XXI

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Juliette esperava o melhor momento para falar com Rodolffo.   Andava nervosa pela casa, de um lado para o outro.

- Ju!  Vem sentar-te aqui junto de mim.  Fala o que te incomoda.

- Eu fiz uma coisa que não acho certa, mas eu também tenho meus erros e fiz.

- Estou até com medo de perguntar.
Fala o que fizeste de errado?

- Lembraste da nossa conversa sobre regressares a Portugal?

- Outra vez esse assunto?  O que foi agora?

- Eu falei com o director da clínica e disse que tu ias regressar  quando terminasse os seis meses de contrato.

- É o quê?  Como é que tomas uma decisão dessas sem a minha concordância?  Juliette, assim não vai dar certo.

- Calma, amor!  Eu tenho certeza que só não ias tomar essa decisão por mim.  Nada mais justo do que eu decidir.  Não quero ver-te infeliz.

- Mas vou ser infeliz de qualquer jeito.  Só que, melhor infeliz contigo do que sem ti.

- Eu impus uma condição para o teu regresso.

- Lá vem.  Juliette tu só me complicas.

- Escuta!  Eu pedi um lugar para mim também.  Era essa a condição,  eu ir junto.

- Verdade?  E eles aceitaram?

- Sim.  Só que eu não posso ir quando tu.  O meu contrato ainda não termina para já.

- Eu vou ficar lá sozinho?  Não gostei.

- São só alguns meses.  O tempo passa rápido.  Tu vais arranjando a nossa casinha para me esperares.

- Eu quero fazer isso contigo.  Quero que a casa seja a cara dos dois.

- E vais ficar onde?

- Alugo um quarto ou um apartamento pequeno.  Ah!  Mas não vou gostar de estar sózinho.  Falta-te quanto tempo de contrato?

- Cerca de 8 meses.

- Quero não.   Ficar 8 meses sem te ver?

- Juntas as folgas e vens cá.  Ou eu vou lá.  São 8 meses que passam rápido. Não estejas bravo comigo!

- Não estou bravo.  Isso mostra que te preocupas.  Tu gostas de estar cá.

- Gosto, mas confesso que de inicio foi o dinheiro que me atraiu.  Hoje dou mais valor a outras coisas e os nossos salários lá serão suficientes para termos uma vida digna, os dois.
Dois ou mais.  Assim que estivermos estabelecidos vou querer um bébé.

- É o meu sonho, também.   Por mim já havia aqui dois ou três.

- Toma juízo.   Quem vai parir e carregar eles nove meses sou eu.  Então,  muita calma nessa hora.

- Mas se viessem gémeos era muito bom.

- Não sonhes.   Na minha família nunca houve gémeos.   Só se na tua.

- Na minha não sei.

Aproximei-me dela e fui fazendo carinhos na sua barriga enquanto a beijava.

- Não vejo a hora dessa realidade acontecer.

Juliette subiu no meu colo e logo ali fizemos amor.
Não sei como vai ser.  Eu estou viciado nesta mulher.  Separar-me dela vai doer muito.

A dúvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora