Twenty-one

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— Minha filhinha. — a mulher mais velha passava a mão nos fios azuis da sua "pequena". — O que está acontecendo com você, docinho? — pergunta chorosa. — O que fizeram com você, meu amor?

O coração de Sabine se comprimia num aperto doloroso ao ver sua única filha naquele estado, com os lábios esbranquiçados e secos, a pele pálida e gelada sem o seu sorriso brilhante que encantava tanto ela quanto seu falecido marido.

Doía todo seu interior ao ver a azulada não parecer nenhum pouco tranquila mesmo estando dormindo.

As coisas desde que Tom falecera estavam extremamente difíceis e a cada momento e acontecimento que se passava ela sentia isso mesmo tentando fugir de tudo aquilo. Seu maior erro foi ir para Xangai um mês depois do falecimento de seu marido. Não conseguiu estar do lado de sua filha no momento em que sua garotinha mais precisava e isso acabava com a chinesa.

As batidas na porta fazem a mais velha limpar o pequeno acúmulo de água abaixo dos olhos e permitir a entrada de seja lá quem fosse.

A Dupain-Cheng sorri ao ver a cabelereira loira do homem que mais fazia bem para sua filha de uma forma inexplicávelmente linda em seu ver, ela se sentia imensamente grata a ele.

— A senhora não quer ir para casa, não? — pergunta com os olhos cansados e com algumas olheiras suaves, porém visíveis enquanto se aproxima da cama da esposa. — Ela não vai acordar hoje e amanhã ainda tem uma bateria de exames para fazer quando acordar. — passa o indicador pelo rosto pálido da franco-chinesa com cuidado logo dando um selinho nela mesmo que os fios do aparelho interligados atrapalhassem um pouco.

— Não, querido. — umedece os lábios sentindo o salgado das lágrimas. — Estou bem. — abre um pequeno sorriso.

[...]

Aquela noite havia se passado de forma exaustiva, Sabine dormindo em um sofá de couro que havia no quarto privativo e Adrien com suas mãos interligadas a da esposa sentado na poltrona branca ao lado da cama.

As visitas haviam sido liberadas por mais que Marinette ainda estivesse desacordada.

— Mamãe. — a voz doce soava fraca com dificuldade de sair.

Os olhos puxados de Sabine brilharam na direção do rosto angelical feminino que agora possuía mais cor do que no dia anterior por finalmente ouvir a voz da filha.

— Docinho. — sorri aliviada agradecendo por dentro e por fora. — Graças a Deus. — segura a mão que havia o soro interligado beijando as costas da mesma. — Como se sente, meu bem?

Os olhos da mestiça continuavam fechados.

— Mamãe. — ela volta a chamá-la porém com a voz um pouco mais fina do que antes.

— O que foi, princesa? — pergunta preocupada. — Sente dor em algum lugar? — passa a mão pela testa da Agreste verificando sua temperatura.

— Mamãe. — resmunga novamente. — Eu não quero.

— O que você não quer? — acaricia os fios azulados.

A frase da mestiça se repete por vários momentos fazendo Sabine pensar que aquilo fosse apenas um delírio ou um sonho da filha.

— Adrien. — a voz soava frágil.

— Ele foi comprar um café para sua pobre mãe. — a mais velha toca com leveza no nariz arrebitado da primogênita como quando a mesma era apenas uma criança. — Não seja egoísta.

A porta é aberta revelando dessa vez Alya, o casal Graham e Adrien.

— Como ela está, Sabine? — a Lahiffe vai até a amiga depositando um beijo na testa da mesma e se sentando na outra poltrona ao lado da cama.

Back to black [Adrinette]Onde histórias criam vida. Descubra agora