Sei.

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Damiano David

Três anos haviam se passado desde a última vez que estive em Roma. Minha vida havia mudado radicalmente com o sucesso meteórico da minha carreira, mas, apesar de tudo, sempre senti que faltava algo. Eu nunca consegui esquecer Lolla. Hoje, decidi fazer uma surpresa e voltar para onde tudo começou.

Minha primeira parada foi o apartamento de minha irmã, Donatella. Ela me disse que Lolla estava morando com ela, e algo dentro de mim me dizia que era hora de voltar e entender o que realmente havia acontecido entre nós. Cheguei ao prédio e toquei a campainha com o coração acelerado.

A porta se abriu e, por um momento, Lolla ficou ali, surpresa. Seus olhos brilharam ao me ver, e sem pensar, ela me abraçou forte. Ela parecia tão feliz quanto eu, mas de repente, seus olhos se arregalaram ao ouvir uma voz vinda de dentro do apartamento.

— Mamãe!

Lolla entrou em transe, seu rosto ficou pálido, e ela se afastou rapidamente de mim.

— Eu... eu preciso ir — murmurou, antes de sair correndo pelo corredor. Fiquei parado, atônito, sem entender o que estava acontecendo.

Foi então que uma menininha apareceu na sala, os olhos cheios de lágrimas. Ela olhou para mim e começou a chorar, claramente achando que sua mãe a havia abandonado.

— Ei, não chora — eu disse, agachando-me para ficar na altura dela. — Sua mamãe só foi buscar algo, ela já volta, tá bom? Ela disse algo sobre uma emergência com os presentes.

A menina fungou e olhou para mim com aqueles grandes olhos curiosos. Não aguentei e a abracei tentando confortar a pequena.

— Promete?

— Prometo — eu disse, sentindo um estranho aperto no peito. — Qual é o seu nome?

— Líris — ela respondeu baixinho.

— Líris, é um nome lindo — eu disse, tentando acalmá-la. — Sua mamãe teve uma emergência, mas ela já volta, eu garanto.

— Ela teve uma emergência com os presentes?— Líris perguntou, separando-se do meu abraço.

— Isso mesmo, com os presentes. O Papai Noel pediu a ajuda dela — improvisei, tentando soar convincente.

— O Papai Noel? Na casa da vovó é mais fácil para ele descer a lareira — Ela corrigiu com um sorriso.

— É verdade. Deve ser difícil descer todos esses andares — eu disse, rindo.

Donatella finalmente apareceu na sala, surpresa ao me ver.

— Damiano! Meu Deus, que surpresa boa!

— Oi, Dona. Senti sua falta — eu disse, ainda observando Líris, que agora estava mais calma.

— Senti sua falta também — Donatella respondeu, olhando para Líris com ternura. — Ah, Líris, não chora, querida. Mamãe já volta.

— Quem é ela, Dona? — perguntei, tentando soar casual.

Donatella hesitou, um leve rubor subindo em seu rosto.

— Ela... ela é a filha da Lolla.

— E o pai? Onde ele está? — Perguntei, tentando não soar intrusivo, mas a curiosidade me corroía.

— Bem, é complicado — Donatella respondeu, desviando o olhar. — Lolla prefere não falar sobre isso.

Eu franzi a testa, sentindo que algo estava sendo omitido.

Trastevere - Damiano David Onde histórias criam vida. Descubra agora