Beatriz foi mãe muito jovem e passou a vida se dedicando a sua filha. Devido seu histórico familiar complicado, decidiu se manter distante de todo e qualquer relacionamento amoroso. Tem alcançado seu objetivo com êxito, mas o garoto de intenso olhos...
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Mal estaciono o carro e Hellen corre para o fora, abre o portão de ferro e invade a casa do avô gritando:
— VOVÔ, EU VOU CASAR! — Seu tom um tanto infantil me arranca uma risada.
É impressionante como ela sempre parece voltar a ser uma garotinha manhosa e mimada quando entra na casa do avô. Ela é muito apegada e loucamente apaixonada por ele, mas eu a entendo, ele foi o pai dela, assim como foi o meu. Cuidou de nós duas quando ficamos desamparadas e não me deixou sucumbir a dor.
Fecho o portão de ferro e observo o jardim bem cuidado. Não cheguei a conhecer minha sogra, mas seu Elias sempre contou como ela era apaixonada pelo jardim, por isso sempre fez questão de manter as flores e plantas bonitas e bem cuidadas.
Fecho o portão e a porta da casa, que minha filha apressada deixou aberto, e entro, encontrando ela na cozinha com o avô e tia. Eliane mora com o pai há cinco anos, desde que se divorciou do marido e voltou para Pernambuco com a filha.
— Como assim nossa menina vai casar? — Pergunta quando me vê. — Parece que foi ontem que eu tava desmaiando no hospital depois de ver a cabeça dela saindo.
Rio.
— Pois é, né. Nossa garotinha chorona cresceu rápido.
Me aproximo de meu sogro, beijado a cabeça dele.
— A benção.
— Deus te abençoe, minha filha.
— É de quê? — Eli pergunta, retirando da minha mão a sacola com a logo da minha confeitaria.
— Tem dois, um de fubá e outro de laranja com cobertura de chocolate.
Revira os olhos fazendo som de satisfação com a boca.
— Vão lá para o quintal enquanto eu preparo um café — seu Elias sugere e nós concordamos.
Eliane e eu fazemos conforme sua sugestão e sentamos na mesa de madeira de oito lugares. Hellen nos abandona informando que vai ligar para a prima e nós duas conversamos sobre a vida. Seu Elias não demora a chegar, assim como Hellen e passamos uma tarde muito agradável com eles.
— Filha, vamos? Já tá quase na hora do seu estágio.
— Já? — Confere o celular. — Poxa, eu queira ir lá na vovó e na bisa antes de ir.
— Depois você faz isso, vamos?
Seus olhos, de um azul esverdeado muito bonito, me analisam com atenção. Vejo quando a compreensão toma seu rosto e ela entende que fiz de propósito para não ir lá.
— Tudo bem, eu vou lá outro dia.
Nos despedimos de seu Elias e da filha, Hellen promete voltar com JP e vamos embora.
Quanto mais me distancio daquela rua, mais o peso em meu peito diminui. Acho que nenhum filho deveria se sentir assim ao pensar em ver a mãe, mas é como me sinto e isso é muito triste.