Rodolffo foi ter com o pai, deu-lhe um beijo e pediu para ele entrar em casa que precisavam conversar.
- Vou já filho. Deixa-me só regar estas mudas de flores.
Rodolffo regressou à sala.
- Filho! O que ela viu foi só um beijo. Não tive nada mais com ele.
- Quem era?
- Um senhor que trabalhava no centro de saúde. Já não mora cá há mais de três anos.
Ela tinha ido lá com uma amiga, logo depois de ficar contigo e viu-nos no carro dele trocando um beijo, mas juro que foi só isso. Depois disso inventou a gravidez e arranjou o resultado positivo.- Para esconder o teu erro deixaste que ela me enganasse e infernizaste-me a vida.
Vais contar isso ao pai. Acabou, aquela mulher circular por aqui por causa de uma chantagem.
- Vai acabar com o nosso casamento.
- Paciência. Melhor isso que viver este inferno. O pai julgará.
- Diz filho, o que querias conversar?
- Não sou eu, é a mãe. Fala, mãe.
Alice contou tudo em pormenor e as vezes que se encontrou com o amante que ao fim e ao cabo foram três.
- Foi naquela altura em que nos zangámos. Estivemos quase um mês sem falar e aconteceu.
- Quem era ele?
- O José do centro.
- Sacana. E dizia-se meu amigo.
- Eu desabafei com ele e ele foi muito atencioso. Aconteceu.
- E porque é que se zangaram, pai?
- Porque o teu pai não quer sair daqui para lado nenhum. Na tua formatura foi a última vez que saímos. Nós temos posses, podemos passear e ele nunca quer ir. Vive naquela estufa.
Eu queria ir fazer umas férias ao Gerês e ele mandou-me ir sózinha. Fiquei irritada e discutimos. Eu não casei para andar sózinha.
Quando ele participava em pescarias eu sempre o acompanhei e pesca nunca foi coisa a que eu desse importância ou gostasse.- Aí também estou do lado da mãe, pai. Não precisam viver aqui fechados em casa. Tu gostas da estufa e sentes-te bem lá, mas cada um tem que ceder um pouco.
- Eu não sinto vontade de passear.
- Mas nem sempre tem que prevalecer a nossa vontade.
Eu vou sair. Acho que vocês precisam ficar sózinhos e resolver esses vossos problemas. Sem gritos e com conversa. Volto mais tarde.
Rodolffo saiu. Não se ia intrometer entre os dois e depois veria o que fazer. Já estava a ver-se a levar um deles para Vila Real.
Aproveitou e ligou para Juliette que logo atendeu, pois estava em casa.
- Oi minha linda!
- Como estás?
- Aqui no meio de um furacão.
- Estás em Viseu?
- Sim. Depois quando estiver no meu quarto ligo de novo e conto-te. Agora tive que vir tomar um café. Os meus pais precisavam estar a sós.
- Que aconteceu? Algo grave?
- Pode ser que sim, ou não.
- Está bem. Só trabalho amanhã. Liga quando quiseres. Tchau.
- Beijo, meu bem.
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A dúvida
FanfictionDuvida que possa esperar? Duvida que possa partir e recomeçar? Fica então "A dúvida"