A mulher de fios azuis encara a tela de mensagens vendo o que seu marido havia a enviado fazendo com que a mesma sorrisse de leve com aquela simples, porém totalmente fofa mensagem que brilhava no celular.
"Por que não me avisou que alugou mais um triplex em Paris, My lady?" — era o que o cavaleiro francês dizia em seu primeiro envio há poucos minutos atrás.
"Triplex, amor? Não estou sabendo disso não." — ela passava os pequenos dedos pelas letras na tela concentrada em respondê-lo de volta sem entender aquilo. — "Deve ser um engano, porque não aluguei nadinha. Aonde é esse tal triplex?"
"Aonde mais seria?" — as sobrancelhas azuladas se arqueavam confusas com a pergunta dele enquanto aguardava o loiro terminar de digitar mais uma mensagem. — "Na minha cabeça."
Aquilo era tão bobo, porém tão especial ao mesmo tempo que acabava sendo difícil decidir se achava brega mais uma das milhares cantadas idiotas galanteadoras do gatuno ou se deixasse as palpitadas gostosas em seu coração e as famosas borboletas agitadas pensarem o contrário disso.
"Gato idiota." — a Agreste manda a mensagem junto de uma figurinha com uma coreana bebê com as mãos no rosto reprovando aquela ação.
Tanto as orbes azuis quanto as esmeraldinas se perdem por alguns meros segundos naquela figurinha sentindo o enorme vazio em ambos os peitos começarem agora a ficar doloridos pela imagem da menininha de olhos puxados e fios escuros, por mais que estivessem separados a dor era a mesma e garota não saia dos olhos do casal.
" Será que Emma um dia seria assim se tivesse a chance de viver até os cinco aninhos?" — aquela pergunta não sairia de suas mentes tão facilmente.
E era quase impossível não se lembrar de seu pai quando o assunto se baseava na recém-nascida. Duas perdas de uma vez só fora um golpe bem pensado pela italiana vingativa e a mesma conseguiria exatamente o que planejava com tudo isso, instalar sua arqui-inimiga no mais denso e fundo poço que estivesse ao seu alcance.
Tom era um puxa-saco da filha e não seria nada menos do que o mesmo com a neta que na época ainda não havia vindo ao mundo.
Apenas quando uma das lágrimas da mestiça chegam a cair na película de vidro do aparelho a molhando fazem a designer acordar da espécie de transe que havia entrado naquele momento. Sua atenção vai até a bolsa da Fendi em cima da cômoda ao seu lado buscando por uma caixinha específica no fundo da mesma com extrema pressa.
Quando ela encontra o que tanto buscava seus olhos pairam na caixa preta elegante com letras em dourado retirando um maço de cigarro dali e colocando rapidamente sobre os lábios sentindo o volume das lágrimas aumentarem seu fluxo freneticamente logo sendo possível ouvir seus soluços abafados. A outra mão subia até o peito onde seus batimentos cardíacos também se encontravam agitados e rápidos.
O tremor vindo do aparelho que havia acabado de deixar sobre a fronha da cama de casal a assusta fazendo com que deixasse a caixa de cigarros em algum canto qualquer, mas ainda com um maço presente na boca. Sem ligá-lo ela encarava agora o celular sentindo sua garganta formar um grande nó junto de seu estômago que se revirava.
"Eu te amo, princesa. " — aquelas simples três palavrinhas eram armas contra a mulher que a desarmava totalmente em qualquer situação em sua vida. — "Você é tudo para mim, mon amour."
O maço de cigarro simplesmente escorrega por sua boca assim que ela a abre de leve deixando-o cair junto das outras lágrimas ainda ali naquele instante. Sua mão vai até seu pescoço tentando de algum jeito diminuir ou reduzir o enorme desconforto na garganta.
"Eu também te amo, mon chaton." — as pontas de seus dedos estavam geladas e tremiam falhando de leve ao digitar. — " Estou com saudades, volta logo. "
E naquele momento ela deixava o celular de lado e empurrava todas as outras coisas a sua volta ao chão, seus braços abraçavam ela mesma em busca de um conforto que só Adrien poderia entregá-la e era frustrante não estar com o loiro naquele momento com ela.
[...]
A japonesa olha para o marido pela grande parede de espelho do quarto de hotel vendo o loiro se aproximar o suficiente para deixar alguns selares carinhosos pelo pescoço feminino fazendo com que a mesma soltasse um fino gritinho pelos arrepios que sentia naquele lugar quando o Graham fazia aquilo.
— Ainda não acredito que a esgrimista mais talentosa do século me escolheu. — abraçava o corpo da esposa começando pelos ombros desnudos.
— Não seja ridículo, amor. — dizia aquilo com um sorriso bobo estampado no rosto.
Um silêncio confortável acaba se iniciando entre eles, mas nenhum dos dois sai da posição de antes, pelo contrário, continuam naquilo até um se prestar a voltar a falar.
— Você não deveria falar com o Adrien sobre o que vai acontecer quando vocês encontrarem... Lila? — começa com uma conversa que o londrino com certeza não gostaria de ter naquele momento.
Ele umedece os lábios desfazendo um pouco do aperto e se afastando para pensar melhor sobre aquilo, aquela discussão entre o casal já havia dado algumas voltas, mas ainda não tivera uma solução razoável que ambos concordassem.
— Não, não deveria. — o loiro tenta ser menos grosso possível, porém também curto em sua resposta. — Meu primo sabe muito bem o que vai fazer, sem ou com a nossa permissão. — seus passos vão até a grande cama de casal sentando no colchão. — E sinceramente, ele tem todo direito para isso.
O suspiro da Tsurugui deixava bem clara a sua insatisfação sobre aquilo.
— Adrien não é um assassino, nem a Marin. — diz firme o encarando seriamente.
— Aquela dissimulada matou o pai dela e a bebê que eles estavam esperando, você viu como o meu primo quase perdeu a mulher que ele amava também. — pega a gravata preta ao seu lado colocando ao redor do pescoço. — Você se lembra como a Marinette ficou com a morte de Tom? Foi um milagre Emma ter resistido por tanto tempo no ventre dela.
— A morte da nossa sobrinha não foi culpa da Marin, foi culpa daquela louca, Félix. — o corrije irritada cruzando os braços.
— Exatamente por esse motivo Adrien tem todo direito de se ver livre daquela assassina. — deixa tapinhas sobre sua coxa convindando a azulada para se sentar ali. — E nada melhor do que ele mesmo acabando com tudo isso de uma vez.
A mulher desvia um pouco seu olhar do esposo perdendo um pouco da seriedade anterior e indo até ele se sentando aonde o mesmo havia indicado poucos momentos antes.
— Não me entenda mal, ma chéir. — segura firme o ombro feminino de frente para ele a entregando segurança. — Não queria dar a entender que a morte da nossa sobrinha recaísse em Marinette, estou a par dos acontecimentos e sei que ela e Adrien foram os mais afetados, só queria enfatizar que além dos abortivos, Lila já tentava afetar a gravidez deles há meses... e de certa forma conseguiu, não foi uma gravidez fácil com a Marin de luto.
— Tem razão, foi muito difícil e doloroso. — concorda baixo se recordando.
— Sinto que tudo aquilo fora apenas um joguinho para ela, parecia mais uma tortura pequena para desestabilizá-los até algo maior. — suspirava massageando as têmporas um tanto preocupado.
— Mas ainda acho que há a possibilidade dele se arrepender se matá-la, Adrien é um homem bom. — deixa seus braços em volta do pescoço do Graham assim que o homem desce com sua mão para a lombar de sua mulher.
— Talvez outra pessoa deva fazer isso por ele, alguém que não vá se arrepender. — encara a japonesa de volta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Back to black [Adrinette]
FanfictionPessoas mudam, mas nem sempre são para melhor. Algumas ganham um brilho especial e outras perdem os seus e ganham uma luz nova ou até mesmo, a ausência dela. Acontecimentos e pessoas influenciam essas mudanças e isso ficava cada vez mais óbvio para...