Terapia de compras?

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— Quando você me chamou pra sair, eu não estava imaginando uma terapia de compras.

— Não é uma terapia de compras, idiota. Tenho que comprar um terno para o jantar de negócios que meu pai quer que eu vá, e eu não tenho um.

— Óbvio que não tem, só tem moletom naquele seu closet.

— Eu não tenho só moletom.

— Sério? Você está usando um nesse exato momento e tem coragem de me falar isso?

— Ah, cala a boca e ajuda a achar um legal.

Vim com o Dani a uma loja no shopping procurar um terno legal para sábado, mas não estou achando nada que eu goste. tô começando a pensar que moletom não é uma ideia tão ruim assim. Dou uma olhada na loja, quase desistindo. Estou passando os olhos pelos ternos que estão um pouco mais afastados, quando escuto o Daniel me chamar.

— Olha esse daqui, vai combinar bastante com você. Vai ficar lindão.

Chego perto do local onde ele estava e vejo o terno de que ele estava falando. Ele é simplesmente muito lindo. A cor é vinho e preto, e eu não sei como não tinha notado ele ali.

— Caramba, é realmente muito bonito.

— O Douglas vai com você?

— Vai sim.

— Quando ele te ver usando isso, vai ficar maluquinho.

— Idiota. Falei rindo.

Logo, um vendedor se aproxima de nós.

— Olá, boa tarde. Posso ajudar?

— Oi, boa tarde. Meu amigo aqui gostaria de experimentar esse.

— Certo, senhor. Ele é um terno italiano de alto padrão, vai combinar muito com o senhor.

Ele me entrega o terno e os sapatos e nos guia para os provadores. Agradeço e entro em uma cabine para experimentar. O Dani ficou em uns bancos do lado de fora, esperando para avaliar. Assim que visto o terno, abro a porta e saio. Quando ele tira a atenção do celular, abre a boca e não fala absolutamente nada. A reação dele me deixou assustado.

— Fala alguma coisa, cara. Não ficou bom?

— Não ficou bom? Você tá gato pra porra, Theo! Se olha no espelho.

Me olho no espelho enorme que tinha do lado de fora e fico simplesmente fascinado comigo mesmo. Eu estou realmente muito bonito, e o terno ficou certinho em mim, como se tivesse sido feito unicamente para mim.

— Tô falando pra você, quando o Douglas te vir, ele não vai querer sair do seu lado com medo de alguém dar em cima.

— Não exagera, vai. Mas ficou muito bom mesmo, caramba.

Fico mais um tempo me olhando, depois retiro o terno, me visto de novo e saio do provador. No caminho do caixa, encontro o funcionário que nos atendeu, entrego o terno e os sapatos a ele e falo que vou levar.

Agora estamos caminhando pelo shopping a caminho da praça de alimentação, já que estamos com fome.

— Seu aniversário tá chegando. O que vai ser esse ano?

— Pensando em fazer alguma coisa pequena, nada grande.

— Entendi.

— Não pensei sobre ainda. Quando decidir, te falo.

— Beleza.

Vou passando em frente a uma joalheria e uma corrente me chama atenção.

— Você acha que essa combina com o terno que compramos?

— Sim, vai ficar lindão.

— Então vamos entrar e comprar — falei, sorrindo.

— Você disse que não era terapia de compras...

Ele falou num tom de contradição, mas fingi não ouvir e entrei na loja para comprar o novo amor da minha vida. Me aproximo da vendedora que estava na loja e pergunto sobre a corrente na vitrine.

— Olá, boa tarde. Gostaria de saber o valor daquela correntinha da vitrine. Achei ela muito linda.

— Boa tarde, senhor. Vou dar uma olhada.

Ela foi para uma sala, provavelmente onde ficava o valor de todas as peças. Fiquei encostado no balcão, esperando ela voltar, e o Daniel estava andando pela loja, olhando as joias. Depois de cinco minutos, a moça voltou, trazendo a corrente dentro de uma caixa preta quadrada. Vendo de perto, era ainda mais bonita. Assim que a vendedora voltou, o Daniel veio para o meu lado também.

— Bom, o valor dela é de R$ 5.000, senhor. São pedras de diamantes e ouro branco.

— Ah, bom, vou levar.

— O senhor tem um ótimo gosto.

— Obrigado.

— E uma ótima conta bancária — Daniel falou brincando.

Eu efetuei o pagamento, peguei a sacola e saí.

— Agora podemos ir comer? — Daniel perguntou.

— Tá, chato.

Fomos a um restaurante que tinha na praça de alimentação do shopping e pedimos nossa comida. Colocamos a conversa em dia, já fazia tempo que não fazíamos isso. Depois de quase uma hora comendo e conversando, pagamos a conta e saímos do restaurante, indo para o estacionamento. Entramos no carro e saímos.

Deixei o Dani em casa e, depois, fui para a minha. Quando cheguei, já eram umas 17 horas da tarde. Meu pai estava no escritório dele, então subi para o quarto, coloquei as compras no closet e desci para ir até onde ele estava. Bati na porta e logo escutei um "entra". Então abri a porta.

— Oi, pai. Cheguei. Tô atrapalhando?

— Oi, filho. Não, só estou organizando uns papéis aqui. Conseguiu um terno?

— Sim, consegui. Fui com o Dani ao shopping, nada de moletom no evento importante. Ah, e falando nisso, ele te mandou um abraço.

— Ainda bem. Tava com medo de você aparecer lá de pijama. E o Daniel nunca mais veio aqui. Fala pra ele vir antes que eu vá buscar ele.

— Vou falar — disse, rindo.

Meu pai adora o Dani. Eles ficam implicando direto um com o outro. Quando estão no mesmo lugar, parecem duas crianças.

— Pai, vou só tomar um banho e vou para a academia do Douglas, tá bom?

— Certo. Só não chega muito tarde.

— Sim, senhor — falei, batendo continência, e ele começou a rir.

Fui para o meu quarto tomar um banho e me arrumar. Depois do banho, coloquei um calção preto, uma camisa branca e um chinelo da Adidas. Escovei os dentes, passei perfume, peguei a chave do carro e desci as escadas. Passei no escritório do seu Alberto e avisei que estava saindo.

Já Posso Falar Que Te Amo?Onde histórias criam vida. Descubra agora