Não tenho a certeza de ter feito o correcto, mas não avisei a Juliette da minha mudança.
Ultimamente temos conversado muito sobre nós e vejo que ela está mais flexível. Menos duvidosa.
Ontem a noite conversámos em chamada de vídeo e ela pareceu-me feliz.- Tu não tens férias? Desde que nos voltámos a falar é só trabalho.
- Vou tendo uns dias quando me sinto cansada.
- Isso não é nada. Férias a sério. De ir passear, conhecer outros lugares, vir visitar-me.
- Gostavas, não?
- Ia amar estar contigo, Ju. Sabes disso.
- Vem cá.
- Vem cá. Falas como se estivesses aqui na aldeia ao lado. E se estivesses não me chamavas.
- Chamava. Estou com saudades.
- Que avanço. Só falta um eu te amo.
- Vem cá que eu digo.
- O quê?
- Isso mesmo. Digo pessoalmente.
- Olha que eu vou. Podes marcar o hotel.
- Ficas comigo.
- Vou amanhã. A que horas estás em casa?
- Amanhã estou de folga. Preparo o almoço e trazes o vinho.
- Aceito. Gostas de judiar. Se eu pudesse não estavas com essa conversa.
- Estou a ser muito sincera. Como há muito não era.
- Falas sério. Ainda tenho chances?
- Tens-me conquistado com a tua paciência. Só a distância é que atrapalha. Como é que se namora à distância?
- Não faço ideia. Nunca namorei.
À distância, claro.- Será que os amores resistem à distância?
- Alguns sim, mas é difícil. O que vais preparar para almoço? Eu falo sério. Vou almoçar contigo.
- Não brinques, Rodolffo.
- Pronto, agora estou a brincar. Quando vais levar-me a sério?
- Nunca, seu brincalhão. Vai dormir. Tens plantão cedo.
- Pois tenho. Bem cedinho. Beijo, amor. Até amanhã.
- Até amanhã, beijo.
...
Triiiimmm, triiiimmm.
Juliette abriu a porta e ia tendo um treco ao ver Rodolffo de mala na sua frente.
- Chegou o vinho, senhora.
- Rodolffo! Tu és doido? Como assim, estás aqui?
- Eu não quero mais mentiras entre nós. Eu disse que vinha e vim.
- Entra. Deixa-me acalmar senão vou ter um treco.
- Podes acalmar nos meus braços. - disse ele enquanto a abraçava.
Abraçou-a e beijou-a pois as saudades eram muitas. Ela correspondeu e levou-o até ao sofá.
- Conta-me lá como é essa história que eu não estou entendendo nada.
- Vim para ficar. Aqui contigo ou no hotel, a escolha é tua. Não quis avisar-te porque queria que fosse surpresa. Vim para trabalhar no mesmo hospital que tu.
- Mas tu gostavas de trabalhar na clínica. E quando te candidataste?
- E não deixei de gostar, só que não estavas lá comigo. Entreguei a candidatura quando estive cá de férias contigo.
- Largaste tudo para estares comigo?
- Foi. Só por isso mesmo. Não fazia sentido para mim e agora é contigo.
- Eu não sei o que dizer, Rodolffo! Estou sem palavras.
- O que ias dizer-me pessoalmente. Já estou aqui, podes dizer.
- Eu te amo e estou cheia de saudades.
- Também te amo e o meu lugar é contigo se me quiseres.
Juliette respondeu sentando-se no colo dele e tomando os seus lábios num beijo cheio de desejo.
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A dúvida
FanfictionDuvida que possa esperar? Duvida que possa partir e recomeçar? Fica então "A dúvida"