II

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Contámos a vida um ao outro e conversámos de tudo como se nos conhecessemos desde sempre.  Éramos da mesma Universidade, mas nunca nos encontramos ou talvez nunca tivéssemos reparado um no outro.

- Quando vais para casa?  perguntei eu já curiosa.

- Vou amanhã para Viseu.  Os meus pais vieram e volto com eles, e tu?

- Infelizmente os meus não puderam vir e eu só vou regressar para a semana. Moram um pouco longe e para eles é difícil.
Comprometi-me com a senhora que me acolheu e preciso ficar mais uns dias.

- Já tens prospectivas de onde vais exercer?

- Nem um pouco.  Talvez vá para Inglaterra.

Rodolffo entregou-lhe o telemóvel e pediu para gravar o número dela.  Fez uma chamada para que ficasse o dele também gravado.

- Vou salvar com o nome de Chorona.

Juliette deu um tapa no braço dele.
Ele passou o braço pelo ombro dela e roubou-lhe um beijo.

- Vou gravar o teu com Safado.

- Safado eu?  O menino mais comportado desta Universidade.

- Faço ideia quantos corações ficaram a chorar.

- Nenhum.  Não parece mas sou tímido.  É a primeira vez que eu fico tanto tempo a falar com uma mulher.

- Porque das outras vezes estás a fazer outras coisas, não?

- Juliette! Por quem me tomas?

- Conheço o tipo, Rodolffo!

- Esses são os que tu conheces.  Eu não sou assim.  Só me envolvo se houver mais que atracção física.

- Como o quê,  por exemplo?

- Um bom papo.  Dou muito valor às conversas.  Se não fosse assim não tinha passado aqui a noite na conversa.

- Verdade.  Já é de dia.  Daqui a pouco os teus pais vão à tua procura.

- Se eu adiar a minha partida, sais comigo esta noite, ou não podes?

- Posso.  A senhorinha não precisa de mim à noite.

- Então,  posso falar com os meus pais para eles irem embora?

- Isso eu não posso decidir, mas eu saio contigo sim.

- Vamos procurar um café que já esteja aberto para tomar o pequeno almoço.  Estou morto de fome.  Ontem foi mais bebida que comida.

- Não bebi muito.  Sou fraca a beber.

Depois de tomarem café no largo da Sé, onde o estabelecimento abre às 6 da manhã,  Rodolffo foi a pé com ela até à sua residência.

Roubou-lhe outro beijo e seguiu até à República que contava deixar hoje.
Decidiu ligar aos pais.  Como não havia segredos entre eles contou exactamente que tinha conhecido uma jovem e ia ficar mais uma semana.
Pediu para os pais deixarem o quarto do hotel reservado pois ele devia deixar a república.

Combinou almoçar com eles pois só partiam às 15 horas.  Entrou na república e deitou-se para dormir um pouco.

A dúvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora