Ventisette.

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Damiano David

Eu estava tentando aproveitar a noite. Martina insistira para sairmos para jantar, e eu não tinha a energia para discutir. Depois de tudo o que passamos, uma noite fora parecia uma boa ideia. Escolhemos um restaurante discreto, longe dos flashes e dos olhares curiosos, apenas um lugar onde poderíamos ter um momento de normalidade.

O restaurante estava movimentado, mas aconchegante. Martina estava linda, como sempre, mas meus pensamentos estavam longe. Enquanto ela falava sobre algum evento de moda que estava organizando, eu me pegava distraído, pensando em tudo o que tinha acontecido nos últimos meses.

— Damiano, você está me ouvindo? — a voz de Martina trouxe-me de volta.

— Desculpe, estava apenas pensando — respondi, forçando um sorriso.

Ela revirou os olhos, mas continuou falando. Era uma habilidade dela, essa capacidade de manter uma conversa fluindo mesmo quando eu não estava realmente presente.

Foi então que a vi. Lola. Sentada do outro lado do restaurante, em uma mesa perto da janela. Ela estava com um cara que eu não reconhecia. Meu coração apertou no peito ao vê-la, e eu não conseguia desviar o olhar.

— Quem é aquela? — perguntou Martina, percebendo minha distração e virando-se para ver.

— É... Lola — respondi, tentando manter a voz neutra.

Martina olhou para mim e depois para Lola, e então sorriu. Um sorriso que eu conhecia bem. Um sorriso cheio de falsidade e intenção.

— Vamos até lá dizer oi — ela disse, levantando-se antes que eu pudesse protestar.

Segui-a, sentindo uma mistura de nervosismo e antecipação. Lola nos viu se aproximando e, por um momento, pareceu congelar. O cara com quem ela estava, Rocco, parecia confuso com a nossa chegada.

— Lola, que surpresa te ver aqui — disse Martina, com aquele sorriso falso. — E quem é seu amigo?

— Rocco, este é Damiano, o pai da minha filha, e... Martina — respondeu Lola, com um esforço visível para manter a calma.

— Prazer em conhecê-los — disse Rocco, estendendo a mão.

Cumprimentei-o, tentando não deixar transparecer o turbilhão de emoções dentro de mim. Sentia um nó na garganta e uma vontade esmagadora de tirar Lola daquele lugar, longe de Martina e toda essa falsidade.

— Lola, podemos conversar um minuto? — perguntei, sem realmente dar a ela uma opção.

— Estou em um encontro, Damiano. Isso não pode esperar? — ela respondeu, firme.

— É rápido, prometo — insisti, com um olhar que esperava que ela entendesse.

— Vou só um segundo, Rocco. Desculpe por isso — ela disse, levantando-se.

Afastei-me com ela para um canto mais discreto do restaurante. Cada passo me parecia um esforço enorme.

— O que foi, Damiano? — ela perguntou, claramente abalada.

— Eu só queria pedir desculpas por essa situação. Não queria estragar sua noite — disse, sinceramente.

— Bem, você já fez isso. Agora, por favor, me deixe voltar ao meu encontro — respondeu, com dor na voz.

Suspirei, passando a mão pelo cabelo. — Desculpe, Lola. Eu só... — Eu hesitei, lutando com as palavras. — Espero que você esteja bem.

— Estou tentando ficar, Damiano. E você? — ela perguntou, surpresa.

Trastevere - Damiano David Onde histórias criam vida. Descubra agora