Capítulo 53: Alguém para amar e cuidar

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“Seria possível estar mais feliz?”

Me pergunto, enquanto acaricio os cabelos negros de Lena. Estamos exaustas da noite agitada com as crianças, meu sorriso ainda não deixou meu rosto, pois lembro de suas risadas e expressões descontraídas, enquanto brincávamos no lado de fora da casa, completamente envolvidos com a leveza do momento, conectados com cada gota de chuva que deixava as nuvens para colidirem com nossa pele arrepiada pelo frio.
Agora, nossas pequenas crianças estão dormindo agarradinhas no quarto de Alícia. Quentinhas e confortáveis.

Meus dedos deixam os fios negros, e lentamente se arrastam pela pele macia sob meus toques, e Lena se aconchega um pouco mais em meu colo, deitando a cabeça em meu ombro e repousando uma das mãos em meu seio. Sinto que ela está um pouco tensa, nosso silêncio, mesmo que seja confiável, me deixa preocupada com o que possa estar se passando nessa mente brilhante.
Pensei em perguntar se há algo de errado, mas ela se manifestou primeiro, movendo-se um pouco na cama, perguntando-me:

— Kara… você ama as crianças igualmente?

Achei muito estranha essa pergunta. Achei que minhas intenções e cuidados com nossos filhos estivessem completamente claras, mas relevo, pois sei que ela está com uma confusão de hormônios por causa da gravidez, e gentilmente respondo:

— Sim, meu amor. Eu os amo igualmente, e cuido deles da mesma forma, mesmo que pareçam mais adultos que eu.
— Brinco, e ambas compartilhamos uma suave risada.
— Por que a pergunta?

— Só queria tirar uma última dúvida antes de te falar uma coisa.

Ela responde, me deixando totalmente alerta e curiosa com suas palavras.

— Que coisa? — Meu cenho franzido denúncia minha curiosidade.

— Tive uma conversa libertadora com Kelly hoje. E eu quero contar a você o que vem me tirando o sono por todas as noites, no decorrer desses anos.

Ela se apoia na cama em um dos cotovelos, olhando diretamente em meus olhos, prosseguindo:

— Quero ser completamente transparente com você. Quero que tudo dê certo entre nós, por mim, por você, e principalmente por nossos filhos.

Ela diz, acariciando a barriga ainda imperceptível.

— Não tenha medo, querida. Eu quero fazer isso dar certo tanto quanto você!
Acariciei seu rosto, e ela o recostou levemente na palma da minha mão, fechando os olhos por alguns segundos para sentir meu toque.

— O que tenho para dizer, pode mudar sua perspectiva sobre uma das crianças, mas peço que guarde segredo, por favor. Você me promete, Kara?

— Eu prometo!!! — Respondo com convicção.

Lena olha no fundo dos meus olhos por alguns segundos, e com um suspiro, ela finalmente me tira desse mar de curiosidade.

— Eu não sei se Andrew é filho de Jack ou do meu pai.

Sua voz baixa e trêmula atingiu meus ouvidos, me causando um sentimento desconhecido com suas palavras.
Não sinto nojo ou raiva do garoto, mas sinto que posso amá-lo ainda mais depois disso. Ele não tem culpa da maldade das pessoas, e absolutamente nada vai mudar para mim.

— Essa dor me consumia todos os dias, Kara. Meu filho pode ser fruto de algo ruim, mas foi meu maior presente nos dias sombrios da minha vida.

Enxuguei as finas lágrimas de seu rosto, deixando que ela desabafasse sua dor.

— Ele nunca me machucou, eu o amei desde o início, desde quando descobri que estava grávida!

— E tem como não amar aquele garotinho, Lena?
— Falei com minha voz doce e amorosa, tentando segurar minhas próprias lágrimas que insistem em descer.

• A propósito, sou sua! - KarLenaOnde histórias criam vida. Descubra agora