Já Posso Falar Que Te Amo?

Você ficou chateado? É isso?

Passo no drive-thru do McDonald's para comprar algo para mim e para o Douglas. Aposto que ele não jantou ainda. Saio de lá e vou direto para a academia dele. Não avisei que vinha, quero fazer uma surpresa. Paro o carro em uma vaga quase na frente do lugar, pego os lanches e desço do carro, indo em direção à entrada da academia.

Entro, pergunto pelo Douglas a uma mulher na recepção, que logo aponta para onde ele está. Me viro com um sorriso no rosto para vê-lo, mas o sorriso morre na hora. Vejo ele com uma mulher que devia ter uns 21 anos. Ela tocava, os braços e ombros dele, falando de forma animada. E ele sorrindo pra ela.

Fico olhando os dois por um tempo. Não que eu deva sentir ciúmes, ele não é meu namorado nem nada, mas acho que deixei claro que gostava dele, e achei que ele sentia o mesmo. Seguro um pouco mais forte a sacola com os lanches e decido ir para casa, mas antes passo na pequena recepção e deixo os lanches lá.

- Moça, você poderia entregar para o Douglas?

- Claro, só me fala seu nome.

Fico meio receoso de dizer, mas acabo falando.

- É Theo, até mais.

Entro no carro e vou para casa. No caminho, começa a chover um pouco, mas nada que atrapalhe. Paro o carro em frente de casa, desligo e me encosto no banco, respirando fundo. Pego meu celular e mando uma mensagem para o Daniel.

💬 Fui na academia do Douglas agora à noite e ele estava conversando com uma mulher lá. Ela tava tocando nele cheia de intimidade, e ele tava todo sorridente pra ela.

💬 O quê? Ele não parece ser do tipo que faz isso. Você falou com ele?

💬 Não, né. Só deixei uns lanches que comprei para ele com a moça da recepção e voltei para casa.

💬 Você devia ter falado com ele. Pode não ser o que você pensa.

💬 Bom, agora é tarde. Já estou em casa e não quero pensar mais nisso. Quer vir jogar videogame? Meu pai falou que está com saudades de você.

💬 Hoje não dá, estou ajudando minha mãe com umas coisas que ela pediu aqui. Desculpa, mas posso ir aí no domingo ou algum outro dia depois da escola.

💬 Certo, sem problemas.

💬 E manda uma mensagem para ele para saber o que aconteceu. Eu achei ele um cara legal, e eu não costumo me enganar sobre as pessoas.

💬 Vou pensar. Tchau.

💬 👋

Saio do carro. Não estava mais chovendo, mas o tempo estava fechado, acho que vai chover mais tarde. Tranco ele e entro em casa, vendo meu pai na sala.

- Ué, já voltou?

- É, ele tava meio ocupado lá e não quis atrapalhar. Só dei um oi e voltei.

- Tá bom, então.

- Quer jogar videogame?

- Você sabe que não sei jogar isso.

- É, eu sei - falei rindo.

- Mas eu posso ficar aqui terminando umas coisas do trabalho enquanto você joga. Assim fazemos companhia um para o outro.

- Tudo bem.

Sentei no sofá, peguei o controle e liguei o videogame. Era um jogo novo que tinha várias fases bem legais, então fiquei bastante distraído. Quando já eram umas nove horas da noite, meu pai fechou o computador e disse que já ia deitar porque estava cansado. Dei boa noite a ele, que subiu as escadas para o quarto.

Ia continuar jogando, mas escuto chegar uma notificação de mensagem no meu celular. Quando vejo, era do Douglas.

💬 A Camila me deu uma sacola com uns lanches e falou que tinha sido um Theo que entregou. Foi você, né?

💬 Sim.

💬 Ué, que horas você veio aqui?

💬 19h.

💬 Por que não foi falar comigo?

💬 Você estava ocupado demais conversando com uma mulher, não quis atrapalhar.

💬 Era uma aluna que estava pedindo umas dicas.

💬 ok.

💬 Você ficou chateado? É isso?

Não respondi mais. Deixei o celular de lado e voltei para o videogame. Começou a chover lá fora, o que deixou o clima bem aconchegante. Continuei jogando até umas 23h, quando decidi desligar o vídeo game e subir para o quarto.

Troquei de roupa, colocando uma calça, e decidi ficar sem camisa. Quando fui deitar na cama, escutei o barulho de uma nova mensagem chegando no celular. Dessa vez, decidi ver.

💬 TÔ AQUI EMBAIXO, ABRE A PORTA.

💬 Douglas, vai pra casa. Tá tarde.

💬 Só vou quando falar com você. Se você não abrir, vou começar a bater até derrubar.

💬 Tô descendo.

Desci as escadas e fui em direção à porta. Destranquei e, quando abri, vi ele parado, todo molhado, com a camisa colada no corpo por conta da chuva. Ele era bem maior que eu, e essa cena me deu um pouco de medo porque ele estava me encarando com um olhar sério.

Abri espaço para ele entrar, e ele entrou. Fechei a porta e olhei para cima para encará-lo.

- Douglas... não devia ter vindo. Tá tarde e chovendo muito. Você está todo ensopado.

- Eu vim para te explicar o que aconteceu lá.

- Você não me deve explicações - falei, desviando o olhar.

- Eu quero explicar. Não quero que fique chateado com nada.

- Não tô chateado.

- Não tá? E por que não respondeu as últimas 10 mensagens que mandei?

- Tava jogando videogame.

- Ela estava conversando comigo para tirar dúvidas sobre o treino.

- Ela tava se esfregando em você - falei, olhando sério para ele.

- Eu pedi para ela parar porque não estava interessado, mas pelo visto você saiu antes disso, né.

Não falei nada, só continuei olhando para ele.

- Ninguém mais nesse mundo me interessa. Só você. Eu sou todo seu, eu juro.

- Eu acredito em você, só que quando eu te vi, achei que estava interessado nela.

- A única pessoa que eu tenho interesse é você. Só você. E quando for na minha academia me ver, não importa quem estiver falando comigo, vá até onde eu estiver. Você promete?

- Prometo.

Ele veio até mim e me beijou. Soltei um leve gemido quando as mãos frias dele tocaram minha cintura nua. Ele me encostou na porta e aprofundou mais o beijo, me fazendo perder o fôlego. Quando parou, eu ainda estava de olhos fechados, então senti ele ficar me dando selinhos até eu abrir os olhos.

- Vamos pro seu quarto?

- Uh-hum.