VIII

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Três meses depois...

A princípio a conversa entre os dois era bastante regular.  Com o passar das semanas tornou-se quase inexistente.   Rodolffo não ligava e Juliette esperava a chamada que não vinha.

Hoje decidiu ligar.

- Oi chorona fugida!  Como estás?

- Bem.  Queria saber de ti.  Nunca mais ligaste.

- Tenho andado ocupado.  Muito trabalho e ...

- E o quê,  Rodolffo?

- Estou namorando,  Juliette.

- E isso interfere nas amizades?

- Ela é ciumenta.

- Ok.  Percebi.  Felicidades Rodolffo.

- Já...

Ia perguntar sobre trabalho mas ela já tinha desligado.

Um dos motivos da chamada era para contar sobre duas proposta de 2 hospitais de Londres.

Após desligar, Juliette decidiu enviar a resposta a um deles e aceitar.   Tinha uma semana para chegar lá e começar a trabalhar.  O hospital garantia alojamento para os primeiros meses  e ela não exitou.

O pior foi convencer os pais, mas depois de muito argumentar, não teve como.  Juliette partiu debaixo de lágrimas, mas com muita esperança no futuro.

Rodolffo estava em casa quando recebeu o telefonema de Juliette. Ana estava do lado dele.

- É uma amiga da faculdade.

- Põe no viva voz.

Rodolffo sabia que se não o fizesse ia haver discussão.  Nos últimos três meses conheceu Ana uma paciente da clínica e logo se envolveram.  Faz uma semana que ela veio com a novidade de estar grávida e Rodolffo resolveu assumir o namoro.

- Parece que a tua amiga não gostou muito de saber que estavas namorando.

- Impressão tua.  A Ju é de boa.

Mudou o rumo da conversa e o assunto morreu ali.

Juliette chegou a Londres.  Logo de caras detestou.   A cidade era cinzenta sempre coberta de nevoeiro, mas não tinha outro jeito senão aguentar.

O inglês aprendido ao longo do seu caminho académico facilitou a integração e apesar de não falar fluentemente,  tinha as bases suficientes para se fazer entender.

Mergulhou no trabalho, e que trabalho.  Nada do que aprendem na Universidade se compara ao verdadeiro desafio diário, mas Juliette estava feliz.  O que a deixava para baixo eram as queixas dos pais.

Quando ligava para eles ficava muito em baixo, no entanto a qualidade de vida que lhe podia proporcionar, compensava um pouco a tristeza.

Um ano depois alugou o seu primeiro apartamento.  O alojamento do hospital não sendo mau, não lhe dava muita privacidade pois havia que partilhar tudo com outros residentes.

Juliette trabalhou muito e venceu também,  mas o destino preparava-lhe uma rasteira.  Dois anos após a sua partida para Londres os pais faleceram.  Um seguido do outro.

A mãe morreu vítima de um problema cardíaco e o pai morreu no dia seguinte por excesso de medicamentos.   Tomou um frasco completo pois não se via sem a sua Bárbara,  companheira de uma vida.

Juliette veio a Portugal para enterrar os pais, mas depressa regressou e mergulhou no trabalho.

A dúvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora