XI

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- Meu filho, mas estás de férias.  Não vens a Viseu?

- Não,  mãe.  Vou viajar.

- Para onde?

- Vou passar as férias a Itália.

- Porquê?

- Porquê me apetece, mãe.  Pára de me questionares.  Tenho mais de trinta anos.  Adeus.  Eu vou ligando.

Rodolffo tinha o seu mês de férias anuais e resolveu ir visitar Juliette a Londres.

Talvez ela não o quisesse ver, mas mesmo assim resolveu arriscar.

Juliette sempre teve um lugar especial no seu coração e mesmo quando assumiu a Ana nunca a esqueceu.

O destino encarregou-se de os afastar, mas a verdade é que nenhum deles deu qualquer passo para isso não acontecer.  Rodolffo ficou com Ana e Juliette fugiu para Londres.

Rodolffo apanhou o avião às 8 horas da manhã no Porto e aterrou em Londres faltava pouco para as 11 horas, mesma hora de Portugal.

Instalou-se num hotel perto do Hospital onde a Juliette trabalhava.  Ouvira o nome na entrevista que ela deu.

Desfez a mala, foi almoçar e seguiu para o hospital.   Não tinha a certeza se ela estaria ali e nem se ela o queria ver.

Perguntou na recepção e logo a foram procurar.

- Quem me quer ver? - perguntou ela num inglês perfeito.

Levantei-me da cadeira na sala de espera e caminhei até ela.

- Eu, Ju.

Juliette ficou estupefacta a olhar para mim.

- Como vieste aqui parar?

Abracei-a e ela levou-me até fora.

- Estou de férias.  Vim só para te ver.

- Mentira!!

- É verdade.  Se não me tivesses bloqueado eu tinha falado contigo.

- Não quis problemas com a tua mulher.

- Qual mulher?  Desde quando tenho mulher?

- Já tiveste pelo menos.  Não posso falar muito agora.  Tenho doentes à minha espera.

- Desbloqueia o meu número.  Vamos conversar.

- Amanhã.   Hoje saio às 24 horas.  Amanhã eu ligo-te logo que possa.  Onde estás a dormir?

- Aqui num hotel perto.

Despediram-se com outro abraço e cada um tomou o seu rumo.  

Rodolffo regressou ao hotel e começou a planear os seus dias.  Sabia que não podia contar muito com ela devido ao trabalho.  Deveria passar a maior parte do dia sózinho,  mas o essencial era entender-se com ela.

Esperou o fim de tarde e noite. Ela ainda não o tinha desbloqueado.  Resolveu deitar-se  e bem depressa adormeceu.

Acordou cedo, tomou café e aguardou  a chamada dela que não veio.
Não veio nem de manhã nem de tarde.  À  noite decidiu sair e jantou num restaurante próximo do hotel.

Voltou e sentia-se triste e desiludido.   Preferia que ela o xingasse mas ela resolveu ignorá-lo e isso doía nele.

Adormeceu e perto das duas da manhã chegava uma mensagem.

"Desculpa, tive que dobrar o plantão. Cheguei agora a casa e estou exausta.  Amanhã almoço contigo.  Depois ligo"

Rodolffo sorriu e sossegou o coração.

A dúvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora