𝖲𝖠𝖸 𝖣𝖮𝖭'𝖳 𝖦𝖮.

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Dúvidas tomavam conta da minha cabeça como um avalanche. Perguntas e perguntas sem resposta e eu já estava a poucos segundos de enlouquecer. Meus olhos olhavam para o teto bege, controlando minha própria respiração e sentindo meu corpo coberto em suor. Bom, talvez não seja necessário ter um intelecto avançado para descobrir o que eu estava fazendo, ou o que eu tinha acabado de fazer. Mesmo estando cansada, eu ainda conseguia pensar e me questionar tantas vezes a mesma pergunta idiota que eu ainda carregava comigo desde... ontem?. Não sei ao certo. Mesmo que Lewis tivesse me tranquilizado, mesmo que eu estivesse com minha família, eu ainda me culpava, me culpava por motivos que talvez seja cobrança excessiva de mim mesma ou apenas a mais pura verdade incontestável.

Eu deveria estar preocupada demais com meu trabalho e com meu pai, eu deveria estar focando e dando tudo de mim, porém, parece que fazem semanas que minha atenção é apenas sobre o piloto ao meu lado. E eu me sinto culpada com minha alma por isso.

― Tá tudo bem, Yara? - ele perguntou, me olhando com preocupação em seus olhos.

― Por que está me perguntando isso? - respondi - menti - em tom de brincadeira, rindo. ― É a dopamina.

― Não desvia do assunto, você sabe que pode falar comigo.

― É só coisa do trabalho, prometo. - sorri para ele.

― Então, posso ir me adiantando contigo. - respirou fundo e olhou para mim, não de um jeito rotineiro, mas me olhou como se quisesse decifrar minha alma. ― Precisamos conversar.

― De novo com isso, Lewis? Você me trouxe aqui para conversarmos e acabamos assim.

E o que ele disse depois foi como um tiro. Certeiro, frio. Palavras e palavras que saiam de sua boca como um poema, e acabavam como uma tragédia. Meus lábios se abriam para o responder, e nada saía da minha boca. Apenas um som, um fatídico som que pareceu o matar de dentro para fora da maneira mais lenta possível. Meus olhos se arregalaram em surpresa, piscando-os e sentindo as primeiras lágrimas começarem a descer. Eu não estava chorando por causa dele, eu estava chorando por minha causa. Sussurrando e pedindo desculpas e desculpas uma após a outra, como um atropelamento.

Suas palavras ainda ecoavam pela minha cabeça, vivas, brilhantes e mortas. Palavras que eu preferia ter tampado meus ouvidos antes de escutar.

"Você aceita namorar comigo?"

Não era como se isso fosse um castigo divino, não era como se eu estivesse apavorada o suficiente para dizer "sim", porém, eu estava certa demais quando disse "até logo". Eu não queria o ver chorando, não queria o ter machucado, mas acho que isso foi consequência de duas palavras ao invés de uma.

― Por que? - ele se perguntava e perguntava para mim. ― Por favor, me diga apenas, por quê?

― Eu não tô bem. Não bem o suficiente para me dedicar a algo sério. Lewis, eu espero que você entenda, que se eu embarcasse em um relacionamento agora, eu gostaria de me entregar de corpo e alma, intensamente, amar da maneira que eu quero ser amada e não te deixar vivendo de migalhas, e eu me conheço o suficiente para saber que eu ponho o trabalho acima de qualquer coisa e, mesmo que inconscientemente, você poderia acabar ficando de lado. O homem que me criou está a beira da morte, e isso é o que me mata. E, você sabe, todas as suas atitudes que me machucaram foram me fazendo perder o sentimento por você. E, quando eu achei que ele podia voltar, mais uma vez ele foi embora, desgastado em menos de uma semana. - digo tudo de uma vez, tudo que estava entalado dentro de mim a dias.

― Então a culpa a minha? É isso que você está querendo dizer?

― Não. - neguei. ― Definitivamente, não. E, espero que você se lembre, que eu te respondi com um até logo, e não com um não, ou um adeus.

BUTTERFLY EFFECT ⸻ LEWIS HAMILTON Onde histórias criam vida. Descubra agora