XVI

53 13 5
                                    

Rodolffo regressou a Vila Real depois de passar o resto das férias com os pais.

Depois de conversarem o relacionamento dos dois ficou um pouco tremido, mas decidiram continuar juntos.  Rodolffo só observava o comportamento dos dois.

Conversou com os dois antes de partir e pediu que o contactassem se algo acontecesse.

Ao despedir-se o pai perguntou:

- Podemos ir visitar-te um dia?

- Ficarei muito feliz, pai.  Avisa-me antes.

...

Juliette conversava quase todos os dias com Rodolffo.  Ambos passavam o  horário de trabalho ao outro para saber quando poderiam ligar.

Seis meses passaram desde o último encontro.

Rodolffo estava duplamente feliz.  Duas coisas boas tinham surgido na sua vida, mas infelizmente tinha que abdicar de uma.

Livre do trabalho este final de semana, rumou a Viseu e foi falar com os pais.

- Porque não avisaste?

- Queria fazer surpresa.  Como estão os dois?

- Estamos bem, filho.   Não te preocupes connosco.

- Claro que me preocupo.  Tenho duas coisas para vos contar.

- Boas ou más?

- As duas boas, mas só posso escolher uma.  Queria a vossa opinião.

- E vais ter, filho.  Diz lá.

- Vou ser promovido a director da clínica.

- Coisa boa,  filho.  Finalmente o trabalho reconhecido.

- Mas estou tentado a recusar.

- Porquê?

- Chamaram-me para trabalhar em Londres.  Quando estive lá deixei a minha candidatura e recebi agora a resposta.

- Londres, filho?  Tão longe.

- É mãe, mas é lá que está a mulher que eu amo.

- A menina de Coimbra?

- Sim.  Essa mesmo.  Já a perdi uma vez, não quero perder de novo.

- Desta vez não vou dizer nada.  Vou apoiar o que decidires.  Já te fiz muito mal.

- E tu pai.  O que achas?

- Confesso que gostava de te ver director, mas eu sei que não é isso que vais escolher.  Vai para onde estiver a felicidade, com a minha bênção.

- Assim obrigo-te a passear com a mãe para me ires ver.  São só duas horas e pouco do Porto até Londres.

- Temos resolvido esse assunto.  Arranjámos um grupo que faz excursões e temos ido a algumas.  Assim não preciso conduzir horas.

- Ainda não sei quando vou para Londres, mas logo que saiba eu aviso.  Amanhã à noite regresso e segunda falo com o actual director.

E foi assim que aconteceu.  Rodolffo reuniu-se com o actual director na segunda feira de manhã.

Depois apresentar os seus argumentos ao director, este falou:

- A questão salarial já não se põe, mas contra o coração ninguém manda.  Fazemos o seguinte:
Ainda vai demorar no mínimo 6 meses para eu me aposentar.  Você  vai e se quiser regressar após este tempo falamos nessa altura. Eu sei que vai mudar de ideias e regressar.

- Como sabe?

- Já fui jovem.  Também fui confrontado com algumas dessas escolhas, mas regressar à terra é o melhor que há.  E nem tudo é por dinheiro.

- Não no meu caso.  Se ela estivesse cá, essa opção não existia.

- Eu sei, meu jovem.  Quando tens que ir?

- Se puder desvincular-me no próximo mês eu agradecia.  Deram-me dois meses para me apresentar.

- Vamos resolver isso e voltamos a conversar depois.

- Obrigado.

A dúvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora