Durante a tarde liguei para Portugal.
- Desculpa Rodolffo. Se calhar falei demais. Não contaste à tua companheira?
- Não, mas está tudo bem. Hoje vamos conversar e depois eu dou-lhe a resposta, mas na certa fico por cá.
- Eu aguardo o teu telefonema. Como está tudo aí?
- Fora as saudades de Portugal está tudo bem.
- Ok. Liga-me.
- Ligo sim. Obrigado.
Mais tarde em casa...
- Vamos lá conversar, mas ouve com atenção. O que vou dizer nunca foi posto no mesmo prato da balança que vir para cá.
Quando eu recebi a resposta da candidatura daqui do hospital, recebi uma proposta do meu chefe.
- E era o quê?
- Assumir a chefia da clínica. Ele vai aposentar-se dentro de dois meses.
- Eu optei de caras por vir, mas ele disse que esperava seis meses, daí a clausula do meu contrato ser de seis meses, porque ele garantia e tinha a certeza que eu voltava atrás.
- Mas se não fosse por mim tu ficavas lá? E quando ias contar-me dos seis meses de contrato?
- Sim. Vim por ti. Sabes que lá eu também ganhava razoavelmente. Não pensei nisso de prazos. Depois renovava.
- Não ponderaste em nenhum momento ficar?
- Não. Sabia que se ficasse ia perder-te, e isso estava fora de questão.
- O que disseram os teus pais?
- Deram-me a bênção. Nem fizeram pressão para me demover.
- Então a culpado sou só eu?
- Culpada de quê?
- De estares infeliz aqui.
- Não tens culpa de nada. Eu quis vir, eu amo-te e vou estar onde estiveres.
Juliette ficou calada por momentos. Estava pensativa.
- Em que pensas?
- Que isto tudo é uma treta. Não vaí dar certo, Rodolffo. Mais tarde virão as cobranças, as desilusões.
- Vês, porque eu não te contei? Não quero que te sintas culpada.
- Mas sinto. Devias ter-me dito antes de vires. Não podias ter resolvido sózinho.
- Era a minha vida, Ju. Eu fiz o que achei melhor para os dois. Eu queria estar contigo e tu estavas aqui.
- Eu sei que foi assim, mas responde-me sinceramente. Se não existisse mais nós, tu regressavas?
- Não estás a pensar em besteiras?
- Não estou. Responde só. Imagina que não deu certo connosco, tu regressavas?
- Só se não houvesse a mais ínfima hipótese de ficarmos juntos. Aí sim, eu regressava.
- E se eu quiser que vás?
- Não vou. Sem ti não vou a lado nenhum.
- Também não quero que vás.
Não respondas ainda. Havemos de estudar bem essa proposta.Juliette sentou no colo dele e começou a beijá-lo. Logo estavam no quarto fazendo um amor gostosinho.
Acordou na manhã seguinte muito bem disposta. Só ia para o hospital ao final do dia. Rodolffo pelo contrário já tinha ido.
Procurou o número de telefone da clínica em Portugal e resolveu ligar.
- Até que ponto deseja o Rodolffo aí?
- Não vejo outro a ocupar o meu lugar. Vou ficar triste se acontecer.
- Não vai acontecer. O Rodolffo vai assumir a chefia da Clínica na data que for necessária.
- Ele está tão certo de que não volta, como vai fazer doutora?
Conversaram durante quase uma hora e depois de se despedirem, Juliette estava certa de que o caminho era esse. Imediatamente começou o plano.
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A dúvida
Hayran KurguDuvida que possa esperar? Duvida que possa partir e recomeçar? Fica então "A dúvida"