Já Posso Falar Que Te Amo?

Tá fazendo oque?

Bom, o Douglas tomou um banho. Depois, foi minha vez. Ficamos jogando vídeo game até umas dez horas, que foi quando ele teve que ir para casa, porque amanhã tenho aula e treino de futebol.

De manhã acordo com o barulho do despertador tocando, desligo ele e fico admirando o silêncio. Dou graças a Deus por meu pai não ter vindo abrir as janelas hoje. Levanto, tomo um banho, me arrumo e desço para tomar café. Quando chego na mesa, ele está lá, sentado, mexendo no iPad e comendo.

— Bom dia, pai.

— Bom dia, filhão. Dormiu bem?

— Sim. E gostei mais ainda por não ter sido acordado de uma maneira tão bruta hoje.

Tomei meu café e assim que terminei, já estava na hora de sair. Então dei tchau para o meu pai e fui até a garagem pegar meu carro. O caminho até a escola foi bem tranquilo. Quando cheguei, estacionei e fui para dentro. Guardei o que não vou usar no meu armário e fui para a aula. Acho que o Daniel já deve ter chegado.

— Bom dia, Dani.

— Para de me chamar assim. Você sabe que não gosto.

— Ué? Mas não é exatamente por isso que eu continuo? — Falei rindo.

— Idiota. Espero que tenha descansado bem.

— Por quê?

— O campeonato está chegando. Você sabe como ele fica — o Daniel falou rindo.

— Ah, não acho que ele vá pegar tão pesado assim. Nosso time está muito bem.

— Espero que você esteja certo.

As aulas terminaram tão rápido que quase não notei. Já trocamos de roupa e agora estamos no campo. O time está reunido e estamos esperando o treinador porque ele falou que tem avisos. Tava conversando com o pessoal quando um dos jogadores fala:

— Ah não, lá vem ele, e ele está com aquela expressão no rosto.

Todos olharam para ele vindo um pouco longe da gente ainda e todo mundo sabia que cara era aquela. Ele sempre fica assim no começo dos campeonatos. Era a cara de "vocês estão fudidos porque vou pegar pesado pra caramba". Ele nem esperou chegar até onde estávamos e começou a falar enquanto ainda andava e falava bem sério:

— Bom, vocês já sabem que o campeonato está próximo, e não vou pegar leve com nenhum de vocês. Ganhamos esse campeonato duas vezes seguidas e não pretendo perder agora. — Ele parou na nossa frente e então continuou — então hoje vamos ficar até mais tarde, porque quero ter certeza de que não tem ninguém ficando para trás e que estão todos afiados. Para começar, alonguem-se e deem dez voltas no campo.

Ia começar meu alongamento quando o Daniel passou por mim com uma expressão de sarcasmo e vitória e falou:

— Eu te avisei, Theozinho.

Depois do alongamento, fizemos as dez voltas no campo e voltamos para o centro. O treinador nos dividiu em dois times para começar a jogar. Ele estava observando para ver se estamos todos jogando bem ou se tinha jogadores que precisam melhorar. Era divertido, porque jogávamos sério, mas tinha a zoação, já que todos do time eram de boa e todos se davam bem. Jogávamos um pouco e uns eram substituídos para descansar, aí entravam outros no lugar, assim todos podiam ser observados. Depois de muito tempo jogando, o treinador soprou o apito, dando fim ao treino.

— Bom, estão jogando bem. Espero que continuem assim, mas não é por isso que vamos relaxar. Temos que treinar duro e manter o foco. Liberados, vão tomar banho, que vocês já estão fedendo.

Todos começaram a rir, e seguimos para o vestiário. Cheguei lá e já fui pegando o celular para ver a hora e se tinha mensagem do meu pai. Quando vi que já eram 17 horas da tarde, me assustei. Ficamos bem mais do que o normal. Vi que tinha uma mensagem do Douglas:

💬
Vamo fazer alguma coisa hoje à noite?

Então respondi:

Eu tô meio cansado hoje. Pode ser outro dia? O treino foi bem pesado, tô acabado. Tô indo pra casa só agora.

Mandei a mensagem, peguei minhas coisas e decidi tomar banho só em casa. Me despedi do Daniel e vazei. Cheguei em casa, subi direto pro meu quarto. Acho que meu pai não tinha chegado, já que não o vi na sala. Tava muito cansado, então só coloquei a bolsa do lado da cama e tirei as chuteiras. Me joguei nela, apagando.

Acordo com alguém me chamando. Quando abro os olhos meio sonolento, vejo o Douglas na minha frente. Fico sem entender nada, até que começo a lembrar que cheguei e deitei aqui. Olho pra ele que está com uma cara meio confusa.

— O que você está fazendo aqui e por que está me olhando assim? — Pergunto pra ele.

— Eu tava te mandando mensagem, você não respondeu. Vim ver se tava vivo. Pelo visto, falta pouco pra morrer, porque já tá fedendo.

— Ah, cala boca. Eu cheguei agora pouco e só deitei aqui pra tirar um cochilo rápido.

— Cochilo rápido? Sabe que horas são?

— Umas 18:30?

— São oito da noite.

— Caramba — falo, fechando os olhos. — Mal aí não ter respondido.

— De boa. Agora levanta e vai tomar um banho, tá todo sujo aí, e, sério mesmo, você tá fedendo pra caralho.

— Ah, não exagera, nem tá isso tudo.

— Pelo visto, você tá acostumado a ficar sem banho pra achar esse cheiro normal.

— Espera, deixa só eu recuperar as forças.

Fecho os olhos pra criar coragem pra levantar, até que sinto o Douglas tirando minhas meias.

— Tá Fazendo o que? — Pergunto.

— Ajudando, você não falou que tá sem forças?

Não falo mais nada e ele tira minhas meias e pede pra mim levantar os braços. Eu faço, e ele puxa minha camisa pra cima devagar.

— Agora vem, levanta.

Dou a mão pra ele que me ajuda a levantar.

— Sua toalha tá no banheiro?

— Tá!

— Então vai logo.

— Parece até que sou uma criança — falo indo na direção do banheiro.

— Pse, parece mesmo. Chegou da escola todo sujo e nem tomou banho, é uma criança porquinha — falou rindo.

— Ah, não enche — falei entrando no banheiro.

Termino depois de uns 15 minutos, saio do banheiro e vou pegar um calção. Fico sem camisa mesmo. Quando volto pro quarto, tem uma bandeja com comida na cama.

— Acho que seu pai mandou pra você, já que não desceu pra comer.

— Ainda bem, porque tô morrendo de fome.

Sento na cama e começo a comer. Depois de um tempo, o Douglas levanta, falando que tá na hora de ir. Ele me dá um beijo no rosto e sai do quarto. Então, termino de comer e vou dormir porque ainda tô com sono.