto gigante de Lewis Hamilton na sua fachada, e eu me pergunto se devo me sentir perseguida ou não. Vagando por pensamentos longínquos e talvez filosóficos demais para uma manhã, que eu preferiria que fosse calma, acabei parando abruptamente no meio da loja. Na verdade, eu não prestava atenção em nada, a mulher ao meu lado balbuciava e eu apenas assentia, fingindo estar interessada no couro de extrema qualidade do produto, como se o mundo inteiro não soubesse disso.

Com uma desculpa esfarrapada e um sorriso torto, acabei saindo da loja como se estivesse fugindo de mim mesma, uma fuga incessante que apenas acabava no pior. Suspirei, assim como as outras pessoas que contavam as horas para chegar a noite. Olhando para meu relógio, acabei mudando meu rumo para uma zona mais afastada de Londres, apenas passando em casa para pegar algumas coisas e indo para o sul, preferindo pegar um trem e chegando a East End. No começo, assim que cheguei aqui, eu vivia nesse bairro, nas suas instituições de caridade, conversando com crianças e brincando com cachorros. Era algo que eu tinha saudades, de caminhar pelas ruas de paralelepípedo completamente desproporcionais e chegar nas casas de tijolos que estavam longe de serem aquecidas. No inverno, muitos animais e muitas crianças morriam de frio, então eu portava uma dúzia de casacos e agasalhos, pronta para bater nas portas de madeira com um sorriso e pedir que a abrissem para mim.

E no final, foi ali que eu passei minha tarde, longe daquelas dúvidas e daquela melancólica que me perseguia, e que agora eu não precisava fugir, até porque não havia motivos quando se estava sorrindo verdadeiramente, não é? Se ajudar as pessoas fosse minha missão no mundo, eu ficaria feliz em realiza-la, escutando várias vozes me chamando de tia a todo instante ou latidos de cachorro junto a fungadas. Natal era símbolo de caridade e gentileza, e não apenas essa data, mas o ano inteiro deveria ser também. Hoje, muitas pessoas viajavam para visitar suas famílias ou passar o dia comprando presentes, que era o que eu iria fazer mas...

Qual seria a graça da vida se tudo fosse uma repetição?

As cores alaranjadas caíam pela cidade como um sonho, com o tom claro e profundo do céu cobrindo o cinza da tarde invernal, testemunhado por mim e por mais algumas pessoas que estavam perto da ponte, sentadas apenas observando o seu redor enquanto...

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As cores alaranjadas caíam pela cidade como um sonho, com o tom claro e profundo do céu cobrindo o cinza da tarde invernal, testemunhado por mim e por mais algumas pessoas que estavam perto da ponte, sentadas apenas observando o seu redor enquanto tomavam café. O líquido preto estava em uma xícara entre minhas mãos, sendo apreciado com destreza e calma. Seu cheiro forte invadia minhas narinas e me acalmava, escutando alguma música natalina de algum cantor de jazz que mostrava seu talento entre as ruas iluminadas. Especificamente, Can't helping falling in love do Elvis Presley, que me faria sorrir como uma boba por seu tom estupidamente romântico que eu amava com todo meu coração.

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⏰ Última atualização: Nov 01 ⏰

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