XIX

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Quatro meses tinham passado desde a chegada de Rodolffo, mas ela notava que ele não estava bem.

Apesar de nunca se queixar ela por diversas vezes  encontrou-o pensativo e de olhos fechados.

- O que tens?  Eu sei que algo se passa.  Diz-me.

- Promete não te zangares.   Eu  estou feliz contigo, mas não estou feliz longe do meu País.

- Eu já tinha percebido.  E não me zango.  É perfeitamente normal.  O que queres fazer?

- Nada.  Eu propus-me a vir e aqui vou ficar contigo.  Talvez com o passar do tempo, melhore.  Só passaram quatro meses, é muito pouco.   Como foi contigo?

- Adaptei-me muito bem, mas tinha muitas saudades dos meus pais e do sol.

- É, o sol faz uma diferença doida.

- Vamos lá nas férias.

- Não te preocupes , amor.   Vai passar e eu estou feliz contigo.

Uns dias apôs esta conversa Rodolffo estava a almoçar na cantina do hospital.   Juliette veio um pouco mais tarde, já ele tinha práticamente acabado.

- Demoraste.

- Tive que ver uma paciente de urgência.  Já terminaste?

- Já.  Hoje não tenho muita fome.  Mais tarde faço um lanche, mas agora preciso ir.

- Vai lá.  Até já.

Rodolffo saiu e só depois Juliette verificou que ele tinha esquecido o telemóvel sobre a mesa.

Guardou-o no bolso.  Depois iria entregá-lo.

Estava a terminar o café quando o mesmo tocou.   Olhou para o ecrã e verificou que era da Clínica de Portugal onde ele trabalhou.

- Oh gente!  O que se passa?  Vou atender.

Ao perceber a voz de mulher, do outro lado disseram.  Desculpe, pensei que este número era do doutor Rodolffo?

- É sim.  Ele esqueceu-se dele comigo.  Vou entregar-lho mais tarde.  Posso transmitir-lhe alguma informação?

- Não.   Diga apenas que o nosso prazo está acabando.  Preciso da resposta final dele.  Diga só isso.

- Posso saber do que se trata?  Sou a companheira dele.

- Diga apenas isso.  Ele vai entender e se quiser que conte ele mesmo.  Obrigado.

- De nada.

Juliette ficou inquieta.  Tinham prometido não ter segredos, mas pelos vistos da parte dele havia alguns.  Bateu à porta da sala dele e entrou.

- Ligou o teu ex director.  O que se passa, Rodolffo?  Desculpa ter atendido.

- Não tem importância.   O que ele disse?

- Nada.  Só que precisava da tua resposta final.  Que resposta, Rodolffo?  Que segredos escondes?

- Podemos conversar em casa, mais tarde?  Não é nada demais, só uma opção que eu tomei e ele não aceitou.  Deu-me um prazo, mas conversamos depois,  pode ser?

- Já não gostei, mas nada posso fazer senão esperar.  Vou para a minha sala.

Ia a sair quando ele me puxou para um beijo.

- Não fiques brava.  Amo-te.

- Não estou.  Também te amo.

A dúvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora