Você vai me ver?

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Achei que, quando acordasse de manhã, iria ter alguma mensagem do Douglas, pelo menos me desejando um bom dia. Simplesmente não havia nada. Já são uma da tarde e estamos no campo, no treino da tarde. Como hoje à noite ia ter jogo, estamos só alongando e aquecendo.

Ficamos fazendo isso por trinta minutos, e o treinador liberou a gente. Saio do campo um pouco irritado. Quem aquele idiota pensa que é? Pra sumir do nada desse jeito, me deixando preocupado. Se não queria mais ficar comigo, era só ter dito, não sumir do nada como um imbecil.

Pego minhas coisas no vestiário e vou pro estacionamento. Abro a porta do carro, jogando minhas coisas no banco do carona. Antes de entrar no carro, vejo Daniel vindo na minha direção.

— Ei, cara! Tá tudo bem?

— Não — respondo, sendo um pouco ignorante.

— Uou, relaxa aí! Tô só perguntando.

— Desculpa, só tô um pouco estressado.

— O que aconteceu?

— Nada, não. Meu pai vai assistir o jogo hoje. Ele disse que vai direto do trabalho. Você pode me dar uma carona na hora de ir?

— Bele.

— Vlw, até mais tarde! — digo.

— Até!

Entro no carro e vou direto pra casa. Chego em casa e subo logo pro meu quarto. Coloco a bolsa em cima da cama e tiro as coisas de treino que não vou usar. Coloco as do jogo de hoje e um par de roupas limpas pra usar depois do jogo. Fecho-a e coloco no chão, ao lado da cama.

Tiro a roupa e vou tomar um banho. Depois de uns dez minutos, saio do banheiro, coloco só um calção fino desses de jogar bola e desço pra almoçar. Depois do almoço, subo pro quarto e me jogo na cama pra tentar dormir um pouco. Antes de dormir, resolvo mandar outra mensagem pra ele:

💬 Eu tenho jogo hoje, às seis horas. Você vai me ver?

Fico olhando pra tela do celular pra ver se ele responde. Quando tô quase pegando no sono, vejo ele digitando. Então abro os olho e espero.

💬 Vou!

Fico olhando a tela do celular pra ver se ele vai mandar mais alguma coisa, e nada. Então, só respondo com um ok. Apago o celular e pego no sono.

Acordo com o barulho do meu celular tocando. Quando abro os olhos, vejo que Daniel tá me ligando.

— Que? — pergunto.

— Você tava dormindo? — pergunta.

— Não...

— Mentiroso!

— Foi só um cochilo rápido — explico.

— Levanta essa bunda da cama! Já vai dar cinco horas. Te busco em 20 minutos. Anda logo!

— Tá! — respondo com uma voz rouca por ter acabado de acordar.

Levanto, tomo outro banho, escovo os dentes e ponho o uniforme do time, os meiões e a minha chinela da Adidas. Pego a bolsa e o celular, desço as escadas e espero o Daniel chegar.

Cinco minutos depois, escuto uma buzina. Saio de casa, fecho a porta e vou até o carro. Abro a porta, entro e vamos em direção da escola. Dessa vez, o jogo seria no campo de lá, e aberto ao público.

— Douglas te respondeu? — Daniel pergunta.

— Mandei mensagem perguntando se ele ia ver o jogo. Ele falou que vai.

— Tendi! E por que você ainda tá com essa cara?

— Ele não costuma sumir assim — explico.

— Quer conversar sobre?

— Melhor deixar quieto. Quero focar no jogo.

— Certo!

Chegamos na escola e já fomos direto pro vestiário. A galera do time já tava toda lá. Então, cumprimento eles e me sento em um dos bancos que tinha entre os armários. Daniel foi falar com a galera. Tiro as chuteiras da bolsa, colocando nós pes, depois guardo a chinela na mesma.

Escuto um som de notificação de mensagem chegando no celular, então pego ele com um pouco de pressa, mas fico um pouco triste quando vejo que não era o Douglas e sim meu pai. Não que eu não gostasse de receber mensagens do meu pai, né? Só que tava esperando o Douglas.

💬 Já cheguei.

                  💬 Tá bom. O Douglas tá com você? — pergunto.

💬 Sim, ele acabou de chegar também.

                     💬Ok... eu não vim de carro, então me espera pra ir pra casa, tá?

💬Certo. Bom jogo!

                                                          💬Vlw!

Quando ia guardar o celular, recebo outra mensagem. Quando ligo ele, era uma mensagem do Douglas.

💬 Boa sorte no jogo, baixinho. Te amo.

                       💬Obrigado! ❤️ Também te amo.

Apago o celular de novo e guardo na bolsa, abro um sorriso lembrando da mensagem dele. Logo deu seis horas e já estamos indo pro campo. Quando chego lá, vejo que as arquibancadas estão meio cheias. Procuro meu pai e o Douglas, logo vejo eles sentados nas arquibancadas de cima.

Estamos todos em posição, bola no centro, e escuto o apito do juiz dando início à partida. O jogo tinha começado. Eu estava dando o meu máximo. Antes do primeiro tempo acabar, consegui fazer um gol, e até agora estamos na frente. Não passou muito tempo, o time adversário também fez um gol, fazendo a gente empatar.

O segundo tempo começa, e eu mal encostei na bola, um dos jogadores do meu time marca outro gol, e a estratégia agora é impedir que o outro time faça algum gol, então ficamos só na defesa. Depois de um longo tempo, o juiz apita, nos dando a vitória. A torcida gritava, e o campo tinha virado uma loucura. Nós nos abraçamos, e depois do tempo da comemoração, fomos pro vestiário tomar banho.

A galera do time tava marcando de sair, porém eu não tava muito no clima. O Dani sabia, acho que por isso que, quando falei que não ia dar pra mim, ele nem insistiu. Tomo meu banho, coloco a roupa que eu trouxe – uma cueca, bermuda preta e um moletom rosa. Passo desodorante, perfume, calço meu chinelo, me despeço da galera e dou um abraço no Dani, vou até o estacionamento, que deve ser onde meu pai tá me esperando.

Chego no estacionamento e logo avisto meu pai em pé, conversando com o Douglas, que tava encostado no carro. Ajeito a alça da bolsa e vou andando até eles.

— Desculpa a demora, pai. Tava meio cheio, a galera tava animada — falo sorrindo.

— Tudo bem, parabéns! Você jogou muito bem.

— Vlw, pai! — digo.

Passo pelo Douglas sem nem olhar pra ele. Ainda estou chateado com o sumisso dele. Dou a volta no carro, abro a porta de trás, coloco a bolsa, fecho-a e abro a da frente. Quando eu vou entrar no carro, escuto a voz dele me chamando:

— Theo...

Já Posso Falar Que Te Amo?Onde histórias criam vida. Descubra agora