Capítulo 9

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Levantei em um pulo. A minha disposição renovou desde a minha conversa com Glimmer e eu planejei muito no que dizer para a Adora.

É claro que não estou criando expectativas, mas eu quero tomar alguma atitude.

Coloquei meu uniforme e me senti um pouco estranha. Havia esquecido de como era a sensação de estudar após quatro dias sem ir (fora o fim de semana), foi quase como um sentimento de nostalgia para alguém que terminou o colegial há quatro anos, mas na verdade, é só a vagabunda aqui que faltou a semana inteira e resolveu tomar vergonha na cara.

Me despedi da minha mãe e fui verificar a casa da Adora. Nem sinal da loira.

Olhei para o céu e não avistei nenhum mísero sinal do céu. O dia estava completamente nublado e frio, faltando apenas o brilho amarelo e quente para ter o clima favorito da Adora.

O horário que eu acordo é o horário que ela chega na escola, isso é um dos inúmeros pontos que eu admiro nela. Sempre pontual, e sempre que pode, ainda chega adiantada para garantir a pontualidade.

Eu sou o completo contrário. Não chego atrasada ou adiantada, mas faço questão de chegar exatamente no horário para não ficar esperando.

Apesar desse pensamento, chego na escola quinze minutos antes da aula começar de forma estratégica. Procuro Adora por cima da cabeça das pessoas e não encontro.

Corro pela escola preocupada com o horário e a encontro no ginásio. Ele estava vazio, me pergunto o que a trouxe aqui.

Corri até ela para conquistar a sua atenção, mas quando a consigo, não recebo a reação que eu esperava.

— Adora! — Gritei para que escutasse e parei em frente a ela, me fazendo lembrar da vez que Adora enfrentou a chuva para chegar até mim

Ela me olhou com um olhar vazio, sem um sorriso de canto ou a expressão tímida que costumava ter ao me ver chegar.

— Catra... O que foi?

Balanço a cabeça para não focar meus olhos nos seus, apesar de ser uma tarefa quase impossível. De forma um tanto decepcionante, não consegui observar meu reflexo em seus olhos como costumava fazer. Ao invés disso, sou quase capaz de compará-los com o dia nublado que está hoje.

— Eu só queria falar com você sobre aquele dia na festa da Scorpia — Comecei — Aquilo me marcou, sabe?

Ela me olhou como se eu acabasse de cuspir nela.

— Catra, que merda você tá falando?

Aquelas palavras soaram como um soco no meu estômago, não só pela frase, mas pela maneira como foi dita, pela tonalidade da voz. Ela falou de forma arranhada, áspera e completamente natural, como se eu fosse uma completa estranha ou obcecada maluca.

É, talvez eu seja mesmo uma obcecada maluca.

— Estou falando do que aconteceu na semana passada, Adora. Foi em vão?

Ela me encarou de uma forma diferente, agora tomada por decepção e tristeza, como se estivesse agonizando para conter as lágrimas.

— E você realmente acha que tem propriedade pra perguntar se "foi em vão?" Você simplesmente sumiu por quatro dias sem responder nenhuma mensagem minha depois de ter retribuído aquela declaração que te fiz. Você acha que pode simplesmente reverter a confusão que fez na minha cabeça? — Quanto mais ela falava, mais tensa e trêmula ficava a sua voz, se juntando com a raiva que a mesma acumulou por tantas horas sem respostas ou atitudes minhas — Sinceramente, Catra, eu não quero mais nada com você.

Suas últimas palavras me deixaram totalmente sem reação, como se todos os ossos do meu corpo se quebrassem em pedaços minúsculos até virarem pó.

Eu vi ela sair da quadra e ficando cada vez menor proporcionalmente.

Entre Medos e Incertezas - CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora