Beatriz foi mãe muito jovem e passou a vida se dedicando a sua filha. Devido seu histórico familiar complicado, decidiu se manter distante de todo e qualquer relacionamento amoroso. Tem alcançado seu objetivo com êxito, mas o garoto de intenso olhos...
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Lágrimas preenchem meus olhos quando a vejo parada em frente ao espelho. O vestido branco de tule e renda deixa sua aparência mais jovem e angelical. A metade de cima do cabelo está presa e o resto solto, o penteando valoriza seus cachos e flores brancas o enfeitam por todo o comprimento.
— Está tão linda.
Vira para mim sorrindo.
— Fiquei bonita, não é?
Sorrio me aproximando.
— Bonita você fica quando acorda de cara amassada, filha. Você está maravilhosa. Está perfeita. A noiva mais linda que já vi.
— Obrigada, mainha.
Me envolve em um abraço desajeitado, se afasta um pouco, me olhando de cima à baixo.
— A senhora também está linda. Maravilhosa.
Enxuga meus olhos.
— Não chora.
— Você também tá chorando.
— Vou casar. Estou feliz e assustada, sempre vivi sob sua proteção e agora vou ter que sair da barra da sua saia e enfrentar o mundo por mim mesma.
Sorrio entre as lágrimas.
— Não importa o que aconteça, você sempre terá a mim. Sempre. — enxugo suas lágrimas. — Estaremos a menos de uma hora de distância, você sempre terá meu colo para chorar ou meu abraço pra comemorar as conquistas. Casada ou não, sempre será minha bebezinha.
Balança a cabeça fungando.
— Eu te amo, mainha. Obrigado por ser uma mãe tão incrível e por ter me criado com tanto amor. Obrigada por ser minha melhor amiga, por me apoiar quando estava certa e me corrigir quando estava errada. E por me abraçar quando eu tava errada também, e isso aconteceu muitas vezes. Muitas mesmo — sorrimos. — Eu te amo muito mesmo.
— Eu também te amo muito, minha princesa.
Me afasto dela, pegando lenços de papel na escrivaninha. Relutante em sair de casa, Hellen optou por se arrumar aqui, é uma forma de se despedir do quarto que a pertenceu durante os últimos cinco anos.
— Graças a Deus é tudo a prova d’água — comenta risonha, o corpo inclinado sobre a penteadeira enquanto seca cuidadosamente as lágrimas.
— Tem certeza que vai mesmo fazer isso? Ainda dá tempo de fugir — a voz brincalhona chega até nós.
Olho para baixo com o cenho franzido.
— Você enlouqueceu? — questiono em tom baixo, porém indignado, para meu coração louco que ousou acelerar apenas por ouvir a voz desse pirralho.
Ao olhar para o lado, vejo Hellen dar um tapinha no braço dele sorrindo. Gustavo, por sua vez, também tem um sorriso gigante no rosto.
Carinhoso, puxa minha filha para seus braços, apertando-a entre eles. Beija sua testa e se afasta.