Quatorze.

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Damiano David

O dia amanheceu com uma luz suave entrando pelas cortinas do meu quarto, mas a tranquilidade do momento foi interrompida por batidas insistentes na porta. Levantei-me, ainda meio atordoado, tentando entender quem poderia ser tão cedo. As batidas continuavam, e eu sabia que não podia ignorá-las.

Abri a porta e me deparei com Martina, com uma expressão que misturava preocupação e raiva. Seus olhos, normalmente tão calorosos, estavam agora frios e focados em mim.

— Precisamos conversar, Damiano.

Ela entrou no apartamento antes mesmo de eu poder responder, claramente determinada a resolver qualquer que fosse o motivo da sua visita. Eu fechei a porta atrás dela e segui para a sala, onde ela já estava de pé, os braços cruzados e o rosto sério.

— Martina, o que está acontecendo? Por que você está aqui tão cedo?

— Eu quero saber de tudo, Damiano. Saber sobre Líris, sobre Lola, e sobre como você está lidando com isso.

Eu suspirei, sentindo o peso das últimas 24 horas sobre mim. Sabia que essa conversa seria inevitável, mas não estava preparado para isso agora.

— Martina, eu ia te contar. Só... não tive tempo ainda. Tudo aconteceu muito rápido.

— Não é sobre o tempo, Damiano. É sobre confiança. Você tem uma filha e decidiu esconder isso de mim? Como você acha que eu me sinto com isso?

— Não era minha intenção esconder nada de você. Eu mesmo só descobri recentemente. Eu estava tentando processar tudo antes de falar com você.

Ela balançou a cabeça, claramente frustrada.

— E agora você quer que eu aceite tudo isso de repente? Que eu aceite a ideia de que você vai se mudar para Roma, mesmo que temporariamente, e que nossa vida inteira vai mudar por causa disso?

— Martina, Líris é minha filha. Eu não posso simplesmente ignorar isso. Eu preciso estar presente na vida dela, e isso significa fazer alguns ajustes. Nós podemos lidar com isso juntos.

— Juntos? Você está mesmo pensando que eu vou largar tudo e ir para Roma com você? Que vou aceitar que de repente temos uma filha para criar?

O tom dela estava ficando cada vez mais alto, e eu podia sentir a tensão crescendo entre nós.

— Não estou pedindo que largue tudo, Martina. Estou pedindo que me entenda. Que entenda que eu preciso fazer isso pela minha filha. Eu pensei que poderíamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar.

— E o que acontece com nossa vida em Los Angeles? Com nossos planos? Você espera que eu fique esperando por você enquanto você resolve sua vida aqui?

— Não é isso, Martina. Eu só... preciso estar aqui agora. Por Líris.

Ela ficou em silêncio por um momento, claramente lutando contra as emoções.

— Eu não sei, Damiano. Não sei se posso fazer isso. Não sei se posso aceitar ser a segunda prioridade na sua vida.

Eu sabia que não havia palavras que pudessem consertar isso imediatamente. Sentia o peso da decisão e as consequências de tudo que estava acontecendo. Eu sabia que precisava encontrar uma maneira de consertar as coisas. Sentamo-nos no sofá, o silêncio preenchendo o espaço entre nós enquanto tentávamos processar tudo.

— Martina, eu sei que isso é difícil para você. É difícil para mim também. Mas eu não quero perder você. Podemos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar.

Trastevere - Damiano David Onde histórias criam vida. Descubra agora